Wooyoung estava acabado.
O som do batidão de funk naquela rua fechada onde acontecia a maior revoada da favela era ensurdecedor. Cada batida vibrava em seu peito em sincronia com suas emoções bagunçadas e extremamente conflitantes.
Sentia como se apenas fosse uma partícula insignificante no meio daquele fervo onde as pessoas bebiam, dançavam e se divertiam. Ele não estava mais em sintonia com essa atmosfera festiva e repleta de impulsos para se soltar e esquecer de tudo.
A revoada ainda rolava, mas para Wooyoung acabou no momento em que viu a silhueta de San sumir em meio ao morro movimentado e repleto de pessoas que transitavam por ali.
Ele não tinha qualquer ânimo para se manter naquele lugar depois da discussão feia que teve com o palmeirense, e que resultou em um ato impulsivo e agressivo de sua parte que não condizia com seu modo de agir. Não queria ter batido em San. Não era uma pessoa violenta, apesar da pose marrenta e da linguagem repleta de gírias e palavrões; quando dizia que levaria alguém pras ideia, não era sério.
Wooyoung era uma pessoa gentil e repudiava violência gratuita. Ele cresceu vendo seu pai sendo agressivo com sua mãe a troco de nada, a fazendo sofrer incontáveis vezes por conta de suas crises de raiva impulsionadas pelo porre que tomava nos bares.
Wooyoung tinha uma promessa individual de nunca se tornar aquele tipo de pessoa, independente da circunstância.
Mas ali, no calor do momento e com os sentimentos turbulentos e ainda desconhecidos que nutria por San, não soube calcular suas ações quando deu um tapa no rosto dele.
O que ele disse foi cruel. San pareceu verdadeiramente sentir nojo de si e de tudo que fizeram juntos até o presente momento.
Wooyoung não fez nada daquilo sozinho, não foi uma vontade unilateral, e foi um absurdo ouvir da boca de San que a culpa era inteiramente sua. Não era como se San fosse o único a possuir conflitos internos oriundos do envolvimento inesperado entre eles; ele machucou Wooyoung com aquelas palavras duras provindas de uma profunda mágoa e raiva.
Mesmo assim, se arrependeu do tapa. Se arrependeu tanto que sentiu um buraco invadir seu peito de maneira brutal e hostil.
Por mais que estivesse com uma vontade absurda de chorar, Wooyoung não conseguiu derrubar uma lágrima sequer. Estava travado, em choque, sem conseguir se mover do lugar, se sentindo insignificante e pequeno demais para aquela festa movimentada que acontecia na quebrada.
Ele sentiu uma necessidade enorme de ir embora. Não queria ficar mais nenhum segundo ali, onde o som alto e a farra o incomodavam profundamente e causavam uma ansiedade latente que se misturava com o emocional abalado pelo o que ocorreu há pouco.
Ainda um tanto desnorteado, Wooyoung andou entre as pessoas a fim de ir pra casa. Era como se sua alma tivesse permanecido naquele mesmo lugar onde brigou feio com San, no entanto. A força que fazia suas pernas se moverem não parecia vir de si, era como se estivesse sendo carregado.
Seu corpo colidiu com o de outra pessoa e ele sequer sentiu o impacto. Demorou para levantar o olhar e verificar de quem se tratava.
— Opa, menó, tá perdido? — era Hongjoong, com uma garrafa de água em mãos. — Tá indo pra onde, mané? Ainda bem que te achei, viado, os moleques sumiram e eu tava aqui sem saber pra qual lado ir.
Wooyoung não respondeu a primeiro momento. Hongjoong viu em seu olhar que tinha algo de errado, e franziu o cenho. Ele carregava uma expressão abatida e completamente pesarosa.
— Qual foi, mermão? Que que tá pegando? Parece até que viu assombração, louco...
— Tô indo pra casa, Junin — o corintiano enfim reuniu uma força limitada para responder. — Tô bom não, beleza? Se quiser ficar por aí, pode ficar.
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REVOADA | WOOSAN 💯🇧🇷
FanfictionMorando em um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, o brasileiro e seu time são como feijão com arroz: inseparáveis desde o início. Samuel Choi nasceu vestido com seu uniforme raçudo alviverde imponente como se fosse sua segunda p...