Eu sempre fui uma pessoa crédula.
Acredito, por exemplo, que beber depois de um dia ruim é a solução de todos os problemas.
Acredito que dias ensolarados são melhores do que os dias nublados e que a chuva é um castigo assustador projetado por Deus...
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- Senhorita, já está na hora de fecharmos. - O homem de nariz pequeno, que tem me atendido durante a noite inteira, me chama. Sua voz é extremamente alta e irritante.
Quem ele pensa que é para falar assim comigo?
Levanto a cabeça para encará-lo, meus movimentos são lentos e meu corpo parece pesado.
- Você é bem grosso, hein? -resmungo.
- Senhorita, eu só disse que precisamos fechar - murmura, estendendo seu braço em minha direção.
- Não precisa me segurar. - Arregalo os olhos, horrorizada. Mas então, cambaleio ao ficar de pé e solto uma gargalhada quando tudo gira.
- Hoje a única coisa que me segura é a bebida! - grito, erguendo meu copo para cima ao falar.
- Ou a polícia, se continuar assim - o homem diz, e rosno.
- Como você é baixo - praguejo, e ele ri da minha cara.
O cara realmente ri.
Esnobe.
- Na verdade, é a senhorita que aparenta ter menos de um e sessenta.
Levo a mão ao peito, verdadeiramente ofendida.
- Tenho um e sessenta e três, está bem? - falo, cheia de orgulho, endireitando minha postura como se quisesse provar um ponto.
- E não tenho culpa se você é um verdadeiro post. - Minha língua enrola na última palavra.
- Post? - Ele arqueia sua sobrancelha.
- Você sabe, aquelas coisas altas que possuem dois olhinhos e iluminam a rua - explico o óbvio.
- Ah, um poste. - Pisca, incrédulo, rindo outra vez.
- Eu deveria ter expulsado você horas atrás, mas você me enganou.
- Enganei? - falo, surpresa, porque não consigo enganar nem mesmo uma criança.
Meus olhos focam nele e mais uma vez a familiaridade me atinge, tem sido assim desde que cheguei.
- Sim, eu normalmente sou bom lendo as pessoas. Mas você chegou como um coelhinho assustado, pedindo uma única dose. E depois se transformou em um urso sedento, roubando as bebidas que nem mesmo lhe pertenciam. - Assobia. - A senhorita foi a última a restar e não sei nem mesmo como ainda está de pé - ele fala, mas suas palavras entram em um ouvido e saem pelo outro, sem que eu as registre.
