Capítulo 15

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Capítulo 15

Thamy desceu silenciosamente os degraus da escada, com passos cuidadosos. A mansão de Salvatore era imensa e cada canto parecia escondido por sombras que ela ainda não havia explorado. Após o desconfortável café da manhã, Kira havia voltado para seu quarto, ainda se recuperando da tensão dos últimos dias. Mas Thamy não conseguia simplesmente ficar parada. Eram coisas demais para processar. 

Enquanto caminhava pelos corredores, o silêncio da casa era quebrado apenas pelo som de seus passos e... algo mais. De repente, ela parou, capturando um som suave ao longe. Música. Uma melodia delicada, quase como uma canção de ninar, ecoava pelos corredores de mármore.

Curiosa, ela seguiu o som, movendo-se com cautela. A música parecia vir de um dos salões menores da mansão, e conforme se aproximava, ela reconheceu a suavidade das notas de piano, misturadas com um ritmo sutil e encantador. Seu coração acelerou, não apenas pela música, mas por uma curiosidade crescente sobre o que encontraria.

Quando chegou à porta entreaberta do salão, hesitou. Uma parte dela sabia que deveria se manter discreta, especialmente depois de tudo que havia acontecido. Mas a melodia a atraía como um ímã, e ela não conseguiu resistir. Empurrou a porta suavemente e entrou, seus olhos se ajustando à luz suave que entrava pelas janelas altas.

Lá, no centro do salão, estava Graziela.

A menina girava suavemente ao som da música, seus pés pequenos deslizavam pelo chão com uma graciosidade inesperada para uma criança de sua idade. Ela estava totalmente absorta na dança, movendo-se com leveza, como se o mundo ao redor não existisse. O cabelo de Graziela voava ao ritmo de seus movimentos, e o vestido branco que usava esvoaçava a cada volta.

Thamy ficou parada na entrada, sem ousar se mover ou interromper o momento. Observava com um sorriso encantado, o peito se apertando de forma inesperada. Ela sempre sonhara em ter filhos, em criar uma família, e ver Graziela ali, dançando tão inocente e despreocupada, despertava algo profundo dentro dela. A menina parecia uma visão, como se fosse parte de um sonho que Thamy não conseguia alcançar, mas sempre desejou.

Ela suspirou, sem perceber, e o som suave de sua respiração chamou a atenção de Graziela.

A menina parou de dançar abruptamente e olhou para Thamy, surpresa, mas sem medo. Havia algo puro e curioso no olhar da garota.

— Oi, você está aqui — disse Graziela, um sorriso tímido aparecendo em seu rosto. — Você gosta de dançar?

Thamy deu um pequeno sorriso, sua voz saiu quase em um sussurro.

— Eu adoro. Não sou tão boa quanto você, mas sempre amei dançar.

Graziela riu, um som doce que encheu o salão vazio.

— Papai me coloca em aulas de balé, mas eu gosto mais de dançar assim, sozinha — ela confessou, dando um pequeno rodopio, como se fosse para provar seu ponto.

Thamy deu um passo mais para dentro do salão, cruzando os braços de leve, sentindo-se cada vez mais encantada pela sinceridade da menina.

— Você dança lindamente, Graziela. Eu sempre quis... ter uma filha que pudesse dançar assim. Ver isso é muito especial para mim.

A menina sorriu amplamente e caminhou até Thamy, pegando sua mão com naturalidade.

— Você pode dançar comigo, se quiser — sugeriu Graziela, os olhos brilhando com inocência e gentileza. — Eu posso te ensinar alguns passos!

Thamy riu suavemente, sentindo o calor do toque da menina e, por um momento, esquecendo o caos que havia invadido sua vida. Ela balançou a cabeça.

— Acho que sou um pouco desajeitada para isso... mas adoraria tentar.

Salvatore Romero: Dançado com o perigoOnde histórias criam vida. Descubra agora