𝐁𝐎𝐑𝐍 𝐓𝐎 𝐌𝐄-𝐍𝐀𝐃𝐄𝐍

𝟐𝟖|𝐃𝐄𝐌𝐘

NESSA BARRETT

Um mês depois...

Hoje estava voltando para Londres. Minha mente pairava mais leve. Passar alguns dias em Liverpool foram de grande valia pra minha sanidade mental e emocional, fiz novos amigos fora a parte do meu mundinho, conheci um carinha bem legal e me diverti com ele. Ao menos para tentar tirar Jaden da cabeça, sem sucesso, ok, mas eu tentei.

Pedi para minha mãe não me mandar notícias dele, não queria me torturar mais. Voltei a ser morena mas cortei o cabelo curtinho. Estava relaxada, comprei meu vestido pro baile, falei com o Chase mais cedo, ele ficou de me pegar ás oito.

Marry me esperou no aeroporto, amou meu visual, meus cuidados pessoais melhorados.
Sim, porque tia Mel e tia Mari eram impecáveis, sempre de unhas feitas, cabelo arrumado e maquiagem básica só pra ficar em casa.

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— Quer saber o que aconteceu por aqui nesses dias?

Estávamos no sofá da sala quando ela me perguntou apreensiva, instintivamente eu sabia a quê ou a quem ela se referia.

— Prefiro não. Estou bem e pretendo continuar assim. - respondi fingindo que lia a Vogue.

— Ok então.

Ela voltou a atenção pra TV e me mordi de curiosidade. Será que Jaden arrumou alguém? Bem, se eu fiquei com alguém porque ele não poderia? Já que ele o fez no mesmo instante após nossa última desavença. Não posso me importar, não posso me importar. Repetia em minha mente.

— Vou começar a me arrumar.

Joguei a revista de lado, mamãe me deu uma olhadela mas não disse nada.

Entrei no quarto bem devagar, a cortina estava aberta, dava pra ver o quarto dele. Observei com a mão no peito, a dor. Ela se alastrava ferrenha, implacável. Eu o amava tanto, o queria tanto que corroía minha alma.

Como ele estava? O que estaria pensando? Será que ainda pensava em mim?

Sacudi a cabeça para aliviar as dúvidas.
Caminhei alguns passos até a varanda, bem devagar com lágrimas quentes escorrendo em minhas bochechas. As guardei por tanto tempo, agora não conseguia mais contê-las, elas desaguavam à sua vontade, sem esforço, naturais.

Lavando meu rosto e purificando meus olhos, expelindo a dor reprimida. Levando as mágoas, trazendo as lembranças, o toque, o cheiro, o gosto, todas as sensações afloradas. Fechei os olhos por dois segundos, o vento apagava o rastro molhado, o gotejar em meu queixo, e então veio o momento pequeno de paz após choro, quando você se sente aliviada de pôr pra fora.

Abri os olhos lentamente, quando da claridade morna me envolvia. E ele estava ali, como se aquele momento fosse um déjà vu. Eu já havia vivido aquilo, ele estava imóvel, tanto que cheguei a pensar que era uma peça de minha imaginação.

— Ness

Eu não ouvi sua voz, mas vi seus lábios pronunciarem meu nome, aqueles lábios quentes que faziam meu corpo fervilhar, Jaden estava mais lindo do que em meus sonhos constantes, de todas as noites. Os olhos eram daquele verde incandescente, de esmeralda líquida que me faziam ter os pensamentos mais pecaminosos. Ele havia cortado um pouco o cabelo. Perfeito, era só o que o definia.

A intensidade emanava de tal forma que não parecia que estávamos a metros de distância.
Aquilo me atingiu, de maneira que tudo que fiz foi recuar e fechar as cortinas.

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— Estás belíssima querida.

Marry efusiva era o fim. Mas tive que concordar que estava ao menos apresentável. Comprei um vestido vermelho de cetim que colava em meu corpo como uma segunda pele, o decote era extravagante, mas tia Mel disse que era assim que se arrasava em um baile e que só era uma vez na vida, portanto nada de economizar no visual.
O decote em V vinha quase até o umbigo, no colo o formato quadrado valorizava os seios sem exibir demais, o drapeado solto nas pernas dava um toque elegante, pus um salto agulha prata bem fininho, a make foi olho gatinho e batonzão vermelho. Meu cabelo estava solto, levemente ondulado, amei, resolvi que iria usar mais assim.