O Chamado da Noite

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A lua brilhava com uma intensidade quase sobrenatural sobre a pequena cidade de Bayville, localizada no interior dos Estados Unidos, cercada por densas florestas e montanhas. A cidade, aparentemente tranquila e acolhedora, escondia segredos antigos, que poucos ousavam mencionar em conversas cotidianas. Entre suas ruelas estreitas e construções antigas, havia uma lenda que passava de geração em geração — uma história que muitos preferiam esquecer, mas que sempre retornava, como uma sombra à luz de velas. O "Macaco das Sombras", como era conhecido, era o centro dessa lenda aterrorizante.

A casa de Arthur Miller ficava no final de uma rua pouco movimentada, cercada por árvores que se agitavam com o vento. Arthur era um homem comum, de meia-idade, trabalhador e cético. Não acreditava em lendas ou superstições, mas ultimamente havia algo estranho no ar, algo que ele não conseguia ignorar. Sua esposa, Meredith, também estava inquieta. Ela sempre foi sensível a mudanças sutis, e desde que encontrara um estranho símbolo desenhado no quintal na semana anterior, sua inquietação só aumentava.

Era uma noite de outono quando tudo começou. O vento assobiava do lado de fora, e Arthur estava sentado à mesa da cozinha, olhando distraidamente pela janela enquanto saboreava seu café. Meredith, no entanto, sentia uma ansiedade crescente e caminhava de um lado para o outro, checando as trancas das portas e janelas.

— Você viu aquele símbolo de novo no quintal? — ela perguntou, tentando manter a voz firme, mas sua preocupação era evidente.

Arthur balançou a cabeça, dando de ombros.

— Deve ser algum adolescente querendo pregar uma peça, Meredith. Não há nada com que se preocupar.

Meredith franziu o cenho, claramente descontente com a resposta.

— Não acho que seja só isso. Sinto algo estranho... como se algo nos observasse. Você não sente? — Ela olhou para o marido com intensidade.

Antes que Arthur pudesse responder, um som repentino ecoou da parte de trás da casa. Era como o ruído de algo metálico batendo contra o chão. Os dois se entreolharam, e Arthur imediatamente se levantou, indo em direção à origem do barulho. Meredith o seguiu de perto, o coração acelerado.

Ao chegarem à cozinha, viram os pratos que estavam empilhados na pia se movendo lentamente, como se uma força invisível os empurrasse. Subitamente, todos os pratos caíram no chão ao mesmo tempo, quebrando-se em mil pedaços.

— O que diabos foi isso?! — exclamou Arthur, sentindo seu ceticismo ser desafiado pela própria realidade.

Meredith estava em choque, suas mãos tremendo. Ela olhou para o marido, mas antes que pudesse falar algo, um som ainda mais perturbador veio do quintal. Era um barulho baixo, gutural, algo entre um rosnado e um grunhido. Parecia vir de uma criatura desconhecida, algo que não deveria existir.

Arthur respirou fundo e abriu a porta dos fundos, a madeira rangendo enquanto se movia. Do lado de fora, tudo parecia normal. A luz fraca da lua banhava o quintal, mas as sombras das árvores se agitavam como figuras vivas. No centro do quintal, onde o símbolo havia sido desenhado, algo se movia. Ao estreitar os olhos, Arthur viu uma pequena figura, espreitando das sombras.

Era um macaco.

Não um macaco comum, no entanto. Seus olhos brilhavam com um vermelho sinistro, e seu corpo era esguio, coberto por uma pelagem negra como a noite. O animal fitava Arthur com uma inteligência perturbadora, como se compreendesse mais do que um simples primata deveria.

Arthur deu um passo à frente, mas o macaco se moveu com uma velocidade impossível, desaparecendo nas sombras da floresta ao lado da casa. Uma sensação de pavor tomou conta de Arthur, como se a simples presença daquele animal tivesse trazido uma escuridão que se infiltrava em sua alma.

Pratos e Sombras: O Macaco que Desafiou a EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora