Capítulo Único.

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Aemond passa a página de seu livro e permite que seu olhar se desvie até seu marido, Lucerys Velaryon, que está sentado mais a sua frente distraído com a contabilidade do castelo.

Meses antes quando se casaram, Aemond não pensou que compartilhar um momento de paz com Lucerys seria possível, mas como os dois mantinham o costume da infância de passar a manhã na biblioteca, os dois apenas continuaram esse costume, mas agora juntos. Como já aconteceu antes quando ainda eram crianças.

A parede que separa Lucerys e Aemond foi construída após o evento em Driftmark, onde após domar a dragão Vhagar, Aemond entrou em uma discussão com Jacaerys, Rhaena, Baela e Lucerys, e Lucerys acabou ferindo Aemond no olho, um dano irreparável. As famílias foram separados e se encontravam em raras ocasiões.

Antes disso, o que era raro era ver Aemond e Lucerys longe um do outro. Quando aprendeu a andar, Lucerys passou a seguir Aemond de um lado para o outro, manhãs e tardes eram passadas juntos, e até mesmo noites quando fugiam para a cama um do outro. Aemond, que sempre foi mais comedido, ainda mostrava um carinho maior por Lucerys já que era visto ajudando o garoto mais novo a roubar bolos de limão para comerem na biblioteca enquanto Aemond lia para Lucerys. Partiu o coração de todos quando Aemond passou a rejeitar bolo de limão após Driftmark.

Os príncipes foram obrigados a se reaproximar quando após seu aniversário de 18 anos, Lucerys se apresentou como um alfa e eles foram ordenados a se casar pelo rei Viserys, que havia decidido que isso foi decisão dos deuses para fechar a rachadura que já crescia a muito tempo em sua casa.

Quando o anuncio foi feito, a rainha Alicent e a princesa Rhaenyra tentaram fazer o rei mudar de ideia, mas o rei as dispensou. Lucerys e Aemond não expressaram nada nem durante o anuncio, nem durante a festa de noivado e nem durante o casamento. Quando foi anunciado a cerimônia de cama e os príncipes levados para seus aposentos, só quando estavam sozinhos foi que Lucerys disse que não consumaria o casamento, ele não se forçaria em Aemond e sabia que Aemond não o queria. Aemond mal pode dizer algo antes que Lucerys estivesse saindo pela porta e indo para outro quarto.

Desde então seu casamento tem sido apenas uma formalidade, o único momento em que os dois estavam juntos eram nas refeições e neste momento, na biblioteca.

Aemond volta seu olhar para a página de seu livro mas então ele sente o ar mudar e olha novamente para Lucerys, que agora está com a postura extremamente tensa. Aemond fica curioso com isso, seu senhor marido não é conhecido por ficar tenso em momento nenhum.

Quando Lucerys se levanta lentamente, sua postura rígida, Aemond ergue uma sobrancelha e deixa sua curiosidade lhe vencer.

— Está tudo bem, marido?

Aemond não entende porquê, mas sua voz deixa Lucerys ainda mais tenso, se é que isso é possível.

— Quero que saia. — Lucerys diz, Aemond franze a testa e coloca seu livro de lado, se levanta e se aproxima de Lucerys.

— Eu fiz algo que lhe ofendeu? — Aemond pergunta, agora de frente para Lucerys vê como ele está descomposto e isso lhe assusta. Preocupado, Aemond coloca a mão na testa de Lucerys, que está ardendo em febre. — Lucerys, você está queimando.

Lucerys não diz nada, ele sente o cheiro de Aemond logo em sua frente e tudo que quer fazer é agarrar o ômega e o dar sua mordida e seu nó, para que Aemond cheire como seu, mas Lucerys se recusa a fazer isso contra a vontade de Aemond, então usa toda sua força para dar um passo para trás.

— Precisa se afastar, Aemond. — Lucerys pede.

Aemond o olha confuso. — O que eu preciso é chamar uma Meistre para você, mas só depois que você se sentar. — E quando Aemond vai tocar Lucerys para o ajudar a se sentar, Lucerys impede seu toque, deixando Aemond ainda mais confuso.

Você me quer? Então me tenha. (Lucemond)Onde histórias criam vida. Descubra agora