porto seguro

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O silêncio na sala era quase palpável, cada batida do relógio ecoando nos ouvidos de Jeongin como uma lembrança constante da sua hesitação.

Ele sentia o olhar de Christopher sobre ele, carregado de uma preocupação silenciosa, sabia que precisava falar, mas as palavras pareciam presas, bloqueadas pelo medo de se abrir e reviver dores que ainda não haviam cicatrizado completamente.

— Sabe... — Jeongin finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa, quase sumida. — Eu não sei se consigo fazer isso de novo.

Christopher se moveu no sofá com cuidado, aproximando-se sem pressa, como se qualquer movimento brusco pudesse afastar Jeongin.

Seus olhos continuavam fixos nele, cheios de paciência e compreensão.

— Amar — continuou Jeongin, forçando um sorriso que não alcançou os olhos. — Não sei se consigo... não depois de tudo.

Christopher não respondeu de imediato, apenas assentiu lentamente, absorvendo o peso das palavras. Ele sabia que Jeongin tinha sofrido, que havia marcas invisíveis em seu coração e mesmo assim, estava ali, disposto a enfrentar isso junto.

— Eu entendo. Mas... não precisa ser como antes. Não precisa doer de novo.

— E se doer? — Jeongin murmurou, seus olhos finalmente se encontrando com os de Christopher, carregados de uma vulnerabilidade que ele raramente mostrava. — E se eu me entregar e acabar quebrado de novo? Não sei se sobrevivo a mais uma queda.

Christopher suspirou suavemente, seus dedos tocando o braço de Jeongin de forma quase imperceptível, um gesto de conforto.

— Não posso prometer que vai ser sempre fácil mas posso prometer que vou estar ao seu lado, cuidando de você, dessa vez, vai ser diferente.

Jeongin queria acreditar, queria desesperadamente que aquelas palavras fossem verdade mas uma parte de si, a parte ferida, gritava para que ele se protegesse, para que não deixasse ninguém mais chegar tão perto.

— Eu... sou frágil, Chris. Eu finjo ser forte, mas por dentro... estou sempre caindo aos pedaços. Não quero carregar esse peso sozinho, mas também não quero que você tenha que carregar isso por mim.

Christopher apertou a mão de Jeongin com ternura, seus olhos não se desviando.

— Você não precisa ser forte o tempo todo, eu aceito você, com suas dores e tudo mais. Não estou aqui para sobrecarregar você, estou aqui para dividir o peso.

Jeongin hesitou, lutando contra as barreiras que ele mesmo havia construído, seu coração clamando por segurança. Ele já havia tentado antes, e o resultado tinha sido devastador.

— E se não der certo? — perguntou, quase inaudível. — E se tudo desmoronar de novo?

Christopher se aproximou um pouco mais, sua presença tão reconfortante quanto as palavras que murmurava.

— Se você cair, eu estarei aqui para segurar você. Eu não posso prometer que vai ser perfeito, mas vou lutar por nós dois. Vamos fazer isso juntos.

Jeongin fechou os olhos, sentindo o peso das palavras de Christopher como um bálsamo nas suas feridas. Aos poucos, ele permitiu que suas defesas começassem a ceder, como se aquele momento fosse o primeiro passo para confiar novamente.

— Eu... vou tentar — ele finalmente disse, sua voz suave, quase insegura.

Christopher sorriu, puxando-o para um abraço, suas mãos envolvendo Jeongin em um gesto que dizia mais do que qualquer palavra poderia expressar.

O calor daquele abraço fez Jeongin relaxar um pouco mais, sentindo, talvez pela primeira vez em muito tempo, que não estava sozinho.

Christopher então se afastou ligeiramente, o suficiente para olhar nos olhos de Jeongin. Suas mãos subiram, segurando o rosto do mais novo com uma ternura palpável, seus polegares acariciando as bochechas de Jeongin com uma delicadeza incomparável.

— Eu estou aqui, In. Eu vou cuidar de você — ele sussurrou, sua voz carregada de promessas.

Antes que Jeongin pudesse responder, Christopher se inclinou, seus lábios encontrando os dele em um beijo suave, quase hesitante.

O toque era gentil, como se pedisse permissão, e Jeongin, depois de um breve momento de incerteza, cedeu, seus lábios se moviam juntos em uma dança lenta, sem pressa, apenas transmitindo todo o carinho e paciência que Christopher sempre demonstrou.

Quando o beijo terminou, Jeongin permaneceu com os olhos fechados por alguns segundos, sentindo o calor de Christopher ainda pairando sobre ele.

E ali, naquele pequeno instante de paz, ele começou a acreditar que, talvez, dessa vez, amar não precisasse doer.

Amor Traumatizado | Jeongchan Onde histórias criam vida. Descubra agora