𝚂𝚌𝚊𝚛𝚜

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Nada melhorou.

Faz dois dias desde que dormi na casa de Colin. Ele está com olheiras enormes, não está se cuidando, comendo, não consegue arrumar sua rotina, afazeres domésticos, sua mesa está uma zona, não responde direito, dorme no meio do trabalho e sai cerca de cinco vezes para ir ao banheiro chorar. Eu não aguento mais assistir isso.

Colin mais uma vez sai para ir ao banheiro chorar. Eu sei que é para isso. Eu bufo quando o vejo ir e aperto as têmporas.

- Mr. Woodrow - Uma voz me chama. Eu olho para frente e vejo o Mr. Truman me encarar. Arregalo os olhos e me ergo, mostrando respeito à si.

- Mr. Truman. -Disse firme em postura rígida.

- Descansar. - Relaxei meus músculos e o fito.

- Em que posso ajudá-lo, senhor? - O homem negro suspira, coloca uma mão na cintura e a outra acaricia sua barba.

- Brandon, o que raios está havendo com Colin? - Eu suspiro com sua pergunta.

- Eu não sei dizer, Mr. Truman, ele não está bem há alguns dias e se recusa a falar algo. - O homem bufa. Ele sabe mais do que eu como Colin pode ser teimoso com seu bem estar.

- Preciso falar com ele - O homem cruza os braços na altura do peito.

- Do que se trata? Se não for invasivo de minha parte perguntar. - Mr. Truman me olha.

- Um novo policial chegou, um aprendiz.
- Franzi o cenho. Um aprendiz? Nesta temporada do ano? - Também achei estranho, mas, bem, ele já está aqui, e está esperando. E como Colin é o responsável por receber os aprendizes e os licenciar... - Assenti. Ainda lembro do meu primeiro dia aqui, um mero novato aprendiz que não tinha nada e que foi julgado por todos, exceto por um único policial/detetive que veio até mim com um sorriso convidativo no rosto e as melhores aulas da minha vida. Este que atualmente é meu melhor amigo. Eu sorri fraco.

- Entendo... Vou tentar chamá-lo.

- Faça isso. - Mr. Truman concorda e eu curvo a minha cabeça, saindo em seguida para ir atrás de Colin.



Colin


Eu sou tão patético, tão estúpido, tão fraco e frágil... Como alguém como eu pode acordar todos os dias e olhar a minha própria cara de pau no espelho? Eu não sou digno desse distintivo, não sou digno de pisar neste prédio, digno da lealdade de Alex, da amizade de Brandon, da confiança do Mr. Truman, eu não mereço nada além do que está acontecendo agora.

Eu estava chorando todos os dias como um infame, um miserável, um tolo. Chorava em minha casa, durante o banho e me permiti atolar de trabalho pois não consigo passar duas horas parado, que logo já corro para o banheiro, para me sentar no chão cheio de prováveis germes, e lá eu choro até meus soluços abafarem as buzinas dos carros do lado de fora, até meus olhos doerem de tão molhados e eu precisar parar.

Meu celular vibra. Eu sabia que era uma mensagem dele, ele estava me atormentando incansavelmente como um diabo. Ontem tentei bloqueá-lo, e foi a pior decisão da minha vida, pois ele me achou novamente, com outro número, que quando rastreado, parecia que ele estava literalmente ao meu lado. Como um filme de terror, como um fantasma, e isso tirou todas as minhas noites de sono.

Além desse terror, as ameaças pioraram, as fotos se tornaram cada vez mais íntimas, como fotos minhas trocando de roupa. As cortinas de minha casa nunca mais foram abertas. Os avisos se tornaram mais sérios, pois hoje mesmo, ao abrir a porta, eu vi uma caixa, que parecia uma encomenda minha.

E ao abrir, eu vi um esquilo morto, com seu corpo partido ao meio, larvas devorando seu corpo, os olhos saltados, moscas ao redor, um dos piores odores que eu já senti, junto de um papel para mim, me ameaçando caso em tentasse fugir. E desde cedo eu não consigo colocar nada na barriga.

ҒϴᎡᏴᏆᎠᎠᎬΝ ᏞϴᏙᎬOnde histórias criam vida. Descubra agora