O Brilho da Rivalidade

95 11 2
                                    


O camarim de Rose era um redemoinho de luzes, perfumes e movimentos apressados. A maior premiação do ano se aproximava, e seu nome estava gravado em destaque entre os indicados para Melhor Artista do Ano. Dois cabeleireiros dançavam ao redor dela como coreógrafos de um balé silencioso, os dedos ágeis ajeitando suas mechas loiras com precisão meticulosa. Ao mesmo tempo, uma manicure esculpia suas unhas com a delicadeza de quem lapida um diamante. Rose observava tudo pelo reflexo do espelho, mas seus olhos iam além, como se enxergassem um futuro prestes a se desdobrar.

Ao fundo, a porta do camarim se abria e fechava constantemente, trazendo uma enxurrada de presentes de fãs: flores frescas, pelúcias que pareciam abraços, cartas que continham pedaços de almas apaixonadas. A energia da expectativa vibrava no ar, mas seu coração batia em um ritmo diferente, mais contido. Sua atenção era capturada por uma pequena tela na parede, onde as estrelas desfilavam no tapete vermelho. E então, lá estava ela. Lisa. A eterna sombra que espelhava sua luz.

Lisa caminhava entre flashes como uma deusa feita de tempestade, cada sorriso uma provocação velada. Rose sentiu o calor subir por seu corpo, o peito apertado por uma mistura de adrenalina e desdém. Não era segredo para ninguém que as duas se odiavam. Uma rivalidade cultivada ao longo dos anos, onde cada vitória era uma ferida aberta, cada elogio um desafio a mais. E naquela noite, sob as luzes impiedosas da fama, elas mais uma vez se enfrentariam no campo de batalha que era o palco.

A porta do camarim abriu-se abruptamente, interrompendo seus pensamentos. Sua assistente surgiu, apressada, segurando um celular que tremia em sua mão. "Rose, acabei de saber que você e a Lisa vão sentar lado a lado na primeira fila."

Ela fechou os olhos por um breve instante, deixando escapar um suspiro entre os lábios pintados de vermelho. "Claro", murmurou com um meio sorriso afiado. "A cereja no topo de um bolo prestes a desmoronar."

[...]

A tensão no ar parecia se condensar em torno de Rose, cada pensamento se transformando em um relâmpago silencioso. A porta do camarim se abriu mais uma vez, mas desta vez com uma presença diferente. Jaehyun, seu manager, entrou com passos rápidos, logo seguido por Marie, a mãe de Rose, com um olhar que equilibrava preocupação e serenidade. Rose sabia que, quando ambos apareciam juntos, a conversa não seria agradável.

"Rose," Jaehyun começou, seu tom direto como sempre, "você já soube da novidade?"

Rose não precisou perguntar para entender do que se tratava. A resposta estava estampada no rosto dele. Ela bufou, os olhos faiscando com uma raiva contida. "Claro que já sei. E se você acha que vou ficar sentada ao lado daquela... cobra, está muito enganado."

"Filha, por favor, calma," interveio Marie, caminhando até ela com um sorriso suave e terno que apenas mães conseguem fazer em meio ao caos. Ela colocou a mão no ombro de Rose, tentando transmitir alguma calma. "Eu sei que você não gosta dela, mas você precisa se manter forte. Mostre que nada a abala, entendeu?"

"Não é sobre gostar ou não, mamãe," Rose rebateu, seu tom um misto de frustração e exasperação. "Essa garota vive tentando me derrubar, vive roubando os holofotes como se ela fosse o centro do universo. E agora, sentar do meu lado? Isso é algum tipo de piada?"

Jaehyun suspirou, passando a mão pelos cabelos, claramente acostumado com as explosões de temperamento da artista. "Escuta, Rose, isso pode até parecer provocação, mas é uma oportunidade. Toda a mídia vai estar em cima de vocês duas. Seja inteligente. Aproveite essa chance para brilhar mais do que nunca."

Rose revirou os olhos, mas algo no discurso de Jaehyun a fez parar para pensar. Seu olhar foi de encontro ao de sua mãe no espelho, e ela viu aquele olhar encorajador que tantas vezes a guiara nos momentos mais difíceis. Marie se aproximou mais, sussurrando para que apenas a filha pudesse ouvir. "Concentre-se no prêmio, querida. Não importa quem está ao seu lado ou o que ela faz. O que importa é que você saia vitoriosa no final da noite."

Damn it, Wish U Were SoberOnde histórias criam vida. Descubra agora