001- "Não me toca"

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Tutu pom? olhem quem voltou.
espero que gostem dessa fic, tô sentindo falta das fanfics Kachel aqui nesse site. ❤️

Ranchel Sheherazade estava irritada. Não que fosse uma tarefa impossível, deixá-la assim. –Também não era tão fácil quanto pudesse parecer. — O problema em si era a pessoa em questão. Seu mal humor já durava muitos dias, e por incrível que pareça… Ela nunca se irritava com Kally.

Ela já não sabia o que fazer. As bochechas rubras, evidenciando raiva e ao mesmo frustração, mescladas com uma satisfação incabível no peito enquanto fitava a loira. De novo o coração galopava no peito, e as mãos jaziam trêmulas bem como a boca seca. Nunca iria se acostumar com a visão estonteante da perfeição de Rachel. Revirou minimamente os olhos, e a loira não o viu. Estava irritada consigo mesma, e não sabia como dizê-lo à mais velha. Como dizer, que estava irritada consigo e com ela.

Rachel Sheherazade estava irritada. Não era difícil deixá-la assim, mas também não era algo que acontecia facilmente. O problema dessa vez era a pessoa em questão: Kally. Por mais incrível que pudesse parecer, ela nunca se irritava com Kally, até agora.

O mal-humor da loira já durava dias, talvez semanas. A distância entre as duas era palpável, como uma parede invisível que Kally tentava derrubar sem sucesso. Ela tentava se aproximar, mas Rachel sempre se afastava, mantendo o olhar frio, a voz cortante. Kally não sabia o motivo daquilo, e isso estava a consumindo. Sentia-se perdida, confusa, e — o que mais a irritava — com ciúmes. Ciúmes de algo ou alguém que ela nem sabia se existia, mas que parecia estar roubando Rachel dela.

Kally fitava Rachel de longe, observando-a passar os dedos pelos cabelos loiros de forma distraída enquanto falava ao telefone. Provavelmente algo do trabalho, mas Kally não conseguia evitar a sensação incômoda de que havia algo a mais. As bochechas de Kally estavam rubras, não apenas pela raiva crescente, mas pela frustração misturada com um desejo que ela não conseguia controlar. Mesmo irritada, o coração acelerava toda vez que olhava para Rachel, a loira impecável, perfeita. E ao mesmo tempo, tão distante.

— O que foi que eu fiz? — murmurou Kally, para si mesma, revirando os olhos enquanto mordia o lábio inferior.

Ela odiava se sentir assim, impotente. O olhar frio de Rachel a estava matando aos poucos, e a incerteza era um veneno que se espalhava rapidamente. Kally estava acostumada com os toques de Rachel, os sorrisos carinhosos, as conversas que varavam a noite. Agora, tudo o que recebia eram respostas curtas e a sensação de que algo estava errado. E ela não sabia como resolver.

— Rachel! — Kally finalmente chamou, a voz mais alta do que pretendia. Rachel levantou os olhos do celular, arqueando uma sobrancelha.

— O que foi? — A resposta seca. Mais uma vez.

Kally sentiu o estômago revirar. Ela queria gritar, perguntar o que estava acontecendo, exigir respostas. Mas, em vez disso, seu corpo traiu sua mente, e tudo o que saiu foi um suspiro cansado.

— Você... está bem? — perguntou, a voz vacilando. Sabia que a pergunta soava fraca, mas não sabia como abordar o verdadeiro problema.

Rachel suspirou, parecendo ainda mais impaciente. Ela olhou para Kally por alguns segundos antes de voltar o olhar para o celular.

— Estou ocupada, Kally. Não posso falar agora.

Aquilo foi a gota d’água. Kally sentiu o peito apertar, as mãos começando a tremer. Ela não podia mais segurar.

— Sério? Isso é tudo o que você tem a dizer? — A voz de Kally agora estava carregada de frustração. — Faz dias que você está assim, distante, fria... Eu não aguento mais! Eu só quero saber o que está acontecendo com você. Por que está me tratando desse jeito?

Rachel ficou em silêncio, os olhos fixos no celular, os lábios pressionados em uma linha fina. Kally deu um passo à frente, tentando se manter calma, mas o ciúme e a raiva a estavam consumindo.

— Se tem outra pessoa... Se você está se afastando de mim por causa de alguém... — Kally não conseguiu terminar a frase. A simples ideia de Rachel com outra pessoa a deixava nauseada. Ela precisava de uma resposta. Agora.

Rachel finalmente ergueu o olhar, encarando Kally com uma expressão séria, os olhos brilhando de algo que Kally não conseguia decifrar.

— Não é isso, Kally — disse Rachel, a voz baixa, mas firme. — Não tem ninguém.

Kally piscou, surpresa. Algo na expressão de Rachel parecia... diferente. Não era frieza, era algo mais profundo, algo que Kally não conseguia identificar. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Rachel se levantou, os olhos nunca deixando os dela.

— E eu não vou discutir isso agora. — Rachel passou por Kally, deixando-a ali, sozinha, no meio da sala.

Kally ficou parada, o coração batendo forte, as mãos ainda trêmulas. Ela sabia que aquilo não terminaria assim. Não podia terminar assim. Ela queria discutir. Nossa, como queria. Queria ir atrás de Rachel, segurá-la firmemente pelo pulso e questionar tamanha grosseria.

A verdade era que não conseguia. “Se querer é poder, tem que ir até o final…” dizia um trecho daquela música de um reality show famoso. Querer nem sempre é poder, ressaltava  sua mente, entretanto ela já estava em seu limite. Ela sentia o corpo pesado. Os ossos trêmulos, a garganta seca. Caminhou atrás da esposa, percorrendo o mesmo trajeto que ela.

— Vai me deixar falando sozinha? — Bufou.  — É sério?

— O que queria que eu fizesse? Você só fala besteira. — Respondeu a loira mais velha, voltando-se para o balcão da cozinha.

Aquele foi o estopim para Kallyane, que há dias vinha suportando o mal humor da mulher. Ela se aproximou rapidamente, antes que Rachel tivesse controle do próprio corpo para se afastar, prendendo a loira entre o mármore e seu quadril.

— O que foi, baby?— Perguntou Kally, carinhosa, apesar de irritada. — Se tem alguma coisa de errado vamos conversar… não é isso que você vive me dizendo?— A mais nova tocou delicadamente o rosto de Rachel, segurando seu queixo com carinho para fazê-la olhar em seus olhos. Foi questão de um minuto, e toda a pose relutante da Sheherazade ruiu, mas então, como se o destino estivesse contra Kally, ela logo voltou, pior que antes.

Rachel segurou firme no pulso da cantora e afastou a mão dela de seu rosto. Os lábios apertados um contra o outro, atraindo inevitavelmente a atenção da Fonseca para sua boca. Os olhos escuros levemente fechados, demonstrando sua irritação para com a reação da mais nova. Rachel limpou a garganta e proferiu a única frase que Kally nunca esperou ouvir de sua voz:

— Não me toca.

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