Por trás das câmeras

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      Porto Alegre, 2006.

      Era quase meia-noite quando aquele que parecia ser a única pessoa presente pelos laboratórios da Salazar Inc. parava diante de uma das grandes janelas e observava o quão pequenas pareciam as pessoas lá embaixo – parecia estar ali a horas, naquela sala bastante escura, as únicas luzes que podiam ser vistas eram dos prédios vizinhos – “Tão inferiores” – murmurava o homem; ele era alto, musculoso, parecia ser alguém importante, tinha ombros largos e quase não tinha cabelos, as únicas coisas em seu rosto eram seus olhos vazios, seu nariz torto, seu cavanhaque perfeitamente alinhado e sua boca quase sem expressão.

      Ele estava ajeitando o colarinho de seu terno quando outro rapaz atravessou a porta daquela sala repleta de máquinas e avistou-o.

      – Yuri, o que está fazendo? O horário já deu, o prédio será fechado. – Esse não era tão assustador, era baixinho, tinha uma barba ajeitadinha, um rosto carismático, uma pequena pancinha e usava óculos grandes.

      – Bata na porta, Luís. Onde estão seus modos? – virou-se, espalhando sua frieza por todo o ambiente.

      –  Estava conferindo se ninguém tinha perdido a noção do tempo, e pelo visto você perdeu, não é? – deu passos longos até seu colega.

      –  Entendo. Devo ter esquecido-me de lhe avisar, ficarei até mais tarde para algumas pesquisas.

      – De novo? Já é a terceira vez esta semana. Os acionistas da empresa estão ficando desconfiados! – Ele franziu as sobrancelhas.

      –  Os acionistas não têm nada a ver com isso, Luís. – disse seriamente, encarando Luís com aquele olhar intimidador.

      – Está cavando a própria cova, cara. Depois não diga que não avisei. – Luís lançou um olhar decepcionado e atravessou a porta novamente, batendo-a com força e deixando o lugar.

      – Não bata a porta, pedaço de infortúnio! – gritou Yuri perdendo a postura, mas logo depois voltou a sua pose, pregando-se novamente no chão. – Tolo – Ele voltou a olhar para a janela, já sozinho na sala – , nunca será digno de tamanha grandeza. Eu não vejo a hora de tomar o seu lugar, assim como devia ter sido desde o início.

      De repente, o relógio de Yuri começou a apitar como um alarme, com o horário “23:30” piscando no visor.

      – Finalmente, já era hora – Ele parecia já estar esperando por isso, tanto que não se surpreendeu muito, apenas manteve-se sério – , é hora do show.

      E de um segundo para o outro, um sorriso maligno e discreto revelou-se na face de Yuri; o homem simplesmente passou a encarar a porta por um tempo, como se estivesse esperando alguma coisa acontecer, mas a escuridão do lugar realmente exalava um suspense avassalador e uma sensação esquisita de medo. Foi quando a maçaneta girou lentamente, e a porta começou a se abrir de forma mais lenta ainda, até que se abriu totalmente…

      As únicas coisas que podiam ser vistas eram olhos grandes, brilhantes e brancos, enquanto uma voz horripilante e rouca dizia algo.

      – P-p-p-por favor. N-não! – gritava aquela criatura que parecia ser empurrada para dentro da sala, ao mesmo tempo que as luzes do laboratório se acendem e dois homens com trajes anti-radiação se revelam atrás do monstro. Era uma criatura gigantesca, aproximadamente dois metros de altura, tinha a pele estranhamente enrugada, dedos grossos, braços largos que ultrapassam o joelho e pés do tamanho de um peru de Natal, talvez maior. Também estava usando um tipo de crachá com o nome “Timnê #001” o corpo lotado de sangue fresco, como se tivesse sido torturado inúmeras vezes

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⏰ Última atualização: Sep 15 ⏰

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Boris Galvani e o Segredo da CápsulaOnde histórias criam vida. Descubra agora