16 - ECOS DO PASSADO

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Pov'Murilo

O sol rabiscava a janela, pincelando em meu rosto com seus raios dourados. Abro meus olhos lentamente, sentindo uma sensação de paz e bem-estar que me invadiu por completo. Lembrei da noite anterior, da intensidade dos sentimentos e da paixão que uniam a Magnolia. Um sorriso involuntário se espalhou por meus lábios.
Com cuidado para não acordá-la, eu me estiquei e passei a mão pelo travesseiro ao lado. Mas para a minha surpresa, estava vazio. A cama estava fria, e o perfume adocicado de Magnolia havia se dissipado no ar.
Um frio na barriga me atingiu. Onde ela estava?
Me levantei  rapidamente e a procurei por todos os cômodos da casa, chamando seu nome em voz baixa. Nada.
A casa estava silenciosa demais.

A preocupação começou a tomar conta de mim.

Será que ela havia saído cedo? Talvez tivesse ido dar uma caminhada no jardim. Mas algo dentro de mim dizia que estava errado. Eu me visto rapidamente e saio em procura por ela.
No jardim, as flores estavam mais vibrantes do que nunca, mas a presença de Magnolia parecia faltar. Eu a chamei mais uma vez, mas o único som que ouviu foi o canto dos pássaros.
Começou a percorrer as ruas da cidade, procurando por qualquer sinal dela. Perguntou aos vizinhos, aos meus amigos, mas ninguém a havia visto. A cada minuto que passava, a minha angústia aumentava.

Voltando para casa, sento na varanda e tento acalmar meus pensamentos.
Revivi cada momento da noite anterior, tentando encontrar alguma pista que pudesse explicar o desaparecimento de Magnólia.

E pelas mensagens que eu recebia em meu celular a notícia já tinha se espalhado.
"Murilo é abandonado por noiva".
Eu ainda estava tentando entender o porquê dela ter desaparecido, ela tava tão animada, a gente estava bem. Era o que eu achava.

Pov' Electra

A noite fria cobria a cidade enquanto eu me apressava para ir até o carro. O meu coração batia forte em meu peito, uma mistura de culpa e alívio me consumia. Tinha acabado de tomar a decisão mais difícil da minha vida: deixar Murilo.

A imagem de seu rosto adormecido me perseguia, mas a lembrança daquela noite intensa me impulsionava para frente. A paixão que eu sentia por ele era inegável, mas o medo de magoá-lo era ainda maior. Não queria construir uma vida baseada em mentiras, por mais doloroso que fosse.

Eu não posso fazer isso com ele, sussurro para mim mesma, enquanto colocava o cinto de segurança. Ele merece alguém que o ame de verdade.

A viagem de volta ao Rio de Janeiro foi longa e solitária. Eu me perdi em meus pensamentos, revivendo cada momento que passei ao lado de Murilo.
As lembranças a faziam sorrir e chorar ao mesmo tempo.
Eu fiz a coisa certa, repeti para mim mesma, tentando me convencer disso.
Mas a dúvida me corroía por dentro.

E se ele estivesse procurando por mim? E se estivesse sofrendo?

Ao chegar ao apartamento no Rio, eu sentia um imenso vazio. A casa, que antes era aconchegante, agora parecia fria e vazia. Deito na cama e abracei o travesseiro, tentando encontrar algum conforto.
Eu preciso ser forte, pensei.Eu vou superar isso.

Nos dias que se seguiram, eu tentava seguir em frente com minha vida. Voltei ao trabalho de secretaria e passei o tempo com os colegas no trabalho, mas a imagem de Murilo continuava presente em meus pensamentos.
A saudade era uma dor constante, que me acompanhava em todos os momentos.

Uma noite, enquanto olhava para as estrelas, senti um enjôo enorme, mais uma vez, eu não poderia estar grávida, só fizemos uma única vez. Não penso duas vezes em uma farmácia mais perto e comprar um teste.
Eu estava totalmente nervosa com isso, e ao voltar pra casa minhas mãos tremiam segurando aquele teste. Resolvo fazer e esperar.
E para minha surpresa o positivo apareceu.
Não é possível”- falei lendo o teste novamente. - Como eu vou ser mãe com 19 anos?- pergunto olhando para mim  mesma no espelho assustada.

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15 anos depois ...

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