Não Somos Irmãos

Capítulo 67

Os olhos dançavam alternando entre Liam, que pegava em minha mão constantemente, e Dylan, o qual diminuía o olhar cada vez mais com o passar dos minutos. Não sei por que queria muito saber o que passava pela sua cabeça, desejava alguma explicação. Deus! Por mais que eu tento odiá-lo, eu sinto uma verdade estranha nas suas íris, como se o rapaz quisesse falar algo nunca dito antes. Ou talvez, já me acostumei a me iludir. Talvez a pequena Emma ainda vigora dentro de mim, não acreditando nas falhas de seu pequeno amado.

Meu sangue borbulhava nas veias, por causa da quantidade de energia que chega até o meu corpo. Aquele nervosismo fazia a minha testa soar um pouco. A parte boa disso é que as pessoas parecem curtir a música, e não há nada mais gratificante do que sentir que alguém está realmente gostando de uma obra sua. Fiz a letra com muita dedicação, mas isso tudo se deve ao Liam, pois sem ele eu jamais teria coragem o suficiente para me expor desse modo.

Quando terminamos a primeira música, a próxima veio cheia de energia. O som pulsante transformou o evento em uma verdadeira festa, com os jovens finalmente se soltando, rindo, e se entregando à diversão. As bebidas circulavam entre sorrisos e conversas animadas, enquanto alguns casais trocavam olhares e carícias discretas. Liam, radiante, me puxou mais para perto do centro da pista para que pudéssemos aproveitar ainda mais a música. Ríamos e cantávamos juntos, sentindo cada batida no corpo. A vibração ao meu redor era contagiante, e eu nunca havia me sentido tão viva, tão cheia de energia.

No instante em que finalizávamos nossa última música da noite, senti a mão de Liam encontrar a minha mais uma vez. O toque suave fez com que nossos olhares se cruzassem, mas desta vez de forma ainda mais intensa do que nos ensaios. Só que agora ele estava perto demais, e o ar entre nós parecia vibrar de expectativa. Sinceramente não sei nem o que sentir, se medo, nervosismo ou vontade. O último certamente é para parecer que não estou mais na do Dylan. A multidão ao nosso redor, captando o momento, começou a gritar, pedindo por um beijo.

— Até eles estão querendo isso — ele murmurou com um sorriso travesso, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Liam se inclinou e me beijou.

Todos começaram a bater palmas e alguns assobios surgiram no ambiente. Isso não era o nosso plano, porém não julgo Liam por fazer isso pelo calor do momento. Aliás, o garoto é o candidato mais forte a quem devo dar uma chance. No momento em que distanciei dos lábios de Liam, colocando a mão em seu peito e suavemente o empurrando, olhamos para a plateia. Havia sorrisos de orelha a orelha, somente o rapaz das covinhas que não refletia reação alguma enquanto a loira dançava em sua frente. Eu também não sabia o que sentir ou ao menos esbanjar o que sinto, porém, forço um pequeno sorriso, não que eu não tenha gostado do fato de Liam me surpreender novamente, mas sim de não conseguir demonstrar o mesmo que ele.

Então, saímos do palco do mesmo modo que entramos: juntos.

Liam

Embora tenha passado uma hora desde que saímos do palco, ainda podia sentir o calor daquela apresentação. Emma se encontrava muito linda hoje, que quando a vi pela primeira vez no camarim, pensei em agarra-la pela cintura e lhe preencher de beijos, é claro, com sua permissão. Porém, como faltava pouco tempo para cantarmos, fui impedido até mesmo de lhe dar um selinho.
Os nossos dias estavam sendo ótimos, justamente porque Dylan tinha viajado, e desse modo, pude sair com Emma sem ser impedido. Mas agora com a volta dele, dúvidas surgem em minha cabeça, pois embora esteja confiante que sou o melhor para a garota, fiquei um pouco com ciúmes ao vê-la repara nele. O que estou fazendo de errado?

Por isso, sempre pegava em sua mão, para sentir a minha presença ali, e no final, em uma atitude involuntária, lhe beijei, para recordá-la que eu realmente estou à disposição de ser dela.

Ainda arrumava algumas coisas no camarim e quando me dou conta estou sentindo um doce cheiro vim da minha camisa, eu sei bem de quem era.

— É de jasmim — falou uma voz atrás de mim enquanto me observava sentir o cheiro da minha própria roupa. Dylan.

— Está bêbado? — questiono, levantando as sobrancelhas ao mesmo tempo que via a sua situação deprimente, seus cabelos estão bagunçados enquanto os olhos se encontram em uma tonalidade vermelha. — Pensei que o capitão do time não ingerisse álcool.

— Vai se foder — comentou imediatamente.

— Dylan, se veio tentar me fazer desistir da Emma, esquece — balanço a cabeça.

— Você me disse que poderia ser o último, e é verdade! — se escorou em uma mesa. O que ele está querendo dizer? — A Emma deve ficar com alguém que não tenha falhado tanto com ela, que não tenha lhe feito chorar por várias noites.

— Eu sei disso — respondo, ainda tentando compreender o que de fato ele queria dizer naquela conversa.

— Esse é o meu único aviso, se ela quer ficar contigo, faça ela feliz. — disse, em um tom rígido – Você pediu o meu lugar, então, não erre.

Naquele momento, minha garganta secou. Eu não conseguia encontrar palavras.

— A Emma gosta de presentes que tenham significado — disse ele, a voz firme, mas com um quê de desespero que me fez estremecer. — Então, escolha com cuidado o que vai dar a ela no aniversário. Comece a pensar meses antes... E faça daquele o melhor dia do ano para ela. Comida japonesa é a favorita, sabe? Você pode usar isso como desculpa para estar perto dela, sempre. — Ele começou a andar de um lado para o outro, a ansiedade visível em cada passo. — Ela adora o telhado, é o refúgio dela. E toda vez que cantar para você, aplauda como se fosse a melhor coisa que já ouviu. Ah, e nunca, nunca esqueça das flores. Surpreenda-a, porque ela vive por esses momentos. Não precisa ser nada caro... — Ele parou de repente, o olhar cravado em mim, cheio de uma dor que parecia prestes a explodir. — Até uma flor arrancada do jardim serve. Emma ama a simplicidade, e isso... isso é o que eu mais admiro nela. — Sua voz falhou por um segundo. — Quando ela olhar para você... vai ser como se o mundo tivesse parado, e você vai se sentir o homem mais sortudo da face da Terra. — respira fundo — E no natal, dê um cartão falando dos seus sentimentos a ela.

Eu tentei falar, mas ele me interrompeu, a voz agora grave e carregada de emoção:

— Não machuque a Emma. Eu estou entregando a mulher da minha vida. Não cometa o mesmo erro que eu cometi.

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