É aqui.
O prédio é enorme, tem Janelas grandes, sua cor é um cinza desbotado. Fica perto o suficiente da faculdade, tem um supermercado na rua de trás, algumas lojas de roupas na outra. Pensei em tudo isso, porque quero ficar o mínimo de tempo fora de casa. Minhas aulas são apenas três vezes na semana, tudo de acordo com a receita médica ou pelo menos, de acordo com o que pedi para o médico colocar.
Ele bufa atrás de mim, com várias bolsas penduradas nos braços. Não entendo por quê ele tem tanta roupa.
— Você poderia me ajudar, não é Katherine?
Levanto os ombros, entrando no prédio. Aprenda a agir sozinho Seth.
Não tenho muitas coisas, duas malas foram o suficiente para mim. Tudo que eu tinha.
— Também estou com malas Seth. — Resmungo, esperando o elevador descer.
Seth me pediu, na verdade, quase me obrigou a morar comigo. Disse que não suportava mais nossos avós paternos. Ou era o contrário, eles me disseram que ele só aparece bêbado, passa dias fora de casa. Não fica em nenhum emprego. Querendo ou não, devo admitir, ele está se tornando um fardo. Mais um que parece tão perdido quanto eu.
Mas não deveria ser tão ruim, ele também perdeu a mãe, ele também teve tudo destruído. Perdeu o nada que tinha. Não podia recusar. Não podia fazer isso com ele.
O elevador chegou, entro acompanhada de Seth.
O silêncio é tão estranho, não tenho o que falar, não tenho o que fazer. Desdes novos, nunca tivemos uma conversa normal. Era sempre uma implicância sem fim, e no fim das contas, quando eu me preocupava com ele, ele nunca se sentia grato com isso. Como se eu querer protegê-lo fosse algo repugnante.
Mas eu só espero, do fundo do meu coração, que ele não se torne como nosso pai.
A caixa metálica sobe, tento pensar em algo para dizer, afinal não somos desconhecidos. Pense em algo Katherine.
— O que você ficou fazendo? — Resmungo, encarando meus próprios dedos.
— Como assim? — Ele não deixa de encarar o brilho do celular na sua frente. — Foi você que sumiu, eu sempre estive aqui, te esperando voltar. — A tela se apagou, tem algo estranho na sua voz, é puro ressentimento. — Você me largou pra trás.
— Não é verdade!
— Você e Henry, os dois me largaram. Me acharam descartável o suficiente.
Engulo o nó na garganta, é mentira, eu disse pra ele vir comigo, pra não ficar pra trás. Eu disse a ele. O nó me sufoca, as acusações voltaram, de novo para ele, sou egoísta. Alguém extremamente ruim. Não sou isso, eu estou melhor, juro, estou melhor. Eu estou tentando ficar melhor. Me dê só uma chance. Uma única chance.
— Seth, por favor…
Sinto a pressão no meu peito. E lá sempre volta para me sufocar, mas eu tento, todos os dias. Ainda não estou totalmente vencida. Só quero que a vida me dê uma chance. Me deixem mostrar que posso ser melhor. Não fraca. Não chorona. Não cheia de dores e cicatrizes. Não construída em um império de traumas.
— Só estou dizendo Katherine, tentando, é que você não estava do meu lado. Agora, eu tenho uma família de verdade. Eles se importam comigo, eles são pessoas de sangue quente. Você… você tem o sangue frio como de uma cobra.
O elevador abriu, mostrou o corredor tão branco como minha mente, como o vazio que se abriu no meu estômago.
fria como uma cobra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
SILÊNCIO PERFEITO | ABADDON #1
Romance"Essa cidade a noite me causa medo. HomesVille. Ela me faz querer estar a quilômetros daqui, apenas para não morrer com o peso do medo sobre os meus ombros. E aqui está enterrado, completamente tudo, debaixo dessa igreja, porque apesar...