RIDE OR DIE

CAPÍTULO 8

Taizo Ikeda era um excelente guarda-costas, um título que carregava com uma seriedade quase religiosa.

Sua dedicação à função transcendia o simples cumprimento de um dever: para ele, proteger a família Tanigawa era uma missão de vida, uma responsabilidade transmitida através das gerações dos Ikeda. 

Desde muito jovem, Taizo foi treinado não apenas nas artes marciais e no manejo de armas, mas também no código de honra que regia o relacionamento de sua família com os Tanigawa — um laço de lealdade, dever e sacrifício. Esse vínculo não era apenas profissional; era quase sanguíneo.

A família Ikeda tinha servido os Tanigawa por décadas, talvez até séculos.

 O respeito e a gratidão compartilhados entre as duas famílias eram profundamente enraizados em uma história de proteção mútua, onde as linhas entre empregador e protetor se dissolviam.

 Para os Ikeda, servir aos Tanigawa não era um trabalho que se encerrava com o término de um contrato ou com o cair da noite. Era um juramento de vida, uma missão passada de pai para filho, de mãe para filha, com a promessa de que, enquanto houvesse um Ikeda, a segurança de um Tanigawa jamais seria comprometida.

Por trás dessa devoção, no entanto, havia também uma complexidade sombria. 

A história dos Tanigawa estava longe de ser imaculada. Por gerações, o clã havia acumulado uma reputação de poder imensurável — um poder que ia além das esferas legítimas. Eles estavam entrelaçados com uma organização criminosa tão vasta e influente que fazia até mesmo a notória Yakuza parecer pequena em comparação.

 A força e o alcance dessa organização ultrapassavam fronteiras, controlando redes de tráfico, manipulações políticas e negócios ilícitos em várias partes do mundo.

Embora os Tanigawa fossem uma família importante e respeitada dentro dessa organização, eles não eram os líderes supremos. Eles ocupavam uma posição elevada na hierarquia, desempenhando papéis cruciais, mas ainda serviam a uma liderança maior e mais temida. 

Mesmo assim, seu poder era notável, e sua capacidade de influência dentro do submundo do crime era inquestionável. 

 Poucos ousavam desafiá-los sem sofrer graves consequências.

A lealdade dos Ikeda aos Tanigawa vinha com um preço alto. Se, por um lado, os Tanigawa ofereceram proteção e oportunidades à família Ikeda em momentos críticos de sua história, por outro, os mantinham presos em uma rede de obrigações e sacrifícios pessoais.

 Taizo sabia desde cedo que ele não seria apenas um guarda-costas. Ele seria um escudo humano, um soldado silencioso destinado a proteger tudo que vinha daquele clã.

Taizo sabia de tudo isso. Ele sabia que estava inserido em um mundo onde confiança e traição andavam lado a lado, onde o poder podia corromper até mesmo os mais leais. Mas, para ele, a lealdade ao clã Tanigawa era inquestionável. 

Mesmo sabendo que sua família também estava conectada a algo muito maior e perigoso, seu dever permanecia claro: proteger a família a qualquer custo, mesmo que isso significasse mergulhar cada vez mais fundo no abismo de suas próprias escolhas dentro do submundo do crime.

Dizem que no submundo do crime, você é capaz de conhecer pessoas de todos os tipos — os mais confiáveis e os mais traiçoeiros, aqueles que se movem por honra e aqueles que fariam qualquer coisa por poder. A superfície desse mundo, muitas vezes envolta em glamour e mistério, oculta uma teia de desconfiança, onde alianças são temporárias e promessas não passam de palavras vazias.

A confiança, neste ambiente, é uma moeda rara. 

No começo, você pode até acreditar que conhece as pessoas ao seu redor. Elas sorriem, apertam suas mãos, trocam olhares que parecem firmar um pacto invisível. Mas, rapidamente, descobre-se que os olhos mentem, que as palavras sussurradas em sigilo podem ser traiçoeiras. Qualquer fraqueza pode ser explorada, qualquer erro pode ser usado contra você. E o preço de confiar na pessoa errada não é apenas a perda de dinheiro ou de uma oportunidade — é a perda da própria vida.