TENDÊNCIA DO CISNE NEGRO

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Dia seguinte:

— Sim, Luca, foi isso que eu disse! — diz Luna, com um olhar desafiador.

— Passado, mulher! — responde Luca, tentando desviar do assunto.

— Para de ser besta e fala como homem!

— Como homem? — Luca a encara, já entendendo que estava prestes a entrar em uma conversa complicada.

— Você come homem? — Luna provoca, um sorriso travesso nos lábios.

— Não sai dessa, credo! — Luca ri, um pouco envergonhado.

— Você é tão bobinho, eu gosto disso em você — diz Luna, colocando os braços no ombro de Luca, um gesto que traz um conforto inesperado.

— A senhorita sabe, né... — Luca murmura, sentindo a tensão entre eles aumentar.

— Quantas vezes eu já disse? — Luna pergunta, com um tom de expectativa.

— Desculpa... — Luca responde, sentindo-se um pouco culpado.

— Da próxima vez, eu não perdoarei! — diz Luna em tom de brincadeira, e dá um selinho em Luca, fugindo da seriedade do momento.

— Você já pensou no que vai fazer em relação ao Bill? — pergunta Luna, mudando de assunto.

— Nem me lembre... Não tem o que fazer. Ou é isso, ou nosso segredo já era. Eu prometi, fiz um acordo. — Luca responde, a preocupação evidente em sua voz.

— Eu sinto muito — diz Luna, a sinceridade em seu olhar.

— Pare de se lamentar! Desculpas é o que eu menos preciso agora! — Luca exaspera-se, frustrado.

— ... — O silêncio se instala entre eles, uma tensão palpável.

— Vou sair, depois nos falamos — fala Luna, tentando quebrar a atmosfera pesada.

— Onde vai? — pergunta Luca, curioso.

— Em uma loja, preciso buscar uma encomenda — responde ela, já se dirigindo para a porta.

Ao sair, toda elegante, Luna caminha pela rua quando, sem querer, tromba com uma mulher. A mulher, ruiva, de olhos claros, é familiar aos olhos de Luna, mas ela não consegue se lembrar de onde a conhece.

— Me desculpe! — diz a mulher, um olhar de confusão em seu rosto.

— Eu te conheço de algum lugar, você é familiar — diz Luna, franzindo a testa.

— Eu não te conheço, deve estar se confundindo — responde a mulher, visivelmente confusa.

— Eu te conheço sim, mas não lembro de onde — diz Luna, pensativa, tentando juntar as peças.

— Olha, melhor eu ir embora, eu não te conheço — a mulher tenta se desvencilhar.

— Ah, você não vai para lugar nenhum! — Luna a interrompe, a lembrança finalmente vindo à tona. — Lembrei quem é você! Você é amante do Tom, né? Você estragou minha vida, sua piranha! — diz Luna, segurando-a pelo ombro e impedindo-a de sair.

— Eu não te conheço, desculpa! — a mulher tenta se afastar, assustada.

— Você estragou minha vida, sua putinha! O Tom é só meu, só meu, tá entendendo?! — grita Luna, a raiva transbordando.

— Me solta! Tá me machucando! — a mulher grita, a voz cheia de medo.

— Você vai aprender a nunca mais se mexer com homem dos outros! — Luna, tomada pela fúria, a agarra pelo cabelo e a empurra contra a parede.

Num ato impulsivo, Luna tira uma arma do bolso. O disparo ecoa pela rua: "BOOM!" O som é ensurdecedor, e a mulher ruiva cai, a expressão de surpresa estampada em seu rosto.

Luna fica paralisada por um instante, o peso de suas ações começando a se instalar. O que ela havia feito? O desespero e a adrenalina misturavam-se em sua mente, enquanto olhava para a cena diante dela, sem saber como reagir.

Luna onn

Quando vi aquela mulher, meus olhos se encheram de raiva. A culpa dela fez com que minha vida se transformasse em um inferno. A fúria tomou conta de mim ao perceber que o chão estava ensanguentado, assim como as paredes. Eu havia matado a amante do meu homem. Deixei-a lá, agonizando, e segui meu caminho como se nada tivesse acontecido.

**A noite:**

De repente, ouço meu celular tocar. Era Tom. Atendi rapidamente.

— Oi, Tom! — foram minhas únicas palavras.

— Oi, Sofia! Precisamos conversar. Venha para minha casa — ele respondeu, a urgência em sua voz.

Fui até a casa dele, o coração acelerado. Assim que entrei, ele me olhou com um misto de curiosidade e preocupação.

— Precisamos conversar... — disse ele, a seriedade em seu tom me deixou nervosa.

— Você não sabe quem eu encontrei hoje! — exclamei, tentando manter a calma.

— Quem, meu amor? — perguntou Tom, a curiosidade agora evidente em seu olhar.

— Sua ex-amante, aquela ruiva — disse Luna, a frustração transbordando em minha voz.

— Como assim?! — Tom parecia chocado.

— Aquela com quem você me traiu, se lembra? — continuei, a raiva e a dor misturando-se em mim.

— Claro, que coincidência... — Tom disse, a voz tremendo levemente, um toque de desespero evidente.

— Pois é, né? Ela fez da minha vida um inferno, Tom. Então, eu só retribuí o favor! Você nunca mais vai vê-la.

— O que você fez, Sofia? — perguntou Tom, a raiva e o desespero agora claros em seu rosto.

— Dei um jeitinho — disse Luna, mostrando a arma ensanguentada que a havia matado.

— Você a matou? Como foi capaz, Sofia?! — Tom exclamou, tentando esconder o medo que se estampava em seu rosto, mas seu desespero era visível.

— Você não sabe nada sobre mim... Ainda! Eu tenho dois lados. Aposto que não gostaria de conhecer o segundo.

— Você é surtada, mas é assim que eu gosto — Tom se acalmou, uma expressão de fascinação começando a tomar conta dele.

— Você ainda não viu nada! — respondi, sentindo a adrenalina correr em minhas veias.

— Mas eu já percebi! Você anda como um anjo — disse Tom, um tom encantador na voz.

— Como um anjo? — perguntei, confusa.

— Faz as coisas como um anjo, mas na verdade... você é um demônio disfarçado!

**Luna on:**

Eu tinha dois lados: Sofia e Luna. Eu me considerava um cisne, mas não um qualquer. Luna era o cisne negro, manipuladora e observadora, enquanto Sofia era o cisne branco, melancólico e inocente. A tendência do cisne negro era enganar e seduzir o príncipe (Tom) antes que ele pudesse declarar seu amor à sua irmã gêmea (Sofia). Desolado, o cisne branco se matava, jogando-se de um penhasco, encontrando a liberdade. Nesse momento, Luna matava Sofia.

O conflito dentro de mim se intensificava. Eu sabia que a linha entre o bem e o mal estava se tornando cada vez mais tênue. O que eu fiz era irreversível, e o peso da culpa começava a se misturar com a euforia. A liberdade que eu tanto desejava vinha com um preço alto, e eu estava disposta a pagá-lo. Mas a pergunta que não saía da minha mente era: até onde eu iria para proteger o que considerava meu?

CAMINHO DO CRIME [Reescrita]Onde histórias criam vida. Descubra agora