Capítulo 7
O sol da manhã já iluminava a mansão de Salvatore. Graziela, sua filha, desceu as escadas de mãos dadas com a babá, vestida com seu tutu rosa, pronta para mais uma aula de balé. Ao entrar na sala de jantar, foi recebida com sorrisos dos tios.
— Olha só nossa princesa! — disse Marco, o irmão mais novo de Salvatore, com um sorriso de orgulho. Graziela correu até ele, abraçando-o com carinho. Depois, foi até Francesco, repetindo o gesto afetuoso.
— Você só ama os seus tios, hein? — resmungou Salvatore, com um sorriso de canto de boca. Era uma brincadeira habitual entre pai e filha, mas o amor entre eles era evidente.
Graziela deu uma risadinha tímida e correu para os braços do pai, beijando seu rosto. Ele a pegou no colo brevemente, sentindo o calor do amor paterno.
Logo, a avó de Graziela, Isabela, entrou na sala, cumprimentando a todos com um aceno caloroso. Ela beijou a neta na testa e sorriu afetuosamente antes de se sentar à mesa. O café da manhã foi servido, e a família começou a comer em silêncio confortável, desfrutando da companhia uns dos outros.
Enquanto todos se serviam, Graziela, empolgada, anunciou:
— Papai, eu vou ter uma apresentação de balé na próxima semana! Você vai, né?
O semblante de Salvatore mudou rapidamente. Ele olhou para a filha e, com um tom sério, respondeu:
— Você não vai mais para essa escola, Graziela. Já decidi, vamos mudá-la.
A menina franziu a testa, o sorriso desaparecendo de seu rosto.
— Mas, papai, eu tenho amigos lá! Eu quero dançar com eles! — Graziela protestou, a voz trêmula de frustração.
— Já está decidido. Você vai para outra escola — afirmou Salvatore, a voz firme e autoritária.
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto da menina, e ela correu para os braços da avó, soluçando de tristeza. Isabela a abraçou forte, tentando consolá-la.
— Tenha paciência com ela, Salvatore — disse Isabela suavemente, enquanto acariciava o cabelo da neta.
Salvatore se levantou da mesa, contrariado, mas sem demonstrar fraqueza. Tentou beijar a filha, mas Graziela virou o rosto, recusando o gesto. Isso o feriu mais do que ele queria admitir, mas manteve a expressão dura.
Os irmãos de Salvatore, Marco e Francesco, permaneceram em silêncio, cientes de que não poderiam interferir na decisão do irmão. Mesmo não concordando, respeitavam sua autoridade como pai. O café da manhã terminou em um clima tenso, e Salvatore saiu da sala com passos firmes.
— Vamos, Enzo — disse ele, ao encontrar seu braço direito do lado de fora.
O carro já o aguardava, e, em poucos minutos, estavam nas ruas, rumo à empresa.
[...]
No caminho para a empresa, algo no ar deixou Salvatore desconfiado. Ele olhou pelo retrovisor e notou dois carros pretos os seguindo de perto. O instinto de Salvatore não falhava.
— Enzo, acelera. Temos companhia — ordenou Salvatore, a voz carregada de tensão.
O motorista pisou fundo no acelerador, desviando pelos becos estreitos de uma das regiões mais antigas da Sicília. Os carros atrás deles aumentaram a velocidade, iniciando uma perseguição intensa.
Tiros começaram a ser disparados das janelas dos dois veículos. As balas ricocheteavam no asfalto e nas paredes de pedra, criando uma cena de caos e adrenalina pelas ruas da cidade. Salvatore, com raiva crescente, sacou sua pistola e abriu a janela do carro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Salvatore Romero: Dançado com o perigo
Ficción GeneralMartina Moretti sempre encontrou na dança sua maior paixão e liberdade. Raptada ainda bebê e levada da Itália para o Brasil, foi criada com o nome de Thamy Costa por uma família adotiva que jamais lhe deu amor. Crescendo em um ambiente de desprezo e...