•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
______________________________________"O mundo parece injusto!" - MOANA
Donavan! - suspiro, ao desligar o telefone.
SEU NOME ECOOU no meu coração como um alívio e, ao mesmo tempo, como uma promessa quebrada de que tudo ficaria bem. As lágrimas, de alívio e felicidade, misturavam-se ao desespero que ainda me assombrava. Meu peito subia e descia rápido, como se tentasse alcançar o ritmo do coração que não conseguia desacelerar. Eu estava há quarenta e cinco minutos dele, mas parecia uma eternidade, como se o tempo se arrastasse com crueldade.
Assim que entrei no carro, o mundo ao meu redor ficou embaçado, não por causa da velocidade, mas pelo medo. Agradeci a Deus, a cada curva, por me permitir chegar. Um presente, uma segunda chance. Quando finalmente alcancei o hospital, corri pelos corredores, os pés mal tocando o chão, como se fugir do meu próprio pavor fosse possível.
Ao chegar na porta do quarto, meus passos diminuíram, meu corpo foi se aquietando enquanto a adrenalina dava lugar à ansiedade. A equipe médica formava uma barreira ao redor da cama, e por um instante, Donavan desapareceu para mim. Bárbara, firme ao lado dele, absorvia cada palavra dos médicos, mas o silêncio dela gritava algo que eu ainda não entendia.
Meus olhos buscaram desesperadamente por respostas no rosto do meu pai. Ele não precisava falar nada; o olhar que me lançou carregava um turbilhão de sentimentos - alívio, medo, esperança... e talvez um pouco de culpa. Meu coração apertou.
- O que está acontecendo? - sussurrei para não atrapalhar a conversa dos médicos com Bárbara.
- Ouça! - disse fazendo menção aos médicos.
- Pode ser provisório, mas não temos como saber de imediato, a gravidade da lesão pode ter sido mais extensa. Ele precisará fazer novos exames.
Assim que concluem suas explicações eles deixam o quarto, e meus olhos vão de encontro aos de Donavan que está sentado na cama.
Ele perdeu muito peso.
Está abatido e fraco.
Caminho lentamente até o pé da cama.
Me aproximo pela beira até chegar ao seu lado e então, seguro sua mão.
Seu olhar sobre mim parece tentar me decifrar, ele delicadamente toca as minhas pequenas sardas com seus dedos frágeis balbuciando pintinhas... Posso ler seus lábios me chamando de Joaninha.- Donavan! - minha voz embargada pela emoção me traí enquanto meus olhos marejados tentam esconder minhas fraquezas.
Meu coração descompassa ao vê-lo, como se cada segundo tivesse sido uma espera infinita por esse momento. A alegria é tão intensa que transborda em lágrimas silenciosas, enquanto o abraço apertado que lhe dou parece tentar unir todos os pedaços do tempo perdido. Mas, ao invés do calor de seus braços, sou recebida por uma ausência. Ele não retribui.
Solto-o, confusa, e o vejo olhar para Bárbara, uma sombra de incerteza passando por seus olhos. Sua voz baixa, quase um sussurro, pergunta: "Quem é ela?"
O mundo parece desmoronar aos poucos. Bárbara, com o semblante triste, acaricia seu rosto com uma ternura que só aqueles que carregam fardos silenciosos sabem oferecer. Ela sorri, mas é um sorriso dolorido, carregado de um peso que ainda não entendo.
- É Chloé querido, sua meia-irmã.
Donavan não fala nada, apenas me olha dos pés à cabeça sem nenhuma expressão.Olho para Bárbara e depois para meu pai que está logo atrás de mim, sem entender o que está acontecendo. Ele segura a minha mão e me leva para fora do quarto.
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EU, VOCÊ e o que não dizemos!
RomansaA única coisa que Chloé não podia, ou melhor dizendo, a única pessoa por quem ela não devia se apaixonar, era Donavan, seu meio-irmão. Mas seria impossível ignorar a atração que sentia por aquele olhar profundo e enigmático, uma sombra sedutora que...