Capítulo III: Crescimento e Perdura

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O tempo passou como o vento das asas de um dragão. Lyrax, que um dia fora um pequeno e vibrante ovo entregue a Baelys ainda no ventre de sua mãe, havia crescido com rapidez. Agora, com catorze anos, Baelys olhava para sua companheira alada com admiração e orgulho. Lyrax era imponente, com escamas de um verde escuro e opaco que brilhavam à luz do sol. Nas áreas mais escondidas de seu corpo, as escamas clareavam, tornando-se quase prateadas, refletindo sua nobreza e singularidade.

Ela havia adquirido hábitos marítimos, muitas vezes caçando grandes peixes nas águas ao redor de Pedra do Dragão, mergulhando como uma fera marinha em busca de tubarões e outros monstros do mar. Seu corpo era mais extenso que o de outros dragões, e a base de suas asas mais larga, como se tivesse evoluído para nadar tanto quanto voar. O par de chifres negros que coroavam sua cabeça lhe conferia uma aparência majestosa e assustadora, reforçando sua natureza selvagem e mortífera.

Baelys, com seus cabelos prateados que brilhavam à luz do sol, já demonstrava uma presença marcante entre seus pares. Apesar da juventude, ele vestia-se com o orgulho de sua linhagem, sempre adornado nas cores da casa Targaryen. Crescera sob os cuidados de sua avó, a rainha Alissanne, que o acolheu após a trágica morte de sua mãe. Embora ela o tenha tratado com carinho, Baelys sempre sentiu a ausência de uma figura paterna.

Crescer entre os netos de Jaehaerys e Alissanne, em especial Rhaenys, Viserys, e até o impetuoso Daemon, moldou muito de sua personalidade e de suas visões sobre poder, responsabilidade e lealdade

Rhaenys Targaryen, sua prima mais velha, era corajosa e determinada, mas via Baelys como fruto das escolhas impensadas de Viserra. Embora houvesse momentos de cordialidade entre eles, a distância emocional era clara. Baelys admirava Rhaenys, mas percebia que ela o tratava como alguém fora da linha de sucessão principal.

Viserys Targaryen era mais pacífico e cordial com Baelys. Havia respeito mútuo, mas Viserys também o enxergava como uma possível ameaça silenciosa ao trono. Baelys, por outro lado, via Viserys como alguém passivo demais para lidar com o poder do Trono de Ferro.

Com Daemon Targaryen, a tensão era evidente. Daemon ridicularizava Baelys e seu dragão, Lyrax, criando uma rivalidade velada entre os dois. Embora nunca tenham se enfrentado diretamente, Daemon via Baelys como um rival em potencial. Baelys, por sua vez, considerava Daemon imprevisível e perigoso.

Apesar dessas rivalidades, Baelys aprendeu a lidar com os egos de seus primos, desenvolvendo seu próprio senso de responsabilidade dentro da família Targaryen.

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Seu pai, Vaegon, agora o Senhor da Fortaleza do Terror Negro nas Ravinas de Maegor, responsabilidade empregada a ele pelo próprio rei, o tratava mais como um aluno do que como um filho. Vaegon era frio, impassível, e Baelys aprendeu com ele as duras lições da política e do combate, mas nunca sentiu o calor de um pai verdadeiro. Essa falta de afeto moldou a personalidade de Baelys, tornando-o responsável, mas também ambicioso. Ele queria ser mais do que apenas o filho de Vaegon. Queria ser um dragão de verdade, um verdadeiro Targaryen.

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O primeiro voo de Baelys em Lyrax foi uma experiência indescritível. Sentir o poder da dragão sob suas pernas, o calor que emanava de seu corpo e o rugido que ela soltava quando suas asas cortavam o ar fez o sangue de Baelys ferver de emoção. Eles subiram, cada vez mais alto, rasgando o céu azul até desaparecerem entre as nuvens. Era como se o mundo todo estivesse abaixo dele, e ele fosse o senhor dos céus.

Ao pousar novamente, Baelys sentiu que algo havia mudado. Ele não era mais apenas o neto de Jaehaerys e Alissanne, ou o filho de Vaegon. Ele era um cavaleiro de dragão.

O voo o havia transformado. A sensação de dominar o céu ao lado de Lyrax, a intimidade com o poder da dragão, era algo que Baelys sabia que mudaria seu destino. A conexão entre cavaleiro e dragão era mais do que um símbolo de status; era a verdadeira marca de um Targaryen. Ele não apenas pertencia à linhagem dos dragões, mas também começava a entender o peso dessa herança.

Enquanto Baelys contemplava as vastas paisagens abaixo dele, pensava em seu futuro. As rivalidades na corte e as lições duras de seu pai eram desafios que ele estava pronto para enfrentar com a confiança recém-descoberta. Com Lyrax ao seu lado, ele não estava apenas preparando-se para seguir os passos de seus ancestrais; estava pronto para deixar sua própria marca na história dos Targaryen.

O Herdeiro do Fogo: A Saga de Baelys TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora