against the second. - markhyuck.

PREFÁCIO

Querendo ou não, o ambiente do ensino médio é realmente um preparo para a sociedade, e não é bem da forma boa. Você tem um gostinho de como é a sociedade fora dali de um jeitinho até três vezes pior, se formos levar em conta que seus hormônios com toda certeza estão explodindo, então tudo que já é ruim, para um adolescente no auge de seus catorze ou quinze anos, será simplesmente o inferno na Terra. E isso é tão normal que, se pararmos para refletir isso já quando adultos, iremos olhar para trás e rir de determinadas coisas que aconteceram simplesmente porque sentíamos demais.

Agora, imagine estar no auge de sua bomba emocional e a primeira coisa que se depara ao pisar na sua nova escola, é um bando de adolescentes como você, no auge de sua estupidez, mas no pior sentido possível da palavra. No nível de que você se depara com todo tipo de preconceito e tratamento que você chega a se perguntar se realmente foi para uma escola ou se foi para alguma espécie de hospício, ou pior, zoológico. Bem, essa foi a experiência que tive assim que pisei na Sunset Hills Preparatory, ou como comumente abreviado no Canadá, SHP.

- Sei que, como estrangeiro, tende a ser difícil que se estabeleça rápido aqui, Donghyuck. Eu disse certo?

- Sim, sim! Está certinho, senhora Aldridge!

Eu respondi, coçando minha nuca. Senhora Aldridge era a diretora do SHP, ou seja, a dona de seja lá como posso descrever aquela escola. Ela sorriu para mim, e eu sorri para ela.

- Ah, que bom! Tenho uma certa dificuldade com nomes estrangeiros, sabe como é... - Ela deu uma curta risada. - Mas bem, como eu dizia, como você veio da Coréia, pode ser até um pouco difícil no começo, mas creio que um menino brilhante como você vai acabar se dando muito bem aqui, seja socialmente e no sentido acadêmico também. Agora, vá para sua primeira sala, que ao que posso ver é...

- A número 52, no terceiro andar. Matemática. - Completei, ajeitando melhor minha mochila. Senhora Aldridge ficou surpresa, mas de uma forma boa.

- Vejo que já decorou seus horários! Que exemplo!

- Pois é, eu não poderia fazer feio no colégio da senhora!

Então, me despedi da diretora Aldridge e me direcionei à sala de aula o quanto antes, a única pausa que fiz antes disso foi separar o livro de matemática, para ficar mais fácil de ser alcançado. Quando nos mudamos para Toronto, minha mãe conseguiu arranjar uma escola para mim até que bem rápido. O SHP é aclamado por aqui por seu alto índice de ensino e a grande quantidade de alunos que saíram daqui para uma faculdade incrível ou coisa do tipo. Eu mesmo não tinha pesquisado ou ligado tanto, minha mãe só disse "Donghyuck, querido! Você vai pra essa escola!" e eu respondi algo como um okay ou coisa do tipo.

Quando eu entrei na sala, era aquela comoção de quando tem um aluno novo: cochichos, olhares, muita coisa envolvida. Eu fiquei muito surpreso por não ter sido recebido com alguém imitando um chinês já de cara, mas entendi o motivo quase de primeira: um marmanjo do fundo, que estava literalmente rodeado de meninas, deveria ter algum tipo de descendência asiática, e como ele aparentemente era o popularzão, as pessoas não iriam zoar alguém que, de certa forma, tem a etnia como a do cara que elas estavam babando ovo. De qualquer forma, teve aquelas paradas de apresentação na frente da sala, tudo horrível.

E tudo com aquele menino popular que eu comentei me olhando. Com a pior expressão que alguém popular pode te olhar. Eu não entendi, e nem busquei entender, a razão daquele olhar pra cima de mim, mas gostaria de deixar registrado que notei. E notei muito.

Isso aconteceu no meu primeiro ano no colegial. Quando cheguei ao último, bem... As coisas ficaram um tantinho diferentes. Mas essa parte do relato deixarei para um outro dia, até porque, o ano da graduação é sempre, sem exceção, o mais cheio.

E o meu foi cheio, pra caralho.

(Esse será o ÚNICO capítulo na primeira pessoa. O restante da história ocorrerá na terceira pessoa, ou seja, com um narrador.)