𝐄𝐋𝐄𝐍𝐀 𝐀𝐓𝐄𝐀𝐑𝐀
O barulho do pneu do táxi é tão alto que nem mesmo meus fones de ouvido estão conseguindo abafar o canto dos pneus no asfalto. Parte da culpa é minha, sinceramente, mas eu estou ansiosa, precisei deixar claro para o cara no volante que eu tinha que chegar rapidamente ao
lugar, e como um maluco obediente, ele está correndo como o diabo corre da cruz. Ao mesmo tempo que isso me deixa satisfeita, não me deixa num estado de ansiedade melhor, na verdade desde que o avião pousou em Port Angeles não consegui deter minha perna de mover-se freneticamente contra o chão, muito menos do meu coração bater completamente desregulado.Mas agora era tarde demais para me deixar levar pela ansiedade, atravessei o estado, peguei um avião e agora estava em um táxi que em uns trinta minutos estaria na entrada da reserva, agora era tarde para agir feito mariquinha e voltar para Washington DC, fingindo que nada aconteceu. Não avisei a ninguém, não havia muitos a quem eu avisaria, mas mesmo assim, eu não precisava de barreiras prontas para me impedir de voltar, eu precisava ser rápida. Talvez tenha uma parte de mim sussurrando "Elena ingrata, não ama a tia e nem sua amiga, simplesmente as deixou para trás!" no fundo da minha mente, era por esse motivo que eu deixei meus ipods tocando no maior volume possível, não posso me martirizar e esquecer o porquê eu estou
voltando.Ele parou de responder meus emails a uns dois meses, deixando meu último perguntando sobre nossa mãe e os amigos sem resposta alguma. Passei algumas horas atualizando a página no notebook, depois fui checar o cabo da internet, ah...passei um bom tempo inventando desculpas, mas não tinha, Quil não me respondeu, e era isso. Ele me tirou a única coisa que me conectava com um pedaço de mim mesma que eu não conseguia deixar para trás, eu não queria deixar para trás. Saber de Joy, nossa mãe, de Embry e Jacob, das banalidades e fofocas da reserva, principalmente, saber do meu irmão, me fazia sentir viva, que talvez eu ainda voltaria a fazer parte de tudo isso. Mesmo depois de quatro anos em Washington, eu ainda não tinha verdadeiramente aceito minha realidade, afinal, nem sequer foi minha escolha.
Minha mãe, quando eu tinha só onze, me avisou que me mandaria para a capital para estudar e ter uma chance de um futuro melhor, o que de longe faz muito sentido, mas como uma criança de onze anos pode entender sua mãe a separando de seu irmão, avô, dos seus amiguinhos, da sua escola...não tinha como. Lembro que chorei a semana inteira, tentei apelar por várias coisas, no entanto, eu estava desesperada, no final só chorava e me lamentava enquanto os dias passavam e ela arrumava tudo para minha ida. Quil, também novinho, tentou argumentar, muito inclusive, o que era estranho de ver ele fazer, ele sempre foi alguém tão animado, fácil de lidar, e mesmo sendo implicante, nunca tinha visto ele bater tanto de pé com a mamãe. Mesmo depois que eu fui embora, sem muito escolha, ele me mandava e-mails, me ligava e sinceramente, no primeiro ano foi minha única fonte de felicidade, a presença parcial dele na minha vida.
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ENTRELAÇADOS : 𝖯𝖺𝗎𝗅 𝖫𝖺𝗁𝗈𝗍𝖾
Fanfic- "Muitos diriam que eu sou impulsiva por isso, mas esses muitos jamais viveram na minha cabeça. Na minha opinião, ser impulsiva nos momentos certos, na verdade, é coragem. E sim, sou corajosa o suficiente para largar tudo e voltar de onde vim, sem...