Capítulo 35

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Jin-Ah mal conseguia pensar direito enquanto o carro avançava pelas ruas de Seul. O motorista a levava ao hospital onde seu pai estava internado, e, ao seu lado, seguiam três seguranças. Ela se sentia desconfortável com toda a proteção, mas sabia que era necessária. O caos online havia tomado proporções gigantescas em questão de horas, e ela ainda tentava processar o que estava acontecendo.

Enquanto observava as luzes da cidade passarem pela janela, seu coração se apertava. Pensava em tudo o que tinha mudado em sua vida nos últimos meses. A vida tranquila e reservada que levava agora estava completamente exposta, e a única pessoa com quem ela queria falar no momento estava longe dela, lidando com a própria tempestade. "Hoseok... Será que ele está bem?"

Ela segurou o celular com força, lendo as últimas mensagens que tinha recebido de seus amigos e da família, ainda atordoada com o turbilhão de notificações. O Instagram havia explodido, e cada mensagem ofensiva parecia pesar mais em seus ombros. Mas o pior de tudo era a situação do seu pai. Ele estava internado, e tudo por culpa do que estava acontecendo com ela.

Chegando ao hospital, envolta por seguranças, Jin-Ah entrou e foi conduzida diretamente ao quarto de seu pai. Seu coração batia acelerado, e ela temia o que iria encontrar.

Ao abrir a porta, ela viu seu pai deitado na cama, ainda pálido, mas desperto. O alívio veio como uma onda, e ela correu até ele, abraçando-o.

— Appa, me desculpa... — sussurrou com lágrimas nos olhos.

Ele acariciou o cabelo dela, tentando acalmá-la.

— Está tudo bem, querida. Eu sei que você não queria que isso acontecesse.

— Mas foi minha culpa... — ela começou a soluçar. — Eu nunca quis te envolver nisso. Agora o restaurante está fechado, as pessoas estão protestando na frente...

Seu pai suspirou profundamente, apertando a mão dela.

— Não se preocupe com o restaurante, isso é temporário. O que importa é que você está bem. — Ele pausou, seus olhos encontrando os dela com ternura. — Lembre-se, nós amamos almas, não corpos. Você pode amar quem quiser, e eu sempre vou apoiar você.

As palavras dele caíram como bálsamo em seu coração, acalmando-a um pouco.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Hoseok estava em casa, mas sua mente estava longe. O caos externo estava fora de seu controle, e ele sabia disso. Mas, mesmo assim, o medo o devorava. Não era mais o medo sobre sua carreira, sobre os próximos shows ou sobre o lançamento do novo álbum. Nada disso importava agora.

O verdadeiro medo que o paralisava era o de perder Jin-Ah. Ele nunca havia oficializado o relacionamento, nem dito as palavras exatas, mas sabia. Sabia que a amava.

E se ela decidisse que não valia a pena passar por tudo isso? E se ela resolvesse que o preço de estar ao lado dele era alto demais?

Esses pensamentos começaram a engolir Hoseok de uma forma assustadora. O ar parecia cada vez mais pesado, e ele não conseguia respirar. Sua visão ficou turva, e o suor frio começou a escorrer por sua testa. Suas mãos tremiam, e seu coração batia tão rápido que ele sentia que poderia desmaiar a qualquer momento. A vertigem o dominava, e o chão parecia fugir debaixo de seus pés.

Ele cambaleou até o sofá da sala e se deixou cair ali, tentando controlar a respiração, mas era inútil. A sensação de pânico tomou conta completamente. Ele mal conseguia pensar, mal conseguia respirar. Estava perdendo o controle.

Foi nesse momento que a governanta entrou na casa para começar seu turno. Ao vê-lo ali, pálido e sem fôlego no sofá, ela correu até ele, desesperada.

— Senhor Jung! Senhor Jung, o senhor consegue me ouvir?— Ela sacudiu seu ombro, mas ele mal conseguia responder, e em poucos segundos perdeu totalmente a consciência e desmaiou. Imediatamente, ela pegou o telefone e ligou para a ambulância.

Em questão de minutos, a ambulância chegou, e Hoseok foi levado ao hospital, onde o colocaram no oxigênio assim que chegou.

— Respire devagar, senhor Jung — disse o médico enquanto colocava a máscara de oxigênio sobre seu rosto. — Vai ficar tudo bem, apenas siga minha voz.

Os procedimentos médicos foram rápidos, e logo Hoseok começou a recobrar a consciência e recuperar o controle de sua respiração. O suor em sua testa ainda escorria, mas sua visão começou a clarear, e o pânico se dissipou lentamente.

— Você já sentiu isso antes? — perguntou o médico, verificando seus sinais vitais. — Seu coração está acelerado, mas os exames físicos parecem normais.

— Algumas vezes... — Hoseok disse com a voz fraca. — Mas nunca foi tão grave... a ponto de eu perder a consciência.

O médico olhou para ele com seriedade.

— Pelo que vejo, isso não tem a ver com sua saúde física, senhor Jung. Trata-se de um esgotamento mental. Você está passando por um nível extremo de estresse e ansiedade. O que você experimentou foi uma crise de pânico. Vai precisar de descanso, e sinceramente, recomendaria adiar qualquer plano de trabalho. A turnê, por exemplo, precisa esperar.

— Isso não está sob meu controle dou...—Antes que Hoseok pudesse concluir, o agente entrou no quarto.

— Não está sob seu controle o quê? — perguntou o agente. — Se você está doente, não vai trabalhar agora.

Ele olhou para o médico e acenou.

— Vamos cuidar disso, doutor.

O médico assentiu e saiu do quarto.

— Por que você não me disse que estava assim, Hoseok? — O agente cruzou os braços, encarando-o.

— Eu não achei que era tão sério... — Hoseok murmurou. — E... eu melhorei depois que... depois que conheci Jin-Ah.

O agente percebeu o peso na voz de Hoseok e a profundidade do sentimento que ele tinha por ela. Ele suspirou, entendendo a gravidade da situação.

— Precisamos resolver isso, Hoseok. A melhor coisa seria vocês se assumirem. Jin-Ah não pode continuar trabalhando para você, nem para a empresa. Sabe que isso é inviável. Mas se vocês realmente querem ficar juntos, precisam tornar isso público.

Hoseok congelou. "E se ela não quisesse? Se ela não estivesse pronta para enfrentar tudo isso ao lado dele?"

O medo voltou a tomar conta dele, e ele sentiu o peito apertar de novo. Mas antes que pudesse se entregar ao pânico novamente, uma enfermeira entrou no quarto, percebendo seu estado.

— Senhor Jung, não pense muito em nada que venha causar estresse agora, você pode ter outra crise de ansiedade devido a isso, e já está com uma leve taquicardia. Você precisa descansar. — Ela injetou uma medicação leve para acalmá-lo.

Enquanto Hoseok tentava processar tudo, o agente pegou o telefone e começou a fazer ligações.

— Ele está internado, sim... Ligue para a Jin-Ah e para os meninos. Informem a família dele também.

Em minutos, todos sabiam o que havia acontecido com Hoseok. E agora, tudo parecia estar fora de seu controle.

A Luz na Escuridão (J-HOPE)Onde histórias criam vida. Descubra agora