EU, VOCÊ e o que não dizemos!

JOANINHA

•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
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"Mesmo eu sendo insuportável às vezes, eu tenho medo de um dia ficar sem você!" - RIO

Meu lance com Chloé é um labirinto do qual eu não consigo escapar. Estar perto dela todos os dias, observá-la de relance, ouvir sua voz e sentir sua presença é uma tortura silenciosa. Cada pequena interação, por mais inocente que pareça, faz meu coração acelerar e meus pensamentos se embaralharem. Gostar dela enquanto vivemos sob o mesmo teto é como estar preso em um teste de resistência, onde tudo dentro de mim clama para agir, mas minhas mãos permanecem atadas.

Eu passo noites em claro, lutando contra esses sentimentos que se recusam a desaparecer, tentando convencê-los de que não podem existir, mas eles estão sempre lá, me rondando. Eu deveria protegê-la como um irmão, mas meus desejos traem qualquer noção de fraternidade. E, por mais que eu tente sufocar isso, não consigo. A verdade é que estar perto dela, e não poder tocá-la, confessar o que realmente sinto, me consome a cada dia.

Eu só queria que fosse mais simples, que ela não fosse esse enigma que domina meus pensamentos. Eu só queria que Chloé não fosse minha meia-irmã. Isso tornaria tudo menos... impossível.

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Nova notificação
Mensagem de texto recebida.
Chloé 🐞
"Cookies de chocolate com pimenta estão quentinhos a sua espera!"
Chloé 🐞
"Não demore ou terei de comê-los sozinha.... que sacrifício." ☺️

QUANDO CHLOÉ ENVIAVA uma mensagem relacionada a chocolate era porque estava feliz e tinha novidades.
Desci as escadas correndo, mas ela não estava na cozinha, vejo a porta de correr aberta, seguindo os farelos pelo piso branco vou até o jardim e lá está ela.
Sentada de pernas cruzadas sobre uma toalha de praia estendida na grama, o rosto levemente inclinado para o céu e de olhos fechados. Um prato de cheio de cookies está em seu colo, ela mastiga delicadamente saboreando sua receita.
Eu fazia esses cookies no restaurante quando ainda morava em Lisboa e ensinei para Chloé uma receita assim que me mudei para sua casa. Cozinhar para ela era um dos únicos momentos em que eu não me sentia intimidado e podia ser eu mesmo.
Me sentei ao seu lado, ela então me olhou e sorriu. O dente levemente sujo de chocolate. Ri disfarçadamente unindo os lábios de forma contida.

- O que foi? Do que está rindo? - ela passa a língua entre os dentes me olhando desconfiada.

- Qual a novidade? - pego um cookie.

- Não conte para Bárbara, é surpresa. Tia Agnês vem para o Natal! - ela sorri entusiasmada.

Desde que iniciou seu relacionamento com Tim, minha mãe desejava conhecer sua cunhada que mora na França.

- Só isso? Achei que era uma coisa mais espetacular.

De repente a mini constelação nos olhos de Chloé brilhou magicamente. Ela hesitou por alguns instantes e então confessou.

- Tia Agnês tem planos para mim ano que vêm, e se tudo der certo, eu irei para França após a formatura.

Ela vibra eufórica com um sorriso de orelha a orelha, mas sua animação cai feito uma bomba sobre mim.
Se tudo desse certo para ela consequentemente daria errado para mim! E não consigo evitar me sentir um pouco egoísta em relação a sua viagem, ela era importante demais e eu um covarde para assumir isso.