Capítulo 20: O Labirinto

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O silêncio na fábrica abandonada era opressor. A luz fraca das lâmpadas penduradas lançava sombras dançantes nas paredes, criando uma atmosfera sombria e inquietante. Turner, Clara e eu estávamos em posição, esperando pelo confronto final com Jonathan Gray. Meu corpo estava exausto, meu coração batendo forte, e a insônia que me assombrava há semanas parecia me consumir a cada passo.

Havia algo no ar, uma sensação de que estávamos prestes a chegar ao clímax de um pesadelo que começara com mentiras e se transformara em algo muito mais terrível. Gray havia manipulado meus pensamentos e memórias de formas que eu mal conseguia compreender, e agora, estávamos prestes a encerrar esse pesadelo.

— Estamos quase lá — disse Turner, sua voz firme apesar do cansaço. — Lembrem-se de ficar alertas.

Clara fez um gesto para que continuássemos. O ambiente era um labirinto de ferro e concreto, e eu sentia que cada passo era uma tortura. O peso dos eventos recentes, das mortes e das mentiras, parecia cada vez mais opressor.

Finalmente, chegamos a uma grande sala no centro da fábrica. O cenário era desolado e sombrio, com restos de equipamentos espalhados pelo chão. No centro da sala, uma figura encapuzada estava esperando. Era Jonathan Gray. Seus olhos brilhavam com uma intensidade fria, como se ele estivesse esperando por este momento desde o início.

— Jack Carter — a voz de Gray era um sussurro gelado. — Finalmente, o jogo chegou ao fim, minha criatura.

Eu tentei manter a calma, mas a tensão era palpável. Gray havia manipulado minhas memórias, mexido com minha mente, e agora parecia que tudo estava prestes a desmoronar. Turner avançou, com as mãos firmes na arma, enquanto Clara seguia atrás dele, com uma expressão de determinação.

Gray tirou um dispositivo do bolso, e um som agudo começou a emitir, um sinal de perigo iminente. A adrenalina tomou conta de mim, e eu puxei minha arma, mirando diretamente em Gray.

— Não se mova! — gritei. — O que diabos você fez comigo, porra?

— Te tornei... perfeito! — Gray respondeu com um sorriso sinistro.

— Eu não sou perfeito, eu estou quebrado. O que você fez comigo? — continuei gritando.

— Jack... — ouvi a voz de Clara ao longe, seu tom implorante. — Por favor, solte essa arma.

— Quem é essa, filho? — Gray perguntou, sua voz cheia de um desprezo frio.

— Filho? — Clara repetiu, sua voz cheia de incredulidade.

— Ele é minha criação, então é meu filho. — Gray explicou, seu olhar não saindo de mim. — Eu o reprogramo mentalmente usando técnicas de hipnose avançada.

Eu sentia o peso das palavras de Gray como se estivessem esmagando minha mente. O que ele estava dizendo parecia surreal, mas a verdade estava começando a se revelar em fragmentos dolorosos.

— Quando Adam nasceu, eu vi o potencial nele, mas ele foi destruído pela sua própria natureza violenta. Depois de matar duas mulheres, incluindo degolar uma delas e entregar a cabeça à polícia, Adam foi morto em um confronto com a polícia. — Gray disse, sua voz cheia de uma mistura de tristeza e orgulho. — Eu precisava de um substituto, alguém que pudesse canalizar a mesma essência perturbadora que Adam possuía, mas sem a consciência de sua verdadeira natureza.

As palavras de Gray estavam cortando através da névoa da minha mente. Eu me lembrei das sessões de hipnose quando era adolescente, a sensação de estar sendo moldado e manipulado, mas nunca realmente entendendo o que estava acontecendo. Agora, tudo fazia sentido. Gray havia me usado para criar uma versão controlada de Adam, uma aberração que se encaixava em seus planos.

— Então, tudo o que eu sou... — eu murmurei, a voz trêmula. — Foi criado por você.

— Exatamente — Gray confirmou, com um olhar que era um misto de orgulho e frieza. — Você é a culminação de meu trabalho. Agora, vamos ver se o Jack que você pensa ser é capaz de enfrentar sua verdadeira natureza.

Eu senti uma onda de revolta e confusão. Turner e Clara estavam se movendo ao meu redor, tentando entender o que estava acontecendo. A tensão era quase insuportável, e eu podia sentir a pressão aumentando.

— Não há mais para onde fugir, Jack. — Gray deu um passo à frente, o sorriso cruel ainda no rosto. — É hora de encarar a verdade.

Com um movimento rápido, eu levantei minha arma, sentindo o peso dela em minha mão. A dor e o tormento da última semana haviam se acumulado em uma explosão de raiva e desespero. Eu mirei diretamente em Gray e, com um grito de frustração, disparei. A bala atingiu Gray com um som estonteante, e ele caiu ao chão, o olhar de surpresa e dor estampado em seu rosto.

— Não! — Clara gritou, seu grito cortando o ar enquanto corria em direção a Gray, suas mãos estendidas em um gesto de desespero.

Turner estava pronto para se mover, mas eu estava paralisado, a realidade do momento começando a se instalar. Gray estava morrendo, sua vida se esvaindo lentamente, mas algo ainda estava errado. A sensação de que havia mais para descobrir estava crescendo, e o ambiente ao nosso redor parecia se fechar.

De repente, algo mudou. Eu senti uma onda de desconexão, como se minha mente estivesse se fragmentando. As sombras na sala começaram a se mover de maneira estranha, e a sensação de ser observado era opressiva. Eu estava lutando contra uma sensação de desorientação, como se uma parte de mim estivesse se separando da realidade.

E então, no meio do caos, uma figura surgiu. Era eu, mas não era eu. Era um alter ego, uma versão de mim mesmo que parecia estar se materializando a partir das sombras. Seu olhar era frio e calculista, e eu percebi que o verdadeiro terror estava apenas começando.

— Finalmente, você me encontrou. — A figura, que se apresentou como Adam, disse com uma voz que era uma mistura do meu próprio tom e algo mais sinistro. — A verdade é que eu sou parte de você, uma sombra de sua própria mente.

Eu estava atônito, incapaz de compreender a totalidade do que estava acontecendo. Gray estava morrendo no chão, e a figura de Adam parecia estar se tornando cada vez mais real. A realidade estava se desfazendo ao meu redor, e eu estava sendo confrontado com o verdadeiro horror da minha própria existência.

— Você sempre esteve aqui, Jack. — Adam continuou, sua voz reverberando na sala. — E agora, é hora de aceitar quem você realmente é.

A última coisa que eu vi foi o olhar frio de Adam e a expressão horrorizada de Clara e Turner antes que tudo se tornasse um borrão.

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⏰ Última atualização: Sep 11 ⏰

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