1. Alice

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POV Ana Carla



O som ensurdecedor dos tiros ecoava ao meu redor enquanto eu corria para me abrigar atrás de um carro estacionado. O cheiro de pólvora invadia o ar, e a adrenalina corria pelas minhas veias. Eu segurava minha arma com firmeza, meu corpo tenso, mas minha mente focada. Era mais uma batida policial, um esconderijo de traficantes que estávamos monitorando há semanas. Eles reagiram, como sempre fazem, mas desta vez as coisas estavam mais intensas. Eram muitos, e o fogo cruzado estava nos mantendo presos.

— Cobertura! — gritei para meus colegas, enquanto me ergui parcialmente, mirando em um dos homens armados que tentava escapar pela lateral do prédio. Apertei o gatilho, acertando o alvo com precisão.

Do outro lado da rua, Lara gritava ordens para a equipe, movendo-se com a mesma agilidade e precisão de sempre. Ela me deu um olhar rápido, confirmando que estávamos bem coordenadas. Esse era nosso trabalho, e éramos boas nele.

Após alguns minutos que pareceram horas, o tiroteio começou a diminuir. Nossos homens avançaram, cercando os traficantes restantes e colocando-os no chão, algemados. Respirei fundo, aliviada, mas o cansaço logo se instalou. Minha mão ainda estava firme na arma, mas a adrenalina já começava a diminuir, deixando para trás um leve tremor.

— Tudo limpo — confirmei pelo rádio. — Suspeitos detidos.

Olhei em volta, observando os policiais levando os traficantes para as viaturas. Mais uma operação bem-sucedida, mas o peso do trabalho, das mortes e dos riscos, nunca deixava de me atingir. Não havia tempo para descansar ou refletir. Sabíamos que o próximo desafio estava sempre à espreita.

Algum tempo depois, já de volta à delegacia, entrei na minha sala. Fechei a porta atrás de mim e me joguei na cadeira, esfregando as têmporas para tentar aliviar a tensão acumulada. A batida tinha sido um sucesso, mas algo parecia errado. Uma sensação ruim que eu não conseguia explicar.

Foi quando Lara entrou na sala sem bater. O rosto dela estava pálido, e seus olhos carregavam uma preocupação que não era comum.

— Ana — ela disse, a voz um pouco vacilante.

Olhei para ela, imediatamente em alerta. Eu a conhecia bem demais para não notar quando algo sério havia acontecido.

— O que foi? — perguntei, endireitando-me na cadeira.

Lara se aproximou, segurando um papel em suas mãos, mas sem conseguir me olhar diretamente nos olhos. Ela respirou fundo, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.

— Eles... encontraram o corpo de Alice.

Meu coração parou. O som das palavras dela ecoou na minha mente, mas por um momento eu não consegui acreditar. Alice? Minha melhor amiga, minha parceira de tantas investigações? A detetive que estava sempre ao meu lado, rindo das coisas mais bobas, mas sendo absolutamente brilhante no que fazia?

— Onde? — consegui perguntar, minha voz saindo mais baixa do que eu gostaria.

Lara fechou os olhos por um segundo, tentando manter a compostura.

— Numa área industrial abandonada, perto do cais. A perícia já está no local... Ana, eu sinto muito.

Levantei-me da cadeira com um movimento brusco, minhas pernas tremendo levemente. Fui até Lara, segurando-a pelos braços, como se precisasse de uma confirmação, algo que me dissesse que aquilo não era real.

— Não, Lara... Não pode ser ela. Alice é forte, ela sabe se cuidar... — minha voz estava à beira de quebrar, mas eu tentava manter o controle, sem sucesso.

ROBERT PATTINSON | A VINGANÇA DE ANAOnde histórias criam vida. Descubra agora