20 - ECOS DO PASSADO

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Pov'Diana

Após ir pela primeira vez ao restaurante, eu e minhas amigas vimos que eles estavam abertos também à tarde e fomos após o colégio, pedimos e começamos a saborear nossos pratos enquanto conversavam animadamente sobre os últimos acontecimentos da escola.
A atmosfera do restaurante era acolhedora, tinha me encantado desde o começo, a música suave e a iluminação agradável criavam um ambiente perfeito para diversas ocasiões.

De repente, Sabrina me cutucou com o cotovelo. 

Olha só aquele chef, ali! - diz sussurrando pra mim. - Ele não te lembra alguém?

Eu me virei na direção onde Sabrina estava apontando e eu tentava reconhecer. Atrás do balcão, concentrado em finalizar um prato, estava um homem alto e de cabelos escuros. Seus traços eram fortes e marcantes, e havia algo em seu olhar que a deixava estranhamente familiar.

Nossa, Sabrina, é verdade, parece que já vi ele em algum lugar!”- digo impressionada.

Ele é muito parecido com alguém, mas não consigo lembrar quem..., digo franzindo a testa.

Talvez seja algum parente distante ou algo assim, sugeriu Sabrina, dando de ombros.

Eu continuei observando o chef, tentando decifrar o mistério. Havia algo em seu sorriso, em seu jeito de se mover, parecia que eu realmente conhecia de algum lugar. Mas quem seria?

De repente, uma lembrança vaga surgiu em minha cabeça. Uma foto antiga, guardada em um álbum que estava escondido em minha casa, onde minha mãe aparecia ao lado de um homem que eu nunca havia conhecido. O homem da foto tinha um rosto familiar, muito parecido com o do chef que estava ali, na cozinha do restaurante.

 O homem da foto tinha um rosto familiar, muito parecido com o do chef que estava ali, na cozinha do restaurante

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– “Sabrina, e se..., tentei falar e fui interrompida.

Se o quê, Diana?

E se aquele homem lá fosse... meu pai?

Sabrina arregalou os olhos.Você está falando sério? Mas como isso seria possível?

Eu balancei  a cabeça, sem saber o que responder. A ideia era absurda, mas ao mesmo tempo, parecia fazer tanto sentido.

E assim a noite mal havia caído e eu já estava imersa em meu computador, digitando freneticamente o nome do restaurante e o nome do chef que me havia deixado tão intrigada. A cada nova aba que abria, a minha esperança crescia. Eu precisava saber mais sobre aquele homem.

As primeiras páginas dos resultados da busca me levaram a diversas matérias sobre o restaurante e o chef, mas nada de muito pessoal. No entanto, ao rolar a página, meus olhos se fixaram em um título que a deixou curiosa:
"Do ateliê para a cozinha: a surpreendente história do chef  Murilo Baggio".

Clicando em cima do link, eu me deparo com uma entrevista antiga com o chef.
Na entrevista, ele falava sobre sua paixão pela culinária, mas revelava que a arte era sua primeira paixão.
A cozinha é como um ateliê, dizia ele.

Cada prato é uma obra de arte, e os ingredientes são minhas tintas.

No entanto, ele também mencionava que havia precisado abandonar a arte nas esculturas por motivos pessoais.
A vida nos leva por caminhos inesperados, confessava ele.

Eu li a matéria diversas vezes, tentando encontrar alguma pista que a levasse mais perto da verdade. A menção à arte me intrigou ainda mais. Afinal, minha mãe não era uma pessoa artística, mas sempre gostou de saber as histórias por trás. Talvez essa fosse mais uma conexão entre ela e o chef.
A entrevista também mencionava um relacionamento passado, mas sem dar muitos detalhes. Houve um momento em minha vida em que o amor me consumiu”, dizia ele, com um olhar distante. Mas a vida segue, e aprendemos a lidar com as perdas.
Eu senti um aperto no no coração ao ler aquelas palavras. Será que ele estava falando sobre minha mãe? Será que ele ainda a amava? Milhares de perguntas surgiram em minha mente, mas nenhuma resposta.

Frustrada, fechei o computador e me joguei na cama. A cada nova informação, mais perguntas surgiam. E eu precisava de respostas, mas não sabia como encontrá-las.

No dia seguinte, na escola, eu não conseguia tirar o chef da cabeça. Então decidi que precisava agir. Talvez, se eu fosse ao restaurante novamente, pudesse ter uma conversa com ele. Afinal, eu sou uma cliente e tinha todo o direito.
Com o coração acelerado, eu combinei com a Sabrina de voltar ao restaurante no fim de semana. Dessa vez, eu estava determinada a descobrir quem era ele.

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