A invocação

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Peter

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Peter

Logo após a missa, fui interceptado por algumas fiéis da igreja, ou pelo menos meras frequentadoras, dado ao fato de usarem decotes cavados demais para a ocasião e por relarem as mãos no meu braço sem o mínimo consentimento em uma tentativa velada e falha de me seduzir.

Pareciam estar demasiadamente animadas por ter carne nova no pedaço. Provavelmente estão se esquecendo do fato mais importante, sou a droga de um padre e fiz um juramento de castidade.

Em meio às lisonjas delas e pedidos para que as visite em suas casas, o que me deixou horrorizado, vi Georgie conversando com Noah, um individuo do qual desgosto muito desde que conheci e que não saía de sua sombra durante toda a missa.

Senti uma pontada no peito que me deixou desconfortável e não conseguia suavizar minha expressão nem se eu quisesse.

Me despedi daquelas senhoritas e me dirigi até o campanário a fim de tomar um ar e oxigenar um pouco mais o cérebro.

Entrei em um corredor e antes que pudesse chegar até as escadas ouvi um toc-toc, como de um salto alto e me virei para trás.

Não tive tempo sequer de admirar sua beleza ou de lhe cumprimentar, apenas senti minha bochecha esquerda queimar, depois de receber uma bela bofetada.

Um sentimento de confusão se instaurou em minha mente e perplexo, encarei seus olhos verdes raivosos.

— Por quê?

— Georgie...

— Por quê?

Ela indagou novamente e compreendi sua frustração. Eu havia desaparecido sem dar o menor sinal de vida para ela. Acho que mereci o tapa.

— Georgie, sei que está brava...

— Brava? Não, eu não estou brava! Estou possessa! Possessa de ódio!

Talvez eu deva exorcizá-la então.

— Por quê você fez isso Peter? Por quê me abandonou sem dar uma droga de explicação? Por quê não me respondeu? O que há de errado com você?

— Georgie, eu entendo que pode estar magoada comigo, mas acredite em mim, foi melhor assim.

Ela nega com a cabeça em um sorriso de escárnio.

— Nossa, como fui ingênua! Céus, como fui estúpida!

— Você não é estúpida, não diga isso. Por favor.

Ela quebrou o contato visual por um momento, mirou meu colarinho clerical, engoliu em seco e subiu seus olhos marejados de encontro aos meus novamente.

— Eu não entendo Peet. Não entendo.

Uma lágrima rolou pela maçã de seu rosto.

Fui inundado por uma vontade incontrolável de tocar-lhe a face, de atraí-la para perto e lhe roubar um beijo de bambear as pernas, até que gemesse o meu nome.

Confissão proibida de Georgiana Crane (OS CRANE- PHILOISE). Onde histórias criam vida. Descubra agora