Trilhos

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Lee know sentiu o calor e a pressão da mão que descansava na sua cintura, os dedos por baixo do moletom brincavam com o tecido da camiseta que ainda cobria sua pele. O contato discreto o mantinha próximo de Bang Chan, que no momento gargalhava de alguma discussão fútil entre Changbin e Hyunjin no banco à frente da van.

Um pequeno ponto de desatenção.

Ao seu lado Han comentava animadamente sobre algo relacionado a alguma promoção no karaokê e no restaurante favorito dos dois, mas sua atenção se mantinha presa nas fotos que haviam acabado de tirar para o comeback que se aproximava.

Depois de hoje poderia dizer com toda a certeza que Chan estava se preparando para tirar sua roupa, ou parte dela, além da privacidade do dormitório. O conjunto de couro sintético, com a parte superior fechada por menos de 15 cm de zíper estava ocupando um espaço enorme na sua cabeça, como se um telão tivesse sido instalado e as diversas imagens e ângulos do Bang Chan com a roupa fossem repassados em um loop. Por isso não se culpou por nenhuma das vezes que se aproximou, sorrateiramente, colocando um dos dedos por dentro da roupa, puxando para frente pelo zíper e encarando o abdômen muito bem trabalho, para ganhar as expressões imparciais ou os sorrisos largos e envergonhados dele.

Claro que Lee Know torceu para que em alguma dessas vezes, o zíper quebrasse.

Começar a se aproximar do Bang Chan, além de como colega de grupo, não tinha sido a passos lentos, um após do outro, mas sim com uma pressa exagerada e a necessidade de alcançar uma distância maior. Mesmo que sinais de alerta gritassem cada vez mais alto na sua mente à medida que os toques se tornaram mais frequentes, que os beijos começaram a aparecer sem que precisassem pedir, ou quando as mãos passaram a explorar caminhos mais ousados e precisaram controlar o barulho que faziam nos dois dormitórios, Lee Know ainda preferiu ignorar tudo isso e deixar ser guiado pelo ritmo que o Chan gostava de levar as coisas, o ritmo que definia onde eles estavam ou muitas vezes quão rápido iam chegar ao limite na cama.

Havia se apegado às palavras sussurradas no seu ouvido, em uma conversa que só eles deveriam estavam envolvidos, dizendo que não precisava se preocupar com as casualidades que envolviam esse relacionamento, apenas com as sensações que os dois provocavam.

Somente os dois.

Lee Know só percebeu o quão alheio estava de tudo à sua volta, quando escutou a voz do Bang Chan se despedindo dos outros membros e a mão que antes estava na sua cintura, entrelaçando com a sua o puxando para fora da van parada em uma rua residencial. Com um aceno breve para os outros, depois de pegar sua mochila, os dois ficaram sozinhos.

Chan tem a expressão marcada em dúvida, as sobrancelhas contraídas e os olhos estreitos direcionados a Minho quando se encaram pela primeira vez. Não era como se ele tivesse o ignorando desde mais cedo, mas Chan sabia quando o outro estava mais introspectivo do que já era característico da sua personalidade.

O que foi? Mudou de ideia? Sei que combinamos de vir para cá hoje, mas se tiver posso chamar um táxi e voltamos para os dormitórios.

Lee Know piscou os olhos algumas vezes, os lábios entreabertos destacando os dentes da frente. O líder precisou esconder o riso com o dorso da mão e conteve com o dobro de empenho a vontade de beijá-lo no meio da rua, mesmo que tivesse o pensamento que beijar Minho se tornou tão vital quanto respirar. Um desejo que já fazia parte da composição do sangue que corria pelas suas veias, como se vivesse em abstinência da sensação macia e quente dos lábios pequenos em contato com o seu, umas das suas coisas favoritas de morder.

Porque obviamente Lee Know existir na sua frente, tão perto dos seus dedos, era a maior das suas obsessões.

Nada, está tudo bem, eu só estava, você sabe... pensando

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