Caí no mar e fiquei à deriva.Com uma âncora peito e o casco quebrado, passei a afundar.
Passaram minutos, horas, dias, semanas, meses e anos.
Quanto mais fundo eu estava, menos via a luz do sol. Menos via o céu azul. Menos vida eu tinha.
A âncora continuava me fazendo descer.
A água continuava me invadindo e me afundando mais e mais.
Fui tão fundo que só tinha escuridão, frio, medo, desespero e solidão.
Pensei em continuar no fundo. Em deixar a água me invadir. Em deixar a pressão do mar me implodir.
Seria tão mais fácil continuar no escuro.
Seria tão mais parar de respirar.
Seria tão mais fácil parar de me debater pra voltar a superfície...
Mas continuei.
A âncora ainda pesa e às vezes não aguento o seu peso.
O casco ainda está cheio rachaduras e todo dia tento remendar.
Constantemente me afogo, me debato, perco o ar.
Caí no mar e fiquei à deriva.
Um dia talvez reencontre a terra firme e consiga fazer dela o meu lar.
Consiga juntar os meus destroços que se espalharam e me livrar do peso da âncora.
Um dia.
Talvez.
Não sei nadar, mas continuo tentando voltar a superfície.
Continuo tentando respirar.
Continuo a nadar.