Prólogo

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O jovem doutor entrou no escritório de sua residência com passos rápidos e determinados, com o rosto exibindo uma expressão de quem lutava contra lágrimas iminentes. Ele estava frustrado, seus olhos estavam vermelhos, e suas mãos tremiam levemente. Seu braço esquerdo sangrava, a camisa social branca já estava manchada de vermelho. Sem perder tempo, ele começou a procurar freneticamente por suprimentos médicos em uma das estantes de madeira escura no canto de seu escritório. Encontrou o que precisava: ataduras, antissépticos e um tesoura. Ele sentou-se em sua poltrona enquanto começava a tratar do ferimento, dobrou a manga de sua camisa social, o sangue ainda escorria. Limpou a ferida com antisséptico, grunhindo de dor, e começou a enrolar a atadura ao redor do braço com firmeza.

Com o braço finalmente enfeixado, ele abaixou a manga, e relaxou as costas contra a poltrona. Fechando os olhos por um momento e deixando escapar um suspiro profundo, quando abriu os olhos novamente, sua atenção foi capturada por um ponto específico da sala.

— É isso que você ganha por tentar mantê-la no mundo dos vivos!

A voz do homem grisalho ecoou pelo vasto escritório, carregada de uma autoridade sombria. Ele deu alguns passos lentos e calculados em direção ao jovem doutor, que estava sentado, desolado, em sua cadeira de couro, olhando fixamente para o retrato pendurado em uma das paredes. O retrato mostrava uma jovem mulher com um sorriso enigmático, cuja presença parecia dominar a sala. O grisalho observou o doutor por um momento, seus olhos frios avaliando a situação. Ele, então, se aproximou ainda mais, até ficar de pé diante da imponente mesa de carvalho. Com um movimento deliberado, ele tirou uma adaga de sua capa e colocou sobre a superfície polida da mesa, fazendo um ruído metálico que finalmente conseguiu romper a bolha de concentração do jovem doutor.

— Apenas a deixe ir, é assim que deve ser… — o homem grisalho continuou, sua voz agora mais baixa, mas não menos firme. O jovem doutor levantou os olhos lentamente, primeiro focando na adaga brilhante, depois nos olhos severos do grisalho. — Você está interferindo tanto com os vivos quanto com os mortos, a linha tênue que separa os dois mundos está se tornando instável por causa de sua insistência.

O doutor respirou fundo, seus ombros caindo sob o peso das palavras. Ele sabia que o grisalho tinha razão, mas a ideia de desistir era insuportável. A adaga parecia brilhar com uma luz sinistra, simbolizando a escolha difícil que ele enfrentava. O grisalho deu um passo atrás, deixando o jovem doutor sozinhos com seus pensamentos e a decisão impossível que deveria tomar.

Os Perigos Em Torno De Um Cientista Louco [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora