Senti meu corpo cansado, eu já não tinha voz para gritar, minhas já pernas não se aguentavam em pé, tudo que me sustentava eram as correntes que prendiam minhas mãos ao topo de minha cabeça
estava em alguma sala, tudo estava escuro, o frio, fome e medo me consumiam
eu podia sentir o sangue escorrendo por minhas feridas recentemente feitas, se unindo ao já seco, minha boca guardava um gosto amargo, e toda vez que o vento gélido esbarrava em mim eu sentia meu corpo arder, era como se a cada segundo eu estivesse morrendo mais e mais...
Ouço passos ao lado de fora, e barulhos de correntes, logo em seguida a porta foi aberta, e a luz acesa, fazendo minha vista recuar
Ele estava lá, vestido com aquela roupa preta, e aquela máscara habitual, sua blusa marcava seus músculos, malditos músculos
Maldito homem
Maldito olhar penetrante que me fez me apaixonar
Maldito seja
Ele deu passos lentos, se aproximando do meu corpo, o deboche em seu olhar
Ele estava orgulhoso.
Desgraçado!
Ele estava feliz.
Queria matá-lo.
Podia ver o sorriso através de sua máscara.
Demônio.
Era assim que eu o via, todo o sentimento que um dia eu tive, todo o amor, todo o afeto.
Tudo, toda aquela alegria
Todos os belos sentimentos se tornaram o pior de mim, se transformaram em ódio.
O desejo de beijar seu pescoço, virou vontade de cortá-lo, virou vontade de enfiar minhas mãos em sua garganta e arrancar seus ossos
Ele se aproximou de mim.
Nojo.
Tocou meu rosto.
Nojo.
Beijou meu lábio.
Nojo.
Mordi seu lábio.
Satisfação.
Não consegui raciocinar, antes de sentir sua mão em meu rosto, ele havia me dado um tapa, que novidade, depois de tudo nada me surpreende.
Depois de ter meus braços mutilados, minhas pernas queimadas, meu rosto cortado, minha barriga perfurada...
Céus... tudo parecia tão pouco quando olhava para os pontos em minha barriga.
Ele me olhou
Ele agarrou meu queixo
Ele me beijou
Ele beijou meu pescoço
Ele me mordeu
Ele sorriu
E finalmente
se afastou
Com um movimento rápido Ele levantou um saco que pingava sangue. Eu o olhei confusa é claro.
- "minha doce e amada Victoria, todos os nossos problemas acabaram, poderemos ser felizes agora, e ninguém... ouça, ninguém, poderá nos atrapalhar... nunca mais"
O vi largar o saco no chão, fechei os olhos ao sentir sangue voar em meu rosto.
Olhei na direção.
Medo
Negação
Dor
Porra que dor
Olhei para o chão, meu corpo estremeceu, meus olhos foram tomados pelo pavor e pela enchente de lágrimas, e minha garganta que já não aguentava meus prantos de repente voltou a funcionar.
Com um grito, o pior dos gritos, o mais doloroso e desesperado que já dei em minha vida, senti como se minha garganta fosse rasgar, mas não importava, nada mais importava, ele estava ali.
Bem na minha frente, coberto por sangue. sem vida.
Tão pequeno, tão indefeso, tão inocente..
Meu bebê
Meu filho
- mother's Blood
- escrito e revisado: Kitty
- capa: Moongirl