Besteiras Que Fiz Pelo Meu Irmão (TBHK)

Capítulo Único

Meu nome é Saburo Mitsuba, e tenho um irmão gêmeo chamado Sousuke Mitsuba. Nós dois temos cabelo e olhos cor-de-rosa, a pele clara, bochechas grandes e rosto arrendondado. Nenhum de nós é mais alto que o outro, apesar de Sousuke sempre ter sido mais velho que eu, por 3 minutos.

Se eu precisasse dizer qualquer características marcante que o Sousuke tinha, era o quão bom fotógrafo ele era. Ele herdou isso do papai, que era um ótimo fotógrafo antes de ser pego pelo desastre que aconteceu em Sendai no ano de 2011, quando foi viajar a trabalho para tirar fotos de uma modelo de lá. Até hoje, me surpreendo como a câmera sobreviveu ao terremoto e ao tsunami, mas ele não.
Quando a câmera voltou para nós, nem eu nem a mamãe quisemos usá-la, mas quando a gente foi ver, Sousuke se tornou um fotógrafo incrível.
E apesar dele se recusar a tirar fotos da mamãe, já que ele disse que ela é brega (eu não disse nada, mas concordo com ele), ele sempre adorou tirar fotos de mim. Eu sou muito estiloso, Sousuke sabe disso, e por isso sempre adotou meus macetes para moda.

Aliás, antigamente, costumava ser impossível nos diferenciar, até para nossa mãe e para nosso pai, quando ele estava vivo. Amávamos nos vestir da mesma maneira, com vários adornos e acessórios lindos que nós sempre compramos em dose dupla. Usávamos o nosso cabelo no mesmo penteado também, com um coque e a franja atrás da orelha, e tinhamos o mesmo brinco prateado na nossa orelha esquerda.
Sabiamos muito bem que não era comum que garotos tivessem esse interesse em coisas como moda, mesmo sendo novos demais naquela época, mas nunca ligamos bem para isso, porque não estávamos sozinhos, tinhamos um ao outro. Para mim isso era suficiente, porém acredito que tenha sido demais para Sousuke, principalmente depois que entramos no ensino fundamental.

Na cidade onde morávamos, tinha um único colégio considerado bom, que se chamava Colégio Kamone. Para entrar nele, ou você precisava pagar uma mensalidade absurdamente cara, ou fazer uma prova para conseguir uma bolsa.
A mamãe queria que pudéssemos estar lá, para podermos ter uma condição melhor de vida no futuro. Porém, o salário de uma enfermeira nunca foi muito bom, e não era suficiente para pagar nem uma mensalidade sem correr o risco de não podermos pagar as contas. Por isso estudamos e fizemos a prova.

Digo "estudamos" no plural, mas para ser honesto, meu irmão estudou mais do que eu. Acabei ficando muito investido em desenhar uma peça específica de roupa na qual eu tinha pensado, e só estudei na véspera da prova. Já ele foi capaz de organizar o seu dia para poder estudar pelo menos 2 horas por dia e não largar sua paixão por fotografia. Claro, ele acabou ficando um pouco cansado na época por ter tirado tempo do seu sono para poder estudar, mas era quase uma certeza que ele quem ia passar.

Mas Sousuke não passou, e eu passei. A causa foi extremamente boba, ao meu ver: ele errou na hora de marcar o gabarito.
Ele ficou abalado como eu nunca tinha visto antes. Eu sei disso, mesmo que ele tenha feito seu máximo que dava para não surtar na minha frente.
Eu o vi durante a madrugada, chorando na beliche de baixo, quando achou que eu tinha caído no sono no andar de cima da cama.

Para mim foi tão confuso o porquê dele ter ficado tão abalado com aquilo, mas só de vê-lo naquele estado, quis dar a minha bolsa para ele para que ele pudesse ir no meu lugar. Mas eu não podia.

Quando as flores de cerejeira desabrocharam, seguimos caminhos diferentes para ir para a escola pela primeira vez. Eu fui para o Colégio Kamone e ele foi para um tal de Colégio Fuun.

Eu fiquei bem lá, consegui fazer alguns amigos até que bem rápido, como a veterana Sakura Nanamine, Natsuhiko Hyuuga ou o meu colega de classe Tsukasa Yugi. Mas ele não estava nada bem.

Depois de alguns dias de aula, notei que Sousuke estava com alguns machucados pelo corpo, de diversos tipos. Roxos, vermelhos, cortes (em sua maioria profundos) e ralados. Nem todos se encaixavam nas desculpas que ele estava dando, mas não importava o quanto eu insistia, meu irmão se recusava a abrir a boca.