Capítulo 3 ☠

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Sinto mãos grandes tocando meus ombros suavemente, enquanto meus olhos lutam para abrir, á medida que mexo meu corpo, sentindo meu pescoço doer.

- Filho? - a voz do meu pai soa baixa e distante aos meus ouvidos. - Porquê que dormiste novamente na mesa de estudos, com a cabeça enfiada num livro? - o mesmo massagea meu pescoço, assim que me ouve gemer de dor.

- Acabou acontecendo pai. Deixa-me dormir mais um pouco. - levanto a cabeça da mesa, abrindo os olhos aos poucos, com a luz do quarto sendo meu pior inimigo.

Atiro meu corpo contra a cama macia e aconchegante, querendo dormir durante o dia todo. Minha cabeça está doendo, tal como o resto do meu corpo!

Ontem ficamos a jogar até às 22h e depois fiquei lendo, enquanto meus pais foram levar os meus amigos pra casa.

Minha mãe decidiu ir com o meu pai, porque não gosta quando o marido conduz sozinho durante a noite. Os dois parecem casais inseparáveis.

- Mas já são 8:30h, está na hora do nosso treino, filho. - meu pai puxa-me pelos pés, arrastando-me para fora da cama.

- Pai não, hoje é sábado. Podemos adiar o treino para amanhã? - resmungo alto, agarrando os lençóis para me manter na cama. - Estou com muita dor de cabeça. - faço cara feia, olhando sonolento no homem com uma roupa de treino em seu corpo, com seu cabelo amarrado, parecendo o Johnny Depp.

- Trouxe um comprimido para ti, já imaginei que estarias com dor de cabeça, tendo esse galo em sua testa. - o mesmo puxa meu corpo, colocando-me sentado sobre a cama, sem muita dificuldade.

Desisto de tentar dormir meu sono de beleza, pego o copo de água e no comprimido das mãos do meu pai, que sorri vitorioso. Tomo o comprimido á sua frente, tendo apenas as luzes led azuis iluminando o meu quarto.

- Pronto pai, agora já posso voltar a dormir? - faço cara de coitado, sentindo meu corpo que nem gelatina. - Prometo que iremos treinar, quando acordar. - os olhos castanhos do meu pai me contemplam por alguns segundos.

- Não se preocupe filho, podemos treinar amanhã! Só vim cá trazer os comprimidos, que sua mãe deu para curar sua ressaca da testa inchada. - o mesmo sorri brincalhão, acariciando meus cabelos.

- Era necessário tanto drama? - resmungo baixo, ajeitando meu corpo na cama. - Cadê a mamã? - pergunto ao deitar meu corpo sobre as cobertas quentes, em uma manhã fria de inverno.

- Gosto de criar suspense! - o mesmo sorri orgulhoso, verificando que estou aconchegado. - Sua mãe foi no mercado, comprar algumas coisas antes do pequeno almoço! Agora descansa filho. - o mesmo beija minha testa.

- Pai, eu não sou mais um bebê, para fazeres isso. - reclamo ao bocejar, sentindo o sono me dominar.

- Tu sempre serás o nosso tesouro filho. Também não tens com que te envergonhar, ninguém está vendo. - o mesmo caminha contente até a porta, saindo a seguir.

Eu acho que preciso de um irmão, para ser o centro das atenções dos meus pais. Ser o único filho tem vantagens por excesso, não me deixando crescer na minha própria bolha.

Desligo as luzes led do quarto, deixando o sono me dominar, enquanto sinto minha dor de cabeça diminuir aos poucos e o meu corpo relaxar.

Preciso parar de dormir na mesa de estudos e babar por cima dos livros.

***

Desperto depois de algumas horas de sono... pego meu telemóvel da mesa de cabeceira, vendo que já são 10h. Levanto da cama sentindo-me bem. Abro os cortinados do quarto, deixando a luz do lindo dia entrar e iluminar o interior do quarto.

Josh White: Por Trás dos Olhos Sombrios.Onde histórias criam vida. Descubra agora