Epílogo

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Um ano se passou.

Heeseung enfrentou dias sombrios desde a partida de Jake, mas sempre tentou, a todo custo, manter viva a memória do amado dentro dele.

E durante esse tempo, muitas coisas mudaram.

A notícia da prisão do assassino de Jake — seu ex-namorado — se espalhou rapidamente, chocando todos ao redor de Heeseung. O homem foi sentenciado à prisão perpétua, mas para Heeseung, a justiça legal nunca parecia suficiente para a dor que sentia. A raiva se enroscava dentro dele, uma força quase insuportável que o impulsionava a buscar vingança. Mas ele lembrou da promessa que havia feito a Jake, uma promessa de viver por ele, de encontrar uma nova direção sem se render às trevas. Heeseung sabia que não podia trair aquele último pedido, mesmo que o desejo de fazer justiça pelas próprias mãos queimasse em seu peito.

Ele deixou a mansão e todos os luxos que representavam uma vida que já não fazia sentido. Com uma pequena mala e o desejo de recomeçar, mudou-se para um simples apartamento ao sul de Seul. Sua mãe havia tentado, de todas as formas, convencê-lo a voltar, mas Heeseung foi firme. Ele precisava dessa liberdade, precisava cumprir o que prometera. A dor que antes o consumia com intensidade agora se transformava em propósito.

Inspirado pelo altruísmo e pela luta de Jake, fundou uma ONG para ajudar aqueles em situações de vulnerabilidade, um projeto que ganharia não apenas popularidade, mas também o respeito de toda uma comunidade. Em pouco tempo, a iniciativa ganhou a atenção das mídias sociais e atraiu a colaboração de grandes empresários, trazendo patrocínios e fundos. Aos poucos, Heeseung começava a salvar vidas e a dar esperanças às pessoas que já haviam perdido as suas próprias.

Aquela nova missão se tornara uma cura silenciosa para seu luto. Em cada rosto que ajudava, ele via um reflexo de Jake, uma lembrança dos motivos pelos quais decidiu lutar. Ele sabia, sem dúvidas, que Jake estaria orgulhoso. 

Jake sempre se orgulhou dele.

Heeseung sentia o peso das noites solitárias como um manto sobre seus ombros. Mesmo cercado por novos amigos, novos rostos, ele ainda se sentia deslocado, como se parte dele tivesse ficado presa no passado. Em algumas noites, a imagem de Jake voltava com clareza, como um fantasma delicado e quase intocável, que pairava ali, entre as sombras. A saudade o invadia como uma dor quase física, e ele se permitia lembrar de cada detalhe: o sorriso calmo de Jake, o brilho nos olhos dele quando falava de algo que amava, o toque das mãos, que sempre foram seu porto seguro.

Às vezes, Heeseung fechava os olhos e, por um breve momento, imaginava que poderia sentir o calor de Jake ao seu lado, como se, em algum lugar no universo, eles ainda estivessem juntos. Ele sabia que era apenas uma ilusão, mas o conforto desses instantes lhe dava forças para seguir adiante. Jake era parte de tudo o que ele fazia agora; o trabalho na ONG, os rostos desconhecidos que cruzavam seu caminho e que agora contavam com ele. Era como se cada vida que tocava, cada sorriso que arrancava, fosse um pequeno presente em memória de Jake.

Os momentos de maior dor vinham inesperadamente. Bastava uma lembrança, uma foto que surgia nos álbuns esquecidos, um cheiro familiar na rua, para que tudo voltasse com força. Ele segurava essas lembranças com carinho, como uma âncora para os dias em que o mundo parecia vazio. Ele compreendia que Jake havia se tornado um farol, guiando-o mesmo na ausência, uma presença que nunca desapareceria completamente. E mesmo sem Jake ali, ele ainda se sentia amado pelo outro.

Em dias de sol, Heeseung costumava ir ao parque onde ele viveu seus últimos momentos felizes com Jake. Ir à aquele lugar já não lhe trazia mais dor, mas sim um sentimento de saudade. Ele podia sentir Jake naquele lugar, como se o sol que aquecia sua pele foi o próprio Jaeyun o abraçando.

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