Red looks good on you

16. 赤

Heeseung chegou em casa sendo acompanhado por Jay que ainda estava atônito com a situação. Seu casaco sujo estava em seus braços, seu corpo estava lento e sua expressão sem vida. Ele subiu para o seu quarto e sentou na cama, olhando pela janela, tentando mais uma vez se controlar, mesmo que as memórias tentassem consumir sua mente.

Jay entendeu que aquela não era a hora de ele estar ali e saiu do quarto, deixando o amigo sozinho. Avisou aos funcionários para que não incomodassem Heeseung e ficou em um cômodo próximo, esperando que o outro fosse o procurar quando estivesse pronto, pois ele não deixaria Heeseung realmente sozinho em uma situação como essa.

Jay se prontificou em dar procedência ao enterro de Jake, assim que soube do ocorrido, e se comprometeu a garantir que ele tivesse um velório digno. Ele sabia muito bem a importância que Jake teve para Heeseung. Ele sabia, mas não entendia a dor. Ele compreendia o sentimento, mas nunca havia experimentado tal angústia.

O dia passou rapidamente e logo já era noite. O quarto de Heeseung estava silencioso e Jay decidiu ir verificar como o amigo estava. O Lee estava sentado no chão, ao lado de sua cama, segurando uma pelúcia de hamster que Jake havia lhe dado. Ele não estava mais chorando, mas seu olhar permanecia desfocado.

Jay se achegou e sentou ao lado do amigo. No começo, ele não disse nada, mas depois arriscou algumas palavras.

ㅡ Quer conversar?

Silêncio. Heeseung estava inerte, como um boneco. Sem vida.

Era como se ele não estivesse ali, como se sua essência tivesse ido embora junto com Jake.

Jay hesitou, mas tentou novamente.

ㅡ Você vai ao enterro dele?

ㅡ Não.

A resposta veio muito mais rápido do que Jay achou que viria. Isso o chocou quando Heeseung continuou.

ㅡ Eu me recuso a ir. Me recuso a ver ele dentro de um caixão, pálido e rígido. Minha última lembrança dele já está comigo e vai morrer comigo.

Jay não entendia, mas respeitou.

ㅡ Você pretende visitar a lápide?

ㅡ Algum dia, quando eu estiver pronto. ㅡ Heeseung disse em um tom monótono.

O cômodo estava escuro e apenas a luz da lua que entrava pela janela iluminava aquele lugar. Jay encostou a cabeça na parede atrás de si e suspirou pesado. Aquela situação toda era muito difícil e ele não sabia bem o que fazer para tentar animar o amigo, mesmo que minimamente.

ㅡ Sabe... ㅡ Jay coçou o pescoço e limpou a garganta, incerto sobre o que dizer. ㅡ Era bem perceptível como Jake gostava de você-

ㅡ Não.

Jay congelou. Suas mãos começaram a suar e ele então encarou o amigo.

ㅡ Só... não. Por favor.

ㅡ Desculpa. ㅡ Foi a última palavra que o Park sussurrou antes de olhar para a frente, sem ter mais nada a dizer.

O silêncio voltou a tomar conta do ambiente. Eles ficaram ali, lado a lado, sem dizer mais nada, apenas compartilhando a companhia um do outro. Heeseung sabia que Jay só queria ajudar, que suas intenções eram puras, mas naquele momento ouvir sobre o carinho de Jake era doloroso demais para suportar.

Eventualmente, o esgotamento emocional tomou conta de Heeseung. Ele se inclinou, encostando a cabeça no ombro de Jay. A exaustão física e mental o venceram. Foi um sono inquieto, pesado, como se ele estivesse tentando fugir da tristeza que o devorava, mas, por um breve momento, Heeseung encontrou um pouco de paz, ainda que fugaz. Jay permaneceu ali, imóvel, garantindo que, pelo menos naquela noite, Heeseung não estivesse completamente sozinho.