A Guarda de Damian Wayne

¹⁴Caçada nas sombras

Naquela noite, enquanto seguíamos pelo beco escuro em busca de Damian, meus pensamentos não paravam de girar. Eu tentava encontrar uma explicação para tudo. Para os homens que nos atacaram, para a forma como Damian os enfrentou com uma destreza assustadora, e principalmente para o fato de que ele simplesmente desapareceu, como se fosse um fantasma. Como ele fazia isso?

Samantha e Matt seguiram à frente, armas prontas, varrendo a área com olhares atentos. Minha mente ainda estava presa na conversa com Damian. Como aquele garoto tinha tanta certeza de que não precisava de mim? E, mais importante, como ele conseguia lutar daquele jeito? As perguntas se acumulavam na minha cabeça, mas, no fundo, eu sabia que não teria respostas tão cedo.

— Astrid, você está bem? — Matt perguntou, sem se virar.

— Sim. Só tentando entender o que aconteceu — respondi, tentando controlar a frustração.

— Aquilo foi estranho mesmo — Samantha comentou. — Quem eram aqueles caras? E por que estavam atrás de Damian?

— Ele não quis me dizer — resmunguei. — Disse que eu "não aguentaria a verdade". Pode acreditar?

Matt soltou um riso seco. — Isso soa exatamente como algo que o filho do Bruce Wayne diria. Sempre achei que ele fosse arrogante.

— Ele é — respondi, sem hesitar.

Conforme avançávamos pelo beco, avistei uma pequena escada de incêndio que levava a um telhado. Damian teria ido para cima? Eu não descartaria essa possibilidade, considerando o quão ágil ele parecia ser.

— Vou subir para dar uma olhada — disse a eles, indicando a escada com um movimento de cabeça.

— Tem certeza? — Samantha perguntou. — A gente pode seguir por aqui e tentar achar mais pistas no chão.

— Não, ele pode estar escondido em algum lugar mais alto. Eu preciso garantir que ele esteja bem. Além disso, se ele estiver em apuros, eu sou a responsável por ele — respondi.

Sem mais uma palavra, comecei a subir pela escada de metal, o coração batendo forte no peito. A adrenalina ainda corria pelo meu corpo enquanto eu alcançava o topo. Quando finalmente cheguei ao telhado, a vista era de tirar o fôlego. As luzes de Gotham piscavam como estrelas artificiais, refletindo a vastidão da cidade abaixo. E ali, no meio de todo aquele caos, estava Damian.

Ele estava parado, encarando o horizonte, como se não tivesse pressa alguma de voltar.

— Você tem um hábito bem irritante de desaparecer — comentei, cruzando os braços enquanto me aproximava.

Damian nem se virou para me encarar. — E você tem um hábito bem irritante de me seguir.

Eu revirei os olhos. Como ele conseguia ser tão irritante? — Está me deixando sem escolha. Bruce Wayne me contratou para te proteger, lembra?

Ele finalmente se virou, os olhos verdes faiscando sob a luz fraca da lua. — Eu não preciso de proteção, Astrid. E você sabe disso.

Caminhei até ele, mantendo o olhar fixo no dele. — Ah, eu sei que você é bom de briga, Damian. Mas lutar contra bandidos em um beco escuro não é algo que um herdeiro bilionário deveria estar fazendo sozinho.

Ele deu um sorriso debochado. — Talvez eu não seja apenas um "herdeiro bilionário". Talvez eu seja algo mais.

Aquilo me fez parar por um momento. — O que você quer dizer com isso?

Damian desviou o olhar, e o silêncio entre nós ficou pesado. A tensão pairava no ar, e eu podia sentir que havia algo a mais por trás de tudo aquilo. Ele estava escondendo algo. Algo grande.

— Deixe pra lá — ele finalmente disse, afastando-se e caminhando em direção à beira do telhado.

— Não, não vou deixar pra lá — insisti, dando um passo à frente. — Você está em perigo, Damian. E eu quero te ajudar. Mas, para isso, preciso saber do que estamos lidando.

Ele se virou bruscamente, os olhos brilhando com raiva. — Não preciso da sua ajuda, Astrid! Eu já disse isso. E quanto mais você tenta se envolver, mais perigoso isso fica para você!

— Não me importa o perigo! — retruquei, sentindo a frustração crescer dentro de mim. — Eu fiz um juramento, Damian. Proteger pessoas é o que eu faço. E quer você goste ou não, eu fui contratada para te proteger. Então, me deixe fazer meu trabalho!

Damian me encarou por longos segundos, como se estivesse ponderando algo. Eu podia ver o conflito em seus olhos. Ele queria me afastar, isso era claro, mas ao mesmo tempo, parecia estar lutando contra alguma outra coisa dentro de si.

— Isso não é sobre você — ele finalmente disse, a voz mais baixa, mas carregada de tensão. — É sobre... quem eu sou. Quem meu pai é. E eu não posso te envolver nisso.

Eu franzi a testa, confusa. — Quem seu pai é? Bruce Wayne? O bilionário?

Damian riu, mas não havia humor em seu tom. — Bruce Wayne é muito mais do que você imagina.

Antes que eu pudesse processar o que ele estava tentando me dizer, o som de um alarme ecoou pela cidade. Algo estava acontecendo. Algo grande.

Damian olhou para o horizonte, e seu semblante ficou sério de repente. — Eu preciso ir.

— Ir? Ir para onde? — perguntei, mas ele já estava se afastando novamente, movendo-se em direção à escada.

Eu o segui rapidamente, descendo atrás dele. — Você não pode simplesmente sair correndo toda vez que as coisas ficam complicadas! Me diga o que está acontecendo, Damian!

Ele parou na base da escada e me encarou, os olhos verdes brilhando intensamente na escuridão. — Você não quer saber, Astrid. Acredite em mim. É melhor assim.

E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele desapareceu mais uma vez nas sombras, deixando-me ali, sozinha, com mais perguntas do que respostas. O que diabos está acontecendo?

Matt e Samantha chegaram logo depois, ofegantes. — Encontrou alguma coisa? — Matt perguntou.

Eu balancei a cabeça, tentando controlar minha frustração. — Ele sumiu de novo.

Samantha suspirou. — Esse garoto é um problema.

Eu olhei para o horizonte, onde o alarme ainda ecoava pela cidade. Algo me dizia que esse "problema" era muito maior do que eu podia imaginar. E eu precisava descobrir o que estava acontecendo, antes que fosse tarde demais.