𝓒𝓐𝓟𝓲𝓣𝓤𝓛𝓞 Ⅰ

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O primeiro e último dia.

Coralina

Acordo em susto ao ouvir o despertador tocar. Que saco, as aulas voltariam naquele dia, justo em uma sexta feira, e para melhorar, começaria o último ano do ensino médio.
Que maravilha! Só esse ano e esse inferno acaba.
Me levantei para tomar um banho rápido e lavar o cabelo.
05:56 da manhã, e eu aqui, lavando meu cabelo enquanto cantarolava alguma música do Chase Atlantic. Que dia comum.

Quando cheguei na escola, com a parte de cima do uniforme, um all star preto, uma calça cargo verde musgo e o cabelo solto, fui logo ver em qual sala ficaria esse ano. Torcendo para ficar na mesma sala que a minha melhor amiga, Bárbara, mas internamente, também torcia para cair na mesma sala de Mattheus. Eu sei que nós dois não nos damos bem. Mas quem não quer ficar na mesma sala que o garoto mais gato da escola?

– Coralina! Bom dia garota! Tá gata hein~ – Dizia Bárbara tirando sarro da minha cara. Ela sabia muito bem que eu havia pintado o cabelo de azul.

– Bom dia pra você também, girassol. – Disse revirando os olhos de forma brincalhona e abraçando a minha amiga. Mesmo não gostando do jeito que ela era toda sorridente, gostava da forma que ela me animava em uma manhã chuvosa de sexta-feira.

– A gente tá na mesma sala? – Perguntou Bárbara olhando para a lista que eu estava olhando na frente da porta da sala.

– Felizmente sim. E infelizmente estamos na mesma sala de Mattheus.  – Respondi ela com uma cara de bunda. Obviamente fingindo, mas de forma bem convincente. Afinal, não queria que ninguém descobrisse essa minha "paixonite" por ele.

– Que droga, na mesma sala que esse cabaço de novo. Aquele mulherengo... – Respondeu-me com uma cara de bunda segurando o riso. Até por que eu estava rindo das ofensas dirigidas ao garoto que nem ali estava.
Quando entramos para a sala e escolhemos nossos lugares no fundo da sala, um barulho estrondo vindo da porta chamou a atenção de todos que estavam lá. Era Mattheus e Nataniel. Bom, Nataniel até que era um rapaz gentil e legal comigo e com Bárbara, até porque nós três crescemos juntos. "O trio de ouro" era esse o apelido dado à nós três. Mas tudo desandou quando Nath conheceu Mattheus. E isso influenciou muito. Mas tipo, MUITO mesmo o Nati. O garoto que antes era educado e amável e brincalhão , se tornou um garoto briguento, chato e ignorante.
E a partir daí, passou a ser só eu e Bárbara. Ou como prefiro chamar ela, Gaia. Eu apelidei ela assim no nono ano, quando ela levou um chifre do primeiro namorado. Até hoje eu rio muito daquela situação.
E lembro também da bronca enorme que nós duas levamos por termos comido um pote inteiro de sorvete.

Durante o intervalo, eu estava sentada em um canto junto de Gaia enquanto nós duas comíamos frutas.

– Sabe, Cora, esses dias eu tava pensando, como que você cresce tanto! – Dizia ela chacoalhando meus ombros enquanto reclamava por ter um e sessenta e três e parecer uma "nanica" ,em suas próprias palavras, perto de mim.
Minha primeira relação foi começar a rir da situação que nós nos encontrávamos.

– Come fermento diva, vai te ajudar a crescer! – Eu disse entre risos enquanto colocava um kiwi na boca e perceber que havia uma sombra, uma de um e oitenta e sete e outra de um e noventa. Nataniel e Mattheus.

– O que vocês dois querem? – Perguntou Gaia parando de rir. Que bosta. Eles estragaram o clima que estava ali.

– Só viemos aqui para ter certeza que a chocolate branco da Coralina não derretesse. – Respondeu Mattheus em um tom zombeteiro em relação à cor da minha pele.

– Matt.. não é legal brincar assim com a pele del... – Nataniel dizia antes de ser interrompido por uma garota aleatória que estava grudada no braço de Mattheus.

– Cala a boca, Nataniel. Ninguém liga se é chato ou não. – Dizia a loira falsa.

Com raiva me levantei e fiquei frente a frente com a garota. Mas para que isso acontecesse, eu tive de me abaixar. Até por que eram dezessete centímetro de diferença entre um e setenta e um e cinquenta e três.

– Escuta aqui, nanica, vê se cuida com quem vai falar. Ninguém aqui é seu escravo. E parece que nem o seu "namoradinho" – Disse me referindo à Mattheus – Gosta de você. Por que afinal, quem gosta de fedelhas mau criadas?

Eu disse olhando no fundo os olhos azuis de lente da garota. Vendo-a sair correndo com lágrimas nos olhos. Nataniel é Mattheus vendo a cena em frente à eles, decidiram sair e deixar-me e Bárbara em paz. Finalmente, tudo o que nos duas queríamos. Paz.

Quando me sentei novamente, minhas orelhas foram bombardeadas com o riso contagioso e tóxico de Gaia.
Nós duas nos encaramos novamente e voltamos à comer as frutas. Só esperando o final do dia. Até pelo motivo de amanhã ser sábado. Mas o que teria de mais especial além da final das nacionais femininas de boxe que eu estaria competindo?

Só ela morre no finalOnde histórias criam vida. Descubra agora