CAPÍTULO DEZESSEIS

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UM MÊS DEPOIS

MANUELLA

O sol estava quente sobre a minha pele, o vento e o cheiro do oceano preenchiam cada espaço do lugar. Sorri encarando o mar bater nas pedras a nossa frente, aquele era meu paraíso. Fechei os olhos e puxei o ar, absorvendo aquela sensação tão familiar.

— Mamãe? — Sorri ainda mais e baixei os olhos.

Senti o coração batendo forte contra o peito. Ele era lindo, tão perfeito, tão meu. Acariciei o seu rostinho, toquei o seu cabelo e absolvi o calor e o cheirinho de bebê que ele emanava. Ele segurou a minha mão e a prendeu contra o rostinho colado ao meu peito. Eu o segurei mais forte, prendi contra os meus braços e aproveitei cada segundo que ele me dava. A sua pele era tão macia, tão real.

Um barulho alto chamou a minha atenção e eu olhei pra cima buscado a coruja branca e bege que sempre surgia, ela estava empoleirada no banco de madeira e encarava nos dois. Não me movi dessa vez.

— Mamãe?

— Oi, meu amor. — Olhei pro Vinícius preso em meu colo e sorri. Ele parecia tão...

— Onde tá o Vitinho, mamãe? — Me derreti com o bico que ele fazia ao chamar o nome do irmão.

Passeei de novo os dedos pelo seu cabelo. Admirei cada linha do seu rostinho, cada marquinha e sinal que ele compartilhava com o pai e com o irmão. Suspirei enquanto sentia os seus dedos buscarem a minha mão de novo. Meu Deus, como parecia real.

— Por que tá chorando, mamãe?

— Não tô. — Respondi, ele sorriu e levantou a mãozinha.

Senti o calor, a maciez do seu toque deslizando pelo meu rosto. Fechei os olhos absorvendo cada movimento, cada dedinho pequeno desenhando o caminho que as lagrimas faziam em meu rosto. Queria que fosse real. Queria tanto que fosse...

— Não chora, vou ficar triste também. — Abri os olhos e beijei a palma da sua mão.

— Não estou triste. Estou feliz, meu anjinho.

Ele puxou a mãozinha e pousou a cabeça de volta em meu peito. Naquela posição ele com certeza ouvia o meu coração aos pulos. Será que ele sentia? Será que ele notava as minhas mãos tremerem sobre seu corpinho?

— Onde que tá o Vitinho?

— Ele está dormindo... — Respondi admirando os seus olhinhos tão parecidos com os meus. — Como você deveria estar.

— E a Tina?

— Ela está dormindo, meu amor. Por que você também não dorme?

— A Vivi também? — Ele se encolheu nos meus braços e eu aceitei o seu corpinho pequeno contra o meu. — Ela tá mimindo?

— Está. — Quis voltar a chorar, mas tentei me conter. Era tão pouco tempo. — Você não quer dormir com a mamãe?

— E com o papai? — Prendi os lábios e neguei com a cabeça.

— Não, meu menino. Hoje você vai dormir só com a mamãe, amanhã você dorme com o papai.

Ele levantou a pequena mãozinha e limpou mais uma lágrima que escorria sem eu perceber. Sem falar nada dessa vez, ele sorriu e me olhou com tanto carinho. Eu sabia que não era real, sabia que era um sonho, mas a cada sonho com ele eu desejava que fosse real. Que ele estivesse nos meus braços quando eu acordasse.

O Crime Perfeito - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora