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CHRISTOPHER LUÍS VON UCKERMANN

Oito anos atrás

Ergo os olhos para a porta do quarto que Maria tem usado e assisto-a se aproximar com o cabelo ainda molhado deixando um rastro de água pelo tecido da camiseta larga, o pescoço carregado com as marcas que deixei os chupões e mordidas, parecidas com as que ela deixou em mim, e uma expressão satisfeita no rosto.

Se eu não estivesse preocupado com o rumo que as coisas entre nós dois pode tomar, estaria com a mesma expressão.

– Espero que tenha entendido que te ignorar nunca foi sobre não te querer – digo, assim que ela se senta ao meu lado no sofá.

Um sorriso satisfeito brinca em seus lábios quando ela assente.

– Mas antes que aquilo aconteça de novo, precisamos esclarecer algumas coisas.

– Quem disse que vai acontecer de novo? – Ergue a sobrancelha.

É a minha vez de sorrir.

– A forma como você me olha deixa isso claro. – E a forma como eu a desejo reforça isso ainda mais.

Não sei se é proposital, mas algo em seus olhos muda, afetando tanto a atmosfera que nos certa quanto meu pau, que parece pronto para voltar a vida.

Quero foder sua boca enquanto vejo seus olhos.

Algo me diz que vai ser como uma viagem ao paraíso, mesmo que ela pareça agir como um verdadeiro demônio, ainda mais quando se ajeita no sofá, virando o corpo na minha direção, e me olhando com curiosidade.

– E o que precisamos conversar antes de acabarmos transando de novo?

– Exclusividade.

O espanto cruza seu rosto.

– Você quer ser exclusivo?!

– Não. É justamente onde quero chegar. – Alívio me toma ao ver como Maria parece tão avessa a essa opção quanto eu.

No ano em que passei na Espanha, eu nunca fiz questão de me preocupar em esclarecer os termos do que eu teria com qualquer mulher que dormisse comigo. Também não dei a entender que seria nada mais que sexo, entretanto, nunca reforcei que seria só isso.

Até porque, eu não me importava com nenhuma delas.

Mas eu me importo com Maria.

Tanto quanto eu quero fodê-la.

Por isso, a fim de evitar qualquer problema que um mal-entendido poderia causar, principalmente a ela, uma mulher que já passou por tantas coisas terríveis, decido ser claro sobre o que está acontecendo entre nós. E o que não está.

– Espere que eu te foda como ninguém nunca te fodeu, Maria, mas não espere um relacionamento comigo. Não estou interessado em um.

– Por que acha que eu...?Ah... – entendimento toma seu rosto, espantando a confusão, então ela acena para si mesma. – Acha que vou me apaixonar por você. – Não é uma pergunta. É mais uma conclusão.

– Já esteve com alguém além de Pablo? – Nega. – Então você ainda não lidou com sexo casual, não é?

– Não. Mas não precisa se preocupar. Posso garantir que não vou me apaixonar por você.

Não posso deixar de soltar um riso, surpreso.

– Deveria me sentir ofendido?

– Não. O problema não tá em você. Uma pessoa normal com certeza se apaixonaria por Christopher Luís Von Uckermann. Acontece que eu não sou uma pessoa normal. – Dá de ombros, a tranquilidade em seu tom fazendo com que ela pareça estar falando sobre algo banal com o clima. – Eu sou quebrada, Luís. E faltam algumas partes em mim. Uma dessas partes é a minha capacidade de amar alguém.

AmnésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora