Capítulo quatro: O rio

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— Mãe eu estou bem, é algo normal — disse Rita

— Estou preocupada apenas — disse sua mãe.

Rita não foi para a escola naquele dia, tinha florescido, tornando-se mocinha, amadureceu. Enfim, qualquer forma mais singela de dizer que ela havia menstruado pela primeira vez na noite passada. Na mesma manhã sentiu cólicas preferindo ficar em casa. Sempre morou rodeada de mulheres mais velhas, não era um assunto completamente desconhecido para ela. No entanto, Rita não pôde evitar sentir um misto de medo e confusão ao ir ao banheiro pela manhã.

Ela achou que tinha sentido vontade de urinar, mas era a sua primeira menstruação. Ao perceber manchas de sangue em sua calcinha e notar o sangramento ao invés de urina, ela se viu em um turbilhão de emoções. Era tudo tão novo e assustador! As dúvidas invadiram sua mente, deixando-a perdida nessa nova fase da vida. Rita se sentiu completamente desorientada.

Com muita vergonha falou com sua mãe, Claúdia que não sabia muito bem o que fazer e achou melhor ligar para a filha mais velha, que ajudou a acalmar Rita e fez entender que fazia parte do seu desenvolvimento como mulher. O desconcerto misturado com surpresa a tomou de assalto. Rita jamais imaginara que esse momento tão íntimo e delicado viria de forma tão inesperada.

Um pouco mais tarde Rita teve um pouco de cólica. Sua mãe ficou preocupada, ela se dedicava muito com as filhas, tinha medo de que algo acontecesse com elas, aquela clássica preocupação de mãe. A irmã mais velha de Rita já estava fazendo medicina e morava em outra cidade. Rita se inspirava muito em sua irmã, tendo atitudes e pensamentos muito parecidos com os da irmã, até suas roupas eram parecidas. Sua mãe achava que talvez ela estivesse querendo crescer antes do tempo, mas também pensava que essa geração fosse assim mesmo, mais acelerada. Cheia de gírias, sempre com celulares, tablets, redes sociais, memes era complicado de acompanhar.

No dia seguinte, voltava para escola com pouco de cuidado para que ninguém percebesse que havia menstruado, não queria que ninguém descobrisse por receio de tirarem sarro dela. Seria constrangedor. Andava com a cabeça baixa sem olhar para onde ia, quando esbarrou em Patrícia. As duas se olharam e repararam uma na outra e cada uma seguiu o seu caminho como se nada tivesse acontecido. Sua amiga, Flávia, já a esperava na porta da sala de aula, que ficava no final do corredor, na ponta contrária da sala de Patrícia.

Flávia era introvertida, não falava muito, nem se importava muito em saber do que não foi dito diretamente a ela, dessa forma não pensou em perguntar o porquê sua amiga não tinha comparecido na escola nos últimos dois dias anteriores. Muito menos do porque ela desapareceu no dia do festival. Para Rita isso era perfeito, não teria que justificar sua não ida à escola, não tocaria no assunto, assim não precisaria falar sobre ele. Conversaram sobre as férias, fizeram as atividades do dia e quando chegou ao final da manhã, os colegas de classe começaram programar de tomar um banho de rio à tarde, com um pouco de anseio e uma leve pressão fez Rita aceitar o convite mesmo não querendo aceitá-lo.

Leo voltava para casa depois de um dia até que bastante produtivo, como se os assuntos trabalhados em sala fossem mais fáceis do que o normal, ainda preocupado com o que tinha acontecido com Jennifer. Pensava em algo que poderia servir para ajuda e livrá-la da mãe terrível que ela tinha. Pegou o celular e ligou para avó para avisar que iria atrasar um pouco. Leo até poderia enviar uma mensagem, mas Dona Linda não usava apps de mensagens, gostava mesmo era de ouvir a voz das pessoas.

Sem que soubesse foi parar no mesmo rio que Rita estava com os colegas, apenas um pouco distante de onde eles estavam.

Eram quatro jovens além da Rita, três estavam nadando, dois estavam sentados à margem, um deles era Flávia e o outra era Rita que estava um pouco mais afastada.

Astraia e os seis destino - Um chamado da Mãe celestialOnde histórias criam vida. Descubra agora