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— Ela está o quê? — grita e eu tomo um susto dos infernos. Sem chance de ao menos me recuperar, ela me empurra para as escadas me apressando. — Anda logo, Gustavo, tadinha dela. Vá e não se preocupe porque eu vou ficar lhe fazendo companhia. — fala sem parar.
— Mas... — olho pra trás para falar, porém vejo-a que já está entrando no meu quarto. —Era o que estava indo fazer. — resmungo.
As mulheres são tão confusas. Inconformado, balanço a cabeça e volto a andar em direção ao meu escritório para ligar pro Bala.
Por volta de uns trinta minutos, sua chegada é anunciada.
Desço até o salão onde ele me aguarda. Ao chegar, avisto-o conversando animadamente com Murilo.
— O que é tão divertido, rapazes? — inquiro-os atraindo a atenção deles.
Murilo, que estava de costas, se volta pra mim e o Bala apenas me olha curioso.
— Por que estão me olhando desse jeito? — rosno impaciente.
— Nada demais. Apenas acabei de saber que vai se casar e estava comentando com o seu irmão o quanto vocês têm sorte de poder fazer isso com mais de uma mulher, assim, o sexo não se
torna enjoativo e rotineiro.
— E eu estava dizendo que além das esposas, podemos ter amantes, o que de uma forma ou de outra, nos torna solteiros, mesmo depois de casados. — fala Murilo colocando as mãos no bolso da calça social preta que usava.
— Sei... eu te chamo para avaliar minha futura esposa, que está neste momento desmaiada, e vocês aqui de fofoca e conversa fiada. — Aponto para o Bala e rosno, mas o idiota apenas sorri. Já
o Huff me olha furioso.
— Não acredito! — exclama entre dentes. — O que fez com a garota, Gustavo? — antes que eu possa responder, ele avança sobre mim deixando poucos centímetros entre nossos corpos e rosna diante do meu rosto. — Pensa que eu não sei o que o pai faz contigo? Acha que nunca percebi quando chegava cheio de hematomas? Questiono-me o quanto subestima a minha inteligência, irmão.
Sabe quem é a porra do seu sucessor? Eu! Se por acaso algo te acontecer, eu vou ocupar seu lugar.
Quem diabos imagina que cuida daquele clube maldito? Aquelas putas que o pai coloca como diretoras que só sabem dar para o primeiro que aparece? Elas não têm essacompetência, Gustavo!
Eu sou a porra do seu vice assim como você é o do pai.
Encaro-o sem acreditar no que ouvi.
— Eu só queria te proteger! — berro tão furioso como nunca estive em toda a minha vida, pensando no meu pai.— Ele não tinha esse direito! — digo andando de um lado a outro. — Por que não me contou antes? — paro e pergunto. Nunca desconfiei que Murilo não era tão inocente assim quanto ao que me tornei.
— Por que você não me contou? Só fiquei sabendo o porquê de ser eu o administrador daquele clube porque depois de ontem, fui investigar o que estava acontecendo contigo. E quem
melhor para perguntar do que a pessoa que você passa a maior parte do seu tempo? Sim, meu pai me disse tudo, Mioto , absolutamente tudo.
— Então, se você é meu "vice" por que ele nunca me disse? E desde quando me esconde que você é o administrador do clube? — pergunto tentando raciocinar.
— Eu não sei, caralho. Ele, simplesmente, me designou para tal papel hoje cedo. Já a respeito do clube, faz algum tempo. Ele apenas deixou claro que suas putas estariam supostamente à frente de tudo para me encobrir e que por ser príncipe da Arábia, nunca poderia ser descoberto e, também, que eu admistraria o "negócio".
— Então é por isso que se faz de cliente? Para despistar qualquer suspeita a seu respeito?— pergunto.
— Eu nunca fui um cliente, Gustavo. Eu fingia ser um, quer dizer, isso até ontem quando eu perdi a porra da cabeça e deflorei uma virgem que "comprei" no leilão onde pegou sua noiva. —anuncia passando as mãos por entre os cabelos num gesto nervoso.
— Então sabia que eu estava lá? — digo ignorando o fato dele ter deflorado uma virgem que ele mesmo colocou para ser leiloada e se indignar pelo fato de que a que eu trouxe, está desmaiada.
— Não exatamente. Como eu disse, estava ocupado comendo a morena, mais... — balança a cabeça. — Não sabia, mas sei onde encontraram sua noiva e acho que a pobre garota não merece mais tanto sofrimento.
Olho-o um tanto curioso a respeito da sua declaração. Como assim, onde ela foi encontrada?
— E onde a encontraram? — ponho em palavras meus pensamentos.
— Rumrum! — Bala limpa a garganta nos lembrando da sua presença. — Não acham melhor deixar essa discussão para uma outra hora e me levar até a garota? — ele parece sem graça.
Huff e eu nos encaramos e, como sempre, com um simples olhar, nos comunicamos.
Conversaremos em breve é o que fica subentendido entre nós.
Encaro o Bala e o Murilo vai até a porta do seu escritório.
— Vamos! Ela está no meu quarto. — digo e saio andando na frente, em silêncio, com ele logo atrás de mim, isso tudo que acabo de descobrir explica muita coisa. Ao entrarmos no quarto,
não encontro a Boo e minha noiva continua desmaiada. Caminhamos até ela e o bala lhe avalia descaradamente.
— Essa é sua futura esposa? — pergunta admirando minha mulher. Ele é conhecido por ser um mulherengo sem igual e só pegar as mais belas beldades.
