Capítulo 22 - O Sacrifício

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Cheguei aos jardins e observei a divisão do lugar. Ao meu lado esquerdo, todos os lobisomens me comiam com os olhos e, do lado direito, alguns comensais olhavam surpresos na minha direção. A minha frente, eu via um bruxo desconhecido, que provavelmente realizaria a cerimônia, e Greyback.

Tive um sobressalto ao sentir alguém segurar meu braço e virei rapidamente, apenas para encontrar Draco ao meu lado. Ele me ofereceu seu braço e eu o aceitei. Ele me acompanharia até o altar. Claro que Voldemort nem daria as caras.

– Escuta Gran... Hermione – sussurrou embaraçado. – Queria me desculpar, hã, por tudo, sabe? Você é minha prima e eu quero que saiba que independente do que aconteça, eu ficarei ao seu lado.

Surpreendente.

Nunca imaginei ver Draco se rebaixar aquele ponto. O que partilhar o sangue não faz com uma pessoa, não é mesmo?

– Tudo bem, Draco – murmurei.

Ele me deu um sorriso triste e olhou para o altar. Logo uma música alta ecoou pelo jardim e alguns lobisomens reclamaram. Eu quase pedi para aumentarem ainda mais o volume. Mas Draco me puxou para percorrer o caminho até Greyback.

Observei todos ao redor a medida que caminhava. Os bruxos me olhavam com pena e os lobisomens só faltavam lamber os lábios, o que era grotesco. Perdi alguns segundos para observar Narcisa. Ela chorava compulsivamente enquanto me olhava caminhar ao lado do filho. Bellatrix estava ao lado dela e parecia incomodada, olhando para todos os lados, como se procurasse alguém. Rodolfo estava sério e indiferente.

Assim que alcancei o altar, Draco me deu um abraço apertado e foi se sentar ao lado da mãe. Greyback apenas me olhava com um sorriso deliciado na cara, sentia-se vitorioso. Voltei minha atenção ao bruxo que realizaria a cerimônia e aguardei o que se seguiria.

O homem parecia tão inconformado quanto qualquer outro bruxo presente, mas prosseguiu com a cerimônia. Depois de fazer uma introdução e falar sobre a importância que nossos votos teriam para o casamento, ele pediu que bebêssemos o conteúdo de dois cálices que estavam a nossa frente.

Greyback não parecia nem prestar atenção ao que o bruxo dizia, mas virou o cálice de uma vez. Eu o aproximei da boca e senti um cheiro estranho, fingi beber, apertando os lábios fortemente para não deixar o líquido entrar na minha boca. Infelizmente, uma gota escorreu pelos meus lábios. Como nada aconteceu, voltei a ouvir o que o bruxo dizia.

– Deem as mãos – pediu e Greyback tomou a minha rápida e brutalmente. – Podem ler seus votos.

Nenhum de nós dois disse nada. Não faríamos votos. O bruxo percebeu e pigarreou para pular para a parte seguinte. Eu adoraria arrancar aquele sorriso idiota da cara de Greyback.

– Fenrir Greyback, aceita se casar com Hermione Jean Black? – questionou.

– Aceito – grunhiu.

Uma linha vermelha envolveu nossas mãos.

– Hermione Jean Black, aceita se casar com Fenrir Greyback?

Sorri para o lobisomem e ele estreitou os olhos. Com a mão livre, mexi na lateral do vestido e me preparei.

– Não.

O tempo do choque com a minha resposta foi o suficiente para arrancar a varinha escondida no vestido e estuporar Greyback com um feitiço não-verbal.

Prontamente, os bruxos ergueram suas varinhas para os lobisomens que ameaçavam me atacar, mas foi desnecessário. Todos eles estavam com os pés presos por Visgos do Diabo, estrategicamente colocados sob suas cadeiras. Enquanto os lobos eram presos e enrolados pelas plantas, um bruxo se movimentou entre os outros e ergueu a varinha contra mim. Virei-me para me defender, mas outra pessoa o fez por mim.

Sangue Negro | SnamioneOnde histórias criam vida. Descubra agora