Capítulo 1 - CONVITE PARA A AVENTURA

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Um caminhão se encontra correndo em linha reta por uma estrada à 135 quilômetros por segundo ao mesmo tempo em que outro caminhão corre na direção convergente a 123 quilômetros por segundo do outro lado da estrada. Considerando a resistência do ar que retarda o deslocamento do primeiro caminhão em 5 metros por segundo, calcule o momento em que.....

As palavras entediantes da professora circulavam pela sala de aula. Marcos, o urso pardo, estava quase desmaiando de sono enquanto informações completamente sem sentido entravam por um ouvido e saíam pelo outro. E o mais estranho não eram apenas os dados do exercício em si, mas sim o fato de que os professores sempre acreditavam que suas mentes afiadas que estudaram esses conceitos por anos -- ninguém sabe o porque – podiam ser comparadas às mentes de crianças de 14 anos que estavam vendo tudo isso pela primeira vez.

Marcos olhava para trás e percebia que obviamente ele não era o único que estava instintivamente não assimilando coisa com coisa do que a professora falava. Praticamente a sala inteira estava com seus próprios afazeres. Existiam alunos que fingiam escrever algo quando na verdade estavam só rabiscando ou desenhando em seus cadernos, alguns escapavam e ficavam olhando seus celulares bem atentos para que os olhos de águia da professora não os flagrasse, duas meninas cochichavam entre si as novidades sobre seu mundo de celebridades riquíssimas e garotos bonitões, se é que não estavam falando de garotas. E Marcos tinha certeza de que aquele lobo com chifres e pelo azul mais ao fundo estava dormindo de verdade.

Ele escuta o barulho de papel e vê uma pata de pelos pretos colocando um pedaço de papel de caderno em cima de sua carteira. Era Felipe, seu melhor amigo desde a infância: um lobo-guará de cabelo castanho liso e comprido, que usava um rabo de cavalo com uma franja na frente. Este sorria para ele enquanto voltava ao seu, aparente, cálculo. Marcos desdobrava o papel e estava escrito?

"Livre?"

Professora- Senhorita Anna?

Os dois quase pulam de susto. Por um momento tinham achado que a professora queria que eles falassem a resposta para seu problema. Seria um tiro no próprio pé. Por sorte, ela tinha pego justamente a única aluna que parecia prestar atenção de verdade nas aulas.

Anna- Sim professora?

Professora- Poderia responder o problema por favor? Qual seria o momento exato em que os dois caminhões se cruzariam?

Anna- Exatamente aos 13 minutos, 17 segundos e 49 millisegundos.

Professora- Correto.

Ufa. Anna era realmente inteligente. Se não a conhecessem direito diriam que ela devia ter vindo de outro mundo. Seria por isso que os olhos dela eram um pouco maiores que os dos outros e eram um pouco virados para a diagonal? Bem, não importa.

Enquanto a professora mostrava os cálculos que ninguém tinha prestado atenção e apenas copiariam só para não dizer que não fizeram nada durante a aula, Marcos escrevia em um canto de seu caderno, discretamente rasgava um pedaço da folha e entregava para Felipe.

"Sim." *com o desenho de um ursinho fazendo um sinal positivo*

Felipe dava um sorriso e respondia com outro joinha para seu amigo.

Professora- Agora, suponhamos que uma menina queira medir a altura de uma arvore em seu quintal. Para isso, ela pega uma caixa no chão e a levanta em uma altura de cinco metros. Se medirmos a sua sombra—

Enquanto Felipe tentava digerir as informações, desta vez era Marcos quem lhe dava um papelzinho escrito.

"Quem diabos tem cinco metros de altura????"

Felipe imediatamente escreve em seu caderno e entrega para Marcos.

"O mais estranho é: por que raios ela iria querer saber a altura de uma árvore?"

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