cap 5.

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—Foi um acidente você não pode se culpar por isso.—Flavio me dizia enquanto acariciava meu cabelo. Suas mãos firmes e ao mesmo tempo suaves me davam forçar de uma forma que não saberia explicar.

—Eu sei que foi um acidente, mais cada vez que fecho os olhos imagino que se eu não tivesse fingindo passar mal, meu pai estaria vivo. A separação seria mil vezes melhor do que a morte de um deles.

—Posso ser sincero com você. —Me pergunta com ansiedade na voz.

—Claro.

—Você se deu conta de tudo o que me contou.

—Claro que sim. Meus pais viviam discutindo pela traição do meu pai.

—Não Bia. Não é isso. Não estou falando que seu pai esta certo ou coisa do tipo. Mais sua mãe.—Ele pausou e estreitou os olhos. Ficou escolhendo as palavras certas até que eu o encorajei com um gesto.—Sua mãe tinha ciúmes de você com o seu pai, alguma vez ele.

Percebi na hora o que ele tentou dizer.

—Não, claro que não, meu pai me amava muito, mais amava da forma correta, era um amor de pai e filha. Eu nunca havia sido tocada até o dia em que aquele ogro me estrupou.

—Percebe agora o que realmente estava acontecendo com o relacionamento deles. Sua mãe não confiava mais no seu pai por conta da traição, seu pai dava mais atenção a você e isso deixou sua mãe com ciúmes. Na verdade acho que sua mãe sofre de algum transtorno, ou simplesmente não se importava.

—Acho que está mais para a segunda opção. Mais agora quem vai te perguntar sou eu. Por acaso você é psicólogo ou algo parecido ?

—Meu ex é psicólogo.—Olhei para Flávio e me recusei a acreditar no que ele estava falando. Ele é tão lindo com seus cabelos e olhos negros. Dentes brancos e alinhados e uma voz tão sexy.  Não poderia ser. Ou poderia?

—Espera ai. Seu ex ?

—Sim Bia. Meu ex, eu sou gay.

—Custo em acreditar. Está falando sério ? 

—Sim, por que, você tem algum tipo de preconceito.—Notei sua voz mudar e seu rosto de contrair em desgosto.

—Claro que não, por que eu teria. —Disse com total sinceridade e acho que ele acreditou em mim pois seu sorriso veio em seguida.

—Bia eu gosto de você. Acho que seremos bons amigos.

—Eu já sinto que somos Flávio.

—Bom agora vou deixar você descansar. Até mais tarde ruivinha.

Dou risada enquanto ele sai do meu quarto. Gay. Ainda estava perplexa, tão lindo e GAY. Agora entendo a expressão que as meninas usam. "Que desperdício".

***

Me olho no espelho e gosto do que vejo. Faz dois meses que cheguei em São Paulo, e graças ao Flávio e sua mãe consegui abrir uma conta, tirei minha carteira de trabalho e pude guardar o pouco o dinheiro que juntei durante os anos que trabalhei em Ribeirão Preto. Com o dinheiro que ganhei trabalhando no motel consegui comprar algumas coisas para mim. Uma delas é um lindo vestido tomara que caia preto.
Decidi coloca-lo hoje com um par de salto alto e alguns acessórios como colar pulseiras e brincos. Deixei meu cabelo solto, gosto de senti-los na minhas costas. Minha mãe reclamava que cabelo comprido e ruim para cuidar. Mesmo assim eu nunca a deixei cortar.

—Vamos Bia, aproveite sua noite de folga. Não é sempre que eu posso cobrir seu horário e o Flávio esta te esperando lá fora, você.—Denise parou de falar quando entrou no quarto me olhou de cima a baixo e assobiou me fazendo dar gargalhadas.
—Espera ai novinha. Aonde vocês vão, parece que estão saindo para caçar e eu não estou envolvida por que em.

—Vamos em uma boate. Está noite. E a senhora não esta envolvida por que assumiu meu turno esta noite.

Passei por Denise sorrindo e mandei uma beijo para ela. Nunca havia ido a uma balada, meu estômago estava com tantas borboletas que pensei que teria uma dor de barriga no meio do caminho.

—Não seja boba Bia.—Flavio me deu uma cotovelada quando eu disse sobre as borboleta.—Ate parece uma adolescente indo para o seu primeiro encontro.

—De certo modo eu sou uma adolescente, só tenho dezoito anos. E sim hoje terei um encontro com a minha adolescência perdida.— Dito isso Flávio sorriu amavelmente e o resto da caminho foi me explicando como era essa tal casa noturna.

A ansiedade foi me matando e as borboletas foi crescendo a medida que eu comecei a avistar no horizonte uma luz de neon vermelha piscando anunciando o nome do salão Nitro Eletro. Tem tantas pessoas naquele lugar de todos os estilos. Meninas com saias que mal cobriam suas bundas, decotes exagerados mostrando seus seios tops mostrando o piercing no umbigo, tatuagens sexy e provocativas pelo corpo. Os homens alguns de bermuda outros de calças não havia muita variação de estilos mas boa parte deles tem tatuagens pelos braços e pescoço.

Flávio me avisou que a casa toca mais músicas eletrônicas e nos intervalos toca outros estilos como funk e black. Porem como o nome já dizia, a balada é uma balada eletro.

Me senti vestida até demais quando desci do carro. Meu vestido não é comprido, mas também não é curto o bastante para mostrar a minha bunda.

Compramos nossas ingressos e entramos naquele mundo onde eu sempre quis estar. Mundo aonde posso me sentir livre a batida da música ecoou pelos meus ouvidos e se uniu as batidas do meu coração, meus olhos percorreu aquele mar de gente e naquele momento eu me dei conta do que eu realmente gostava. E aonde eu realmente queria estar.

***

Mais um capítulo para vocês
Peço desculpas pelos erros e pelas trocas dos nomes dos personagens, o corretor do meu celular gosta de me trolar o tempo todo rsrs

Ainda esta semana mais um capitulo para vcs. Mr digam oqe estam achando, acho que algumas reviravoltas estão por vim. Será que Bia continuará a mesma ou mudara ao conhecer o mundo noturno da capital.



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