CAPÍTULO DEZENOVE

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UM DIA ANTES


CAVEIRA

— OH! — Alguém me chutou. Levantei a cabeça atordoado, bêbado de sono e cheio de dor. — Tu é o Caveira!?

Meu olho direito estava fechado, minhas costas estavam queimando. Olhei pro cara a minha frente, ele estava sem camisa, seu peito moreno era coberto de tatuagens... desenhos que refletia claramente os seus crimes.

— OH! — Ele gritou de novo e quase gritei com a dor que o chute me causou. — É o Caveira ou num é?!

— Quem quer saber? — Sussurrei e ele riu. Só percebi o celular quando ele encaixou o aparelho no ouvido e se agachou na minha frente.

— Ele tá na minha frente, irmão. Ganhou de brinde uma coça num faz uma hora. — A sua risada fez os meus ouvidos doerem. — Não vou servir de babá, tá ligado que uma visita de boceta não vale essa porra, PL! — Mais uma risada e eu me encolhi. — Deve ser de ouro então, vai mandar a tua mulher?

Ouvi quando o PL gritou do outro lado e olhei meio tomto pra cima. O infeliz tinha tirado o celular do ouvido e fazia uma careta pra parede atrás de mim. Nunca me senti tão bem ao ouvir o PL surtando. O cara voltou a colocar o celular no ouvido.

— Já acabou? ... Já entendi... uhum. Vai enfiar a minha cabeça dentro do meu cú... Entendi. — Ele suspirou, levantou e virou as costas pra mim, só assim vi os dois do lado de fora da cela. — Vou fazer essa porra, tô falando!

Ele desligou o celular e deu um comando pros dois entrarem. Não protestei quando me puxaram, quando me levaram da cela e me enfiaram dentro de outra cela. Só voltei a respirar direito quando me colocaram sentado num colchão macio e me fizeram encarar o mesmo cara que tinha me encontrado.

— É o seguinte coroa... — Ele suspirou. — Essa é a tua casa nós próximos dias. Vai ficar aqui até o chefe definir a tua vida.

— Não vou vender nada. — Sussurrei e tentei me levantar, alguém me empurrou e como um belo bosta, cai de vez no colchão. A risada dele foi baixa.

— Tu não vai vender nada, tô ligado nos B.O. Fica de boa aí que tu sobrevive e...

— O que porra tu fez? — Olhei pra porta, um cara entrava. Esse era maior, tinha uma camiseta de marca e um relógio de ouro refletindo a grana que comandava. Encarei o rosto de pura raiva enquanto o outro se virava.

— O que manda, meu parceiro?

— O que porra tu fez!?

— Num fiz nada!

— Como num fez, porra! — A mão, que esbanjava o relógio, foi direto no rosto do cara a minha frente. Ele xingou batendo contra a parede e caiu sentado no chão. Me encolhi quando ele gritou.

— Foi sem querer!

— Já tá peidando seu, bosta! — Outro tapa e o infeliz gritou de dor. — Ele vai pipocar a tua cara, tu vai rolar na praça e tua mamãezinha vai perder o teto! Quero ver aquela vadia que tu come, te dá moral!

— O coroa tá aqui! — Ele apontou pra mim, suas mãos agora tremiam enquanto cuspia sangue. — Salvei ele, tá de boa, respirando! — O maluco que entrou deu dois passos pra frente, ainda bufando de raiva.

— Falei pra ficar calado, falei pra tu ficar mudo!

— Foi sem querer!

— Disse que ia comer a mulher dele!

— Eu num falei porra nenhuma não! Caralho! — Ele xingou. — Foi sem querer!

O cara alto deu um soco no maluco caído a minha frente. Ele bateu com tudo na parede e apagou de vez. Me encolhi mais quando o cara em pé se virou e me encarou. Ele puxou o banco da lateral da cela e se sentou na minha frente.

O Crime Perfeito - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora