15 | Marina

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Em meio ao sono pesado, ouvi um som que me fez despertar num sobressalto. Batidas na porta. Meu coração começou a bater acelerado quando percebi que aquela era a voz da minha irmã.

— Marina? — ela chamou, o tom dela carregado de preocupação.

Merda. Merda. Merda.

Olhei rapidamente para o lado e vi Roberto deitado, completamente relaxado, como se não tivesse uma única preocupação no mundo. Bati em seu braço com uma urgência que fez seus olhos se abrirem num sobressalto. Ao ouvir a voz de Rosane, sua expressão mudou de imediato.

— Droga... — ele murmurou, levantando-se rapidamente da cama, a calma se dissolvendo na velocidade da luz.

— Vai pro banheiro! — ordenei, com a voz entrecortada pelo desespero.

A urgência em minhas palavras o fez reagir sem pensar e já estava correndo em direção à porta, tentando ao menos fingir calma. O pânico subia pelo meu corpo, deixando minhas mãos tremendo. Antes de abrir a porta, respirei fundo e tentei soar despreocupada, mas minha voz saiu um pouco mais alta do que eu pretendia.

— Espera um pouquinho, Rô! — falei, com um tom que tentei fazer parecer casual. — Eu tô pelada aqui.

Era uma desculpa ridícula, mas era a única que me veio à mente naquele momento. Eu esperava que ela não insistisse. Roberto já tinha se trancado no banheiro, e eu podia ouvir o som suave da fechadura se encaixando, o que me deu um breve alívio. Do outro lado da porta, ouvi Rosane suspirar.

— Eu não tô achando o Roberto... — Sua voz ainda carregava uma nota de preocupação. — O carro dele tá na garagem, a farda no guarda-roupa, mas ele não tá no quarto.

Meu coração parecia que ia saltar pela boca. Eu sabia que, se ela desconfiasse de algo, estava tudo acabado. A imagem de Roberto sendo pego escondido no banheiro passou pela minha mente como um pesadelo vívido. Respirei fundo antes de abrir uma fresta na porta, me certificando de que ela não pudesse ver nada além do meu rosto.

— Ah... o Roberto? — Forcei um tom de surpresa. — Não vi ele desde ontem à noite. Talvez ele tenha saído para correr... Ele faz isso às vezes, né?

Meu tom vacilou por um segundo, e eu sabia que ela podia ter notado. Do outro lado, Rosane ficou em silêncio, ponderando.

— Eu acho que vou ligar pro Mathias... — ela disse, como se estivesse pensando alto. — O Roberto tem tantos inimigos, e você sabe que o trabalho dele no batalhão é complicado.

Meu coração parou. Mathias era o parceiro de Roberto no batalhão, e se ela ligasse para ele, não demoraria para descobrir que o marido dela não estava onde deveria estar. Mas se eu a impedisse de ligar, só pioraria a situação. Então, a única coisa que pude fazer foi sorrir o mais suavemente que consegui.

— Faz isso, Rô. Melhor garantir que está tudo bem — falei, tentando soar tranquila, mas me odiando por dentro e minha voz saiu um pouco falsa até para mim.

Ela assentiu, ainda com um olhar preocupado, mas pareceu relaxar um pouco.

— Desculpa por te acordar, Nina. Eu tava realmente desesperada.

— Relaxa, tá tudo bem — respondi, mais suave. — Vai lá resolver isso.

Ela se afastou devagar enquanto eu fiquei escutando cada passo dela até o fim do corredor, antes de soltar o ar que estava preso em meus pulmões. O alívio foi imediato, mas breve. Sabia que ainda não estávamos completamente a salvos. Caminhei até o banheiro e bati de leve na porta, tentando controlar a tensão na minha voz.

— Ela foi embora.

Roberto abriu a porta devagar, saindo do banheiro com um olhar carregado de tensão. Ele não disse uma palavra enquanto caminhava em direção à janela. Abriu-a com destreza, e o ar fresco da manhã invadiu o quarto.

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