•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
______________________________________"Hoje é um bom dia para tentar!" - CORCUNDA DE NOTREDAME
- Me belisca! - digo, com a cabeça repousada em seu peito.
- Por que? - ri feito um bobo.
- Quero sentir que não estou sonhando!
- Você não está! - ele segura suavemente meu rosto com suas mãos firmes e me beija os lábios docemente.
- Viu?Um sorriso escancarado persiste estampar nossos lábios.
- E agora? - meus olhos brilhantes de felicidade se transformam em pura angústia.
UMA NUVEM DENSA PAIRA SOBRE NÓS, trazendo de volta a realidade crua e inescapável. Dois obstáculos se erguem, sólidos e imponentes. A distância entre Paris e Winnipeg é apenas um sopro comparado à muralha impenetrável que é meu pai. Não era apenas a geografia que nos separava; era o peso de sua presença, o controle que ele exercia sobre tudo ao meu redor. Frente a ele, éramos como um segredo, prestes a ser descoberto, prestes a ser desfeito.
- Você deve ir. Nos veremos quando for possível. Manteremos contato.
Donavan é coerente, ele mantém a razão acima do sentimentalismo que nos toma o peito.
- Vai dar tudo certo, confie em mim!
Com o coração em pedaços, avanço pela plataforma de embarque, sentindo cada passo com pesar como se estivesse deixando parte de mim para trás. Os olhos de Donavan seguem cada movimento meu, carregando uma intensidade que torna a separação ainda mais dolorosa. A distância entre nós parece se estender, ampliada pela dor aguda que consome meu peito.
Ao me acomodar na poltrona do avião, a melancolia me invade. Olho pela janela, buscando Donavan entre a multidão, mas ele já não está mais lá. O vazio em seu lugar faz o ar sumir dos meus pulmões, uma sensação de perda tão profunda que me paralisa por um momento. Uma inquietação toma conta de mim e, antes que possa pensar, me levanto.
Com minha bagagem em mãos, corro desesperadamente para a saída, sem olhar para trás. A passarela, antes tão curta, parece interminável agora. Quando finalmente chego à saída, olho para o céu e vejo o avião decolando sem mim, levando com ele todos os sonhos que eu pensei que seguiria.
Mas então vejo Donavan, de costas, sentado sobre sua moto a poucos metros, os olhos fixos no horizonte, vigiando o céu. O sol começava a despontar no horizonte, lançando um brilho suave sobre ele. Sem hesitar, corri em sua direção, sentindo que, ali, ao lado dele, é onde sempre deveria estar.
- Chloé, o que faz aqui? - ele se espanta ao me ver.
Dou-lhe um abraço apertado que demora, sem pressa nenhuma em acabar.
Ainda em seus braços digo: "vamos para casa, Donavan."******
A sala estava silenciosa, apenas o som da respiração contida de ambos preenche o espaço. Bárbara mantém o olhar firme, sua voz é baixa e suave, mas cheia de um peso emocional que meu pai não consegue ignorar.
- Você pretende mesmo negar a sua filha o direito à felicidade?
Bárbara encara ele com olhos repletos de emoção.Ele franze o cenho, desconfortável, desviando o olhar, incerto.
- Chloé é uma criança, Bárbara. Ela nunca namorou. Isso é apenas um amor platônico.
- Está dizendo que Donavan vai decepcioná-la?
Ela se inclinou levemente para frente, com o olhar incisivo.
- Eu confio inteiramente em meu filho. Ele não é esse tipo de pessoa, mas você está sendo. Está decepcionando Chloé, agindo assim.
Sua voz tremulou por um instante.
- Eles se amam, Tim.
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EU, VOCÊ e o que não dizemos!
RomanceA única coisa que Chloé não podia, ou melhor dizendo, a única pessoa por quem ela não devia se apaixonar, era Donavan, seu meio-irmão. Mas seria impossível ignorar a atração que sentia por aquele olhar profundo e enigmático, uma sombra sedutora que...