Helena
── De todos os mares que eu já mergulhei, nenhum deles conseguiu ser tão profundo e intenso quanto o que rolou entre nós. — Gabriel respondeu ao entrevistador com seriedade. Não sabia o que mais me chamava atenção: a forma como ele falava de nós ou ele, todo molhado do mar ainda. Sorri, encarando a entrevista no celular.
── Então vocês estão namorando oficialmente? Porque, até o momento, é tudo especulação do público. — O entrevistador continuou, e ele o encarou, parecendo pensar. Em seguida, riu e desviou o olhar.
── A Helena é tudo para mim, não me imagino sem ela. — Pontuou, e eu pausei o vídeo, deixando o celular cair sobre minhas pernas enquanto encarava meu reflexo no espelho à minha frente, sorrindo igual idiota.
Eu nunca vivi isso, é tão bom. Amar e ser amado é muito bom. Nunca pensei que iria dizer isso, tão pouco de um homem branco que está totalmente fora do padrão que eu considerava, mas eu estou amando. É, eu amo o Gabriel. Amo para caralho.
── Sai desse quarto, mulher! O sol brilhando lá fora e você enfornada aqui dentro. — Ouvi a voz dele enquanto entrava, e eu o encarei. ── Meu Deus, tá rindo por quê? Você não queimou outra camisa minha, né?
── Cala a boca, idiota, eu estava vendo a sua entrevista da semana passada. — Respondi, e ele sorriu leve, abaixando o olhar. ── Você não disse nem que sim nem que não.
── Bom, não estávamos namorando ainda, e se eu dissesse que não estávamos, estaria dando passe livre para uma penca de macho ir atrás de você. — Falou, me abraçando por trás e beijando minha bochecha. ── Eu te amo muito, sabia?
── Bobo, te amo mais! — Falei, me virando e o abraçando com força.
── Ai, cê tá fortinha, né? — Resmungou. ── Que saúde! Inclusive, tá com um bundão. Bora pra praia, vamos.
── Deixa eu pôr um short antes, tenho vergonha de andar de biquíni. — Falei, indo até a mala e catando algum short jeans.
── É, e eu não gosto de ninguém olhando sua bunda também.
── Você é muito ciumento, sabia?
── Você me diz isso todos os dias. — Respondeu enquanto eu vestia o tecido e ia até ele.
Gabriel entrelaçou nossos dedos e então saímos do quarto. Fomos até o elevador, e o caminho todo ele foi tagarelando sobre mil coisas enquanto eu fingia entender. Tá de manhã, eu não sei sobreviver de manhã. Caminhamos até a praia, que é literalmente de frente para o hotel e, ironicamente, não estava lotada.
Até porque são cinco da manhã.
Sim, o Gabriel me fez acordar nesse horário só para ver o nascer do sol no mar com ele.
── Gab, fica assim. — Falei, puxando minha câmera. ── Agora continua olhando pra mim igual você estava. — Falei, posicionando a mesma, e ele obedeceu.
Tirei algumas fotos seguidas e, em seguida, sentei ao lado dele, me escorando em seu braço e mostrando todas.
── Eu fico com essa cara quando te olho? — Perguntou, surpreso.
── Sim, seu olho brilha, olha. — Falei, mostrando. ── Esse sorrisinho.
── E você ainda duvida que eu sou louco por você?! — Falou baixo, passando o braço ao redor do meu pescoço e beijando minha bochecha. ── Tira uma nossa!
E eu fiz o que ele pediu, virei a câmera para nós e tirei inúmeras fotos. Só sei que salvei todas, e o nascer do sol apareceu atrás de nós junto com o mar, que estava pacífico. Momento perfeito ao lado da pessoa perfeita.
Gabriel levantou e estendeu a mão para mim, me puxando para mais perto da água.
── Vem, quero te mostrar uma coisa. — Ele disse com um sorriso malicioso, e eu arqueei uma sobrancelha.
── O que você tá aprontando? — Perguntei, desconfiada, mas não resisti. Segui ele até onde as ondas quebravam na areia.
O mar estava calmo, e a luz suave do amanhecer dava à água um brilho dourado. Gabriel segurou minhas mãos e me puxou para mais perto dele, até estarmos com os pés na água.
── Sabe o que eu mais gosto de fazer de manhã cedo? — Ele perguntou, seus olhos fixos nos meus.
── Acordar as pessoas às cinco da manhã? — Respondi sarcástica, e ele riu, puxando-me mais para perto, até sentir seu peito contra o meu.
── Além disso... é surfar. — Ele apontou para o mar, onde as ondas começavam a ganhar força. ── E quero que você venha comigo.
Fiz uma careta, olhando para as pranchas que ele havia trazido.
── Você sabe que eu não sou tão boa nisso, né? — Disse, tentando me esquivar, mas ele balançou a cabeça com um sorriso confiante.
── Eu vou te ensinar. Confia em mim, Helena. — Ele sussurrou, a voz baixa e cheia de certeza.
O modo como ele falava, a forma como seus olhos brilhavam, sempre me fazia sentir segura. Então suspirei, aceitando o desafio.
── Tá, mas se eu cair e me afogar, a culpa é sua. — Falei, pegando a prancha e ele me deu um beijo rápido nos lábios, antes de rir.
── Eu vou te salvar, não se preocupa.
Nos preparamos, e antes que eu percebesse, já estávamos entrando no mar. Gabriel guiou tudo, me ajudando a subir na prancha, enquanto me dava instruções pacientemente. O sol estava subindo cada vez mais, tingindo o céu com tons laranjas e rosados.
── Pronta? — Ele perguntou, ao ver uma onda se aproximando.
Meu coração disparou de leve, mas eu assenti. Gabriel deu um empurrão na prancha e, com esforço, consegui ficar de pé. Ele estava logo atrás, me acompanhando. Sentia o vento no rosto e a adrenalina me dominando enquanto deslizava pela água, tentando manter o equilíbrio.
Quando a onda acabou, caí na água, mas não senti medo. Gabriel apareceu logo em seguida, me puxando para perto.
── Você foi incrível! — Ele exclamou, rindo.
Eu olhei para ele, ainda ofegante e molhada, mas com uma sensação de liberdade imensa tomando conta de mim. Aquilo era mais do que apenas surfar; era compartilhar um momento tão único com alguém que me fazia sentir viva.
── Você tá me convencendo a acordar cedo mais vezes. — Brinquei, e ele sorriu, me puxando para mais perto.
── Ainda vamos ter muitos amanheceres juntos. — Ele disse, com a voz suave, antes de me beijar novamente, enquanto as ondas nos envolviam.
O mar, o sol, e ele. Era tudo que eu precisava.
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lentes no horizonte, gabriel medina.
Fanfiction── Aquela lá é a Leninha, filha dos ventos, pior que furacão. Onde passa faz estrago! 01.08.2024