Em Segredo

Eternamente teu

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Quando se quer algo por muito tempo...

Quando desejamos algo por muito tempo, é como se o nosso coração não mais conseguisse abdicar daquilo.

Naquela manhã - após ela ter se entregado de corpo e alma para o homem que amou por anos - ela acordou sozinha, e foi o sentimento mais vazio que experimentou, primeiro, se desesperou.

"Será que ele não gostou?" "será que ele apenas quis me usar"

Essas foram algumas das perguntas que cruzaram a sua cabeça quando acordou, mas, elas rapidamente se evaporaram quando ela encontrou uma carta de Omar por cima do aparador em frente a cama.

Ela pegou o papel como se fosse um papiro sagrado.

Passou a mão pela folha como se pudesse sentir a textura da caligrafia de Omar.

Omar não tinha a mais bonita das letras, mas as palavras dele eram bonitas e isso já era o suficiente para ela.

"Minha amada, - perdoe-me o tom formal, presumo que o amor tenha trazido certas inspirações temporais no meu linguarejar - por mais encantador que permanecer a manhã toda ao seu lado me alegraria, pretendo terminar meu trabalho e começar a procurar uma solução para o nosso empecilho, eu fui sincero nas minhas palavras, não pretendo deixar-te e darei um jeito para estarmos juntos até o final dos nossos dias.

Eternamente teu,

Com amor,

Omar."

Ela apertou o papel A4 contra o peito.

- Quem diria que Dambo Omar Alexandre Enitan seria tão romântico - murmurou ela mordendo o lábio de baixo.

Ela mesma não pretendia ficar parada o dia toda esperando por ele - por mais tentador que aquilo fosse - tinha suas próprias coisas a terminar.

Iria ao escritório mas apenas para rever alguns documentos e depois sairia - afinal, ela era do tipo que adiantava o seu trabalho - tinha que se lembrar de fazer umas compras visto que a sua viajem se aproximava - o que a deixava ansiosa, porque ela não pretendia deixar Omar - o plano era ficar um ano em Angola, mas isso no caso de a aceitação ser tardia, agora que já tinha sido aceite, não tinha sentido em adiar tanto a sua viagem - com a exceção, claro, de Omar.

Estava prestes a sair quando alguém bateu a porta.

Ela abriu, era John.

- Oi - disse ela com um sorriso tímido no rosto.

- Oi - respondeu ele devolvendo o mesmo sorriso constrangido.

- Entra - disse ela abrindo um pouco mais a porta.

Ele balançou a cabeça em negativa.

- Não será preciso - disse ele - eu vou viajar daqui há umas horas...

- Para a Suíça?

Ele fez não com a cabeça.

- Para a África do Sul - respondeu ele com o mesmo sorriso constrangido - a verdade era que eu apenas me inscrevi para estar perto de ti e agora que não estamos mais juntos...