Dança das Emoções

Primeira vez

As ruas estavam tranquilas enquanto Luiza e Valentina caminhavam de mãos dadas em direção à lanchonete. O som da música da festa ainda ecoava à distância, mas agora parecia apenas um fundo distante para o momento que estavam vivendo. Luiza, em silêncio, observava a cidade ao seu redor, iluminada pelas luzes dos postes e pelas vitrines das lojas. O calor da mão de Valentina entrelaçada à sua era reconfortante, e a sensação de segurança que sentia ao lado dela parecia crescer a cada passo.

“Você tá quieta... no que tá pensando?” perguntou Valentina, quebrando o silêncio com um sorriso curioso.

Luiza olhou para ela, sorrindo de volta. “Só em como as coisas mudaram tão rápido. A gente tava naquela loucura com a Dany e Larisa, e agora tudo parece... em paz.”

Valentina assentiu. “É, foi uma montanha-russa. Mas às vezes, o caos vem antes da calmaria, né? Eu só queria que você se sentisse segura depois de tudo.”

“Eu me sinto. Quando estou com você, tudo parece mais fácil... mais certo,” Luiza admitiu, sentindo seu rosto corar um pouco. Ela sabia que estava se abrindo de um jeito que não costumava fazer, mas com Valentina, as coisas fluíam naturalmente.

Valentina parou de andar por um segundo, puxando Luiza gentilmente para mais perto e olhando diretamente em seus olhos. “Eu também me sinto assim com você. E não importa o que aconteça, eu quero que a gente continue assim, sabe? Enfrentando tudo juntas.”

Luiza sorriu, sentindo o coração aquecer com as palavras de Valentina. Era incrível como, em meio a tanta confusão e insegurança, elas haviam encontrado uma conexão tão forte.

Elas continuaram a caminhar até chegarem à pequena lanchonete de esquina, que, apesar do horário, ainda estava aberta e iluminada. Era um lugar simples, mas acolhedor, com mesas de madeira e o cheiro irresistível de frituras no ar. Valentina já conhecia o cardápio de cor e fez o pedido sem hesitar: batata frita e dois hambúrgueres.

Sentaram-se em uma mesa ao fundo, e Valentina observava Luiza com aquele olhar tranquilo, como se estivesse absorvendo cada detalhe do momento. Luiza, por sua vez, sentia uma calma que há muito não experimentava, como se tudo ao redor estivesse no lugar certo.

Enquanto esperavam o pedido, Valentina tomou um gole de sua bebida e olhou para Luiza com um sorriso provocador.

“Agora que a noite deu uma acalmada… tem algo que eu queria perguntar.”

Luiza arqueou uma sobrancelha, curiosa. “O que foi?”

Valentina se inclinou levemente sobre a mesa, os olhos brilhando de leve malícia. “Aquela vez que você puxou minha camisa e me beijou na frente de todo mundo na sala… você sempre foi tão ousada, ou foi por minha causa?”

Luiza sentiu o rosto esquentar instantaneamente, lembrando-se do momento em que tomou aquela atitude impulsiva. Ela riu, um pouco envergonhada, mas também divertida. “Eu... sinceramente? Não sei de onde veio aquilo. Acho que só não queria deixar dúvidas sobre nós, principalmente depois de Larisa ficar se jogando pra cima de você.”

Valentina riu baixinho. “Ah, então foi ciúme?”

“Talvez um pouco,” Luiza admitiu, mordendo o lábio inferior de leve. “Mas também foi porque eu sabia que queria você ao meu lado, e naquele momento, parecia a coisa certa a fazer. E olha… não me arrependo.”

“Eu também não,” Valentina disse, sorrindo. “Foi uma das coisas mais sexy que você já fez.”

Luiza revirou os olhos, rindo. “Tá, agora você tá exagerando.”

“Não tô, não. Eu adorei. Foi a primeira vez que você me mostrou o quanto estava disposta a lutar por mim.”

As palavras de Valentina ecoaram no coração de Luiza, que sabia que, de fato, aquele momento tinha sido um marco importante para elas. A relação delas, que começou de maneira intensa e cheia de desejo, agora parecia mais sólida, mais profunda.