— Sim, por que a pergunta? —questiono ríspido.
— Ela é deslumbrante, mesmo nesse estado. Parabéns. — dìz olhando-a cobiçoso.
— Vamos logo com isso. Não tenho o dia inteiro, Felipe.
Ele pode ser meu amigo, mas, nem por isso, vai desejar o que é meu diante do meu nariz.
Talvez agora eu concorde um pouco com meus conterrâneos sobre não deixar médicos chegarem perto das suas mulheres.
O idiota tem a cara de pau de me sorrir debochado, levantando as mãos em sinal rendição, enquanto diz:
— Nossa...tudo bem, tudo bem não precisa ficar bravo.
— Então tire suas conclusões, mas guarde-as com você. — deixo claro minha posição e ele toma sua postura profissional.
— Claro, Alteza, posso examinar sua noiva?
Ele tem essa mania de me chamar de Alteza quando quer deixar claro que entendeu o recado.
— Contanto que faça isso hoje. — rosno impaciente com todo esse falatório. Minha cabeça está latejando caramba!
Bala coloca sua maleta sobre a cama, retira dali vários aparelhos de medição. Em seguida, ele mede a pressão arterial da moça enquanto ouve o fluxo do sangue no estetoscópio.
— Disse que ela simplesmente desmaiou, correto? — me indaga tirando os aparelhos distraidamente.
— Sim. — respondo.
— Sabe quantas horas sua noiva está em jejum ou sem solver algum líquido? — me questiona novamente.
— Não. — como vou saber se a conheci ontem? Quer dizer isso é forma de falar, porque nem mesmo seu nome eu sei.
— Sim, não. — volta sua cabeça em minha direção e completa: — Está ajudando muito, Alteza. — gargalha, mas logo para quando ouve a voz da Boo. Rapidamente, se volta pra ela que
está parada como uma estátua na porta olhando bobamente para o bala.
— Ah...desculpem fui pegar a água que a Ana Flávia pediu. Não queria interromper a consulta.
Na verdade, achei que iria demorar um pouco até chegarem. — murmura de cabeça baixa e a única coisa que percebo é a de que acabo de descobrir o nome da minha mulher e adorei a maneira como soa... Ana Flávia, nome bem lindo. Não poderia haver um nome mais perfeito para minha boneca.
— Você pode entrar, boo, apesar do seu irmão estar respondendo a minhas perguntas monossilabicamente, já tenho um prognóstico. — esplanada bala.
— Obrigada, Felipe. — responde e então o silêncio reina por alguns instantes.
De onde estou, apenas observo a interação entre os dois e pela primeira vez vejo o que não tinha visto durante todos esses anos. A minha princesa está bobamente apaixonada por esse imbecil.
Sou arrancado dos meus devaneios por bala que pergunta à boo:
— Disse que a moça pediu-lhe água? — ele me fita segurando o riso já sei que lá vem uma de suas palhaçadas.
— Sim, ela disse estar com muita sede. — responde confusa. Então eu entendo, por entre as linhas, que ele está dizendo que a minha noiva estava acordada por todo esse tempo.
Volto minha atenção a ela assim como os dois também o fazem.
— Muito bem, moça bonita, suas pestanas haviam lhe denunciado há tempos, porém, preferi fingir não peceber e ver meu amigo aqui sem respostas para minhas indagações, ao menos uma vez na vida. No entanto, agora a bruna te desmascarou. Pode então me dizer como se sente para que tenha absoluta certeza do meu diagnóstico? — fulmino-o pela brincadeira, mas ele apenas dá de ombros.
Ana abre os olhos lentamente com o lábio inferior entre os dentes. Seu olhar temeroso encontra o meu e nós nos fitamos por um tempo antes dela voltar sua atenção para bala.
— E então? Como se sente? — ele pergunta sorridente.
Ela senta reencostada contra a cabeceira da cama, coloca um travesseiro em meio às pernas e com o olhar voltado a ele, responde timidamente:
— Eu estou bem, só um pouco tonta… E eu me sinto um pouco fraca.
— Quando foi sua última refeição? — questiona bala.
— Ontem à tarde, mas, antes disso, não estava me alimentando bem. — murmura colocando
uma mexa do cabelo castanho atrás da orelha num gesto tímido, porém sensual pra caramba.
— Vou te aplicar um soro e vou te receitar uma baixa quantidade de calorias. Vamos aumentando o valor gradativamente até atingir o valor ideal a qualquer ser humano. — explica a ela e, então, ele se volta pra boo. — boo, poderia pedir para prepararem uma sopa de legumes?
Bruna estava hipnotizada nos seus movimentos, mas logo responde:
— Claro! Já volto. — ela se retira apressadamente. Felipe parece alheio à paixonite boba da minha irmã.
Ele faz o processo de aplicação do soro em silêncio, aliás como todo o quarto. Isso até meu telefone celular dar sinal de vida. Vejo que é meu pai.
— Preciso atender. Já volto. — saio apressado porque se trata do meu pai e para ele me ligar só pode ter merda à vista. Por outro lado, foi bom ele ter ligado, pois precisamos mesmo ter
uma conversa.
Saio do quarto e atendo a ligação no corredor.
— Fala! — vou direto ao ponto entre nós não existe troca de amenidades. Há apenas negócios
— O carregamento de armas chegou antecipadamente e preciso que vá pessoalmente recebê-lo. — diz sem rodeios.
— Estou a caminho. — desligo guardando a conversa para uma outra hora.
Deixo minha futura esposa aos cuidados de boo e bala e vou realizar a tarefa.

